Workshop sobre fogos de artifício reúne autoridades e especialistas na Uniso
A Universidade de Sorocaba, em parceria com Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Sema), promoveu um workshop com autoridades e especialistas para abordar o uso de fogos de artifício. O encontro foi na Cidade Universitária (Prof. Aldo Vannucchi”, na noite de segunda-feira (29) para discutir riscos e medidas de segurança para o uso artefatos.
O evento começou com a palavra do secretário do Meio Ambiente, Clebson Ribeiro, que falou sobre a importância do evento para a comunidade, uma vez que os fogos de artifícios estão presentes em diversas situações. O ambientalista Gabriel Bittencourt foi o mediador do workshop e passou a palavra para Julieta Bramorski, engenheira ambiental e professora na Unesp Sorocaba, que defendeu e elencou os motivos para que seja paralisada a fabricação dos artefatos, como mortes de peixes, baleias, aves e animais domésticos. “Isso é cultural, ou seja, pode ser um grande obstáculo, mas podemos mudar”, afirma.
Seguindo a programação, o tenente Vinicius dos Reis, que faz parte do Corpo de Bombeiros de Sorocaba, explicou um pouco sobre como funciona a regulamentação para armazenar ou fabricar os explosivos, usando como exemplo a tragédia de Santa Maria, na boate Kiss, em 2013, onde 242 pessoas morreram vítimas de um erro em um show pirotécnico. Segundo ele, para armazenar esses artefatos inflamáveis, o local precisa de acabamento e cuidados específicos para que o risco, que ainda é grande, diminua.
Na sequência, a veterinária Bruna Bons explicou a anatomia dos animais, cuja audição é mais aguçada, ocasionando maior perturbação a partir dos fogos de artifício. “Há um período na vida dos animais que eles se adaptam às coisas, como sons, pessoas e aprendem a socializar, é chamado de ontogenia”, explica. Bruna aconselha que os tutores devem expor seus animais nessa fase a esses sons, mas em menor intensidade, para que se habituem.
A professora da Uniso e veterinária Angélica Gramado citou exemplos de como o uso dos fogos perturba os animais. “Eles se acidentam e se agridem, pois ficam muito assustados”. Angélica mencionou medidas alternativas para solucionar o problema, já existem versões do explosivo que não fazem barulho, evitando os sustos o estresse ou até a morte dos animais.
O evento seguiu com a palavra do secretário da saúde, Francisco Antônio Fernandes, que falou sobre os traumas e consequências dos fogos de artifício mal administrados, principalmente nas festas de final de ano. “Nessa época os acidentes triplicam”, afirma. O secretário citou estatísticas alarmantes sobre os acidentes que acontecem nas indústrias de fogos de artifícios, sendo que 10% deles causam algum tipo de mutilação.
Já a promotora de justiça Vânia Maria Túglio explicou as consequências dos fogos perante a justiça, tanto em danos sociais como ambientais. “Segundo o Art. 32 da Lei 9605/98, caso o animal assustado morra, quem soltou responde judicialmente por maus tratos”, afirma a promotora.
Os presentes tiveram oportunidade de formular perguntas aos palestrantes ao final do evento. Para Vinicius Henrique Fidêncio Martins, 22, estudante do 4º período de Ciências Biológicas, o conjunto de informações e esclarecimentos foi bastante útil. “Perdi aquela visão banal que todo mundo tem sobre fogos de artificio, que são só bonitos. Mas, se você colocar na balança, os pontos negativos superam a beleza que eles têm”, finaliza.
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Texto: Lauren Olivieiro, para Agência JOR/Uniso
Fotos: Lucas Antônio, para Agência JOR/Uniso