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Jornalismo esportivo: informação ou entretenimento?

O jornalismo esportivo passou por algumas mudanças nos últimos anos. O público que estava acostumado a acompanhar reportagens simples e objetivas, com os resultados e o desempenho das equipes esportivas, começou a notar o surgimento de um conteúdo mais dinâmico com características próximas ao entretenimento. Diante deste acontecimento, há controvérsias sobre os dois modos de transmitir a notícia, mas, será que os veículos de comunicação são capazes de equilibrar a informação e o entretenimento fazendo com que caminhem juntos?
Na maioria das vezes, o conteúdo esportivo é veiculado ao final dos telejornais, assim como no impresso, onde o caderno desta editoria se encontra nas últimas páginas. Essa escolha não é feita por acaso, este assunto costuma fechar as edições por ser considerado leve e aprazível. Isso não é diferente com os programas dedicados ao esporte, pois, o público que acompanha, espera que o assunto seja transmitido de uma maneira mais descontraída do que um programa policial, por exemplo.
O entretenimento no jornalismo esportivo ganhou destaque a partir de 2009, no programa Globo Esporte, com o então apresentador Tiago Leifert. Depois, o já existente Jogo Aberto, da Rede Bandeirantes, comandado pela apresentadora Renata Fan, também adotou a informalidade na hora de debater os temas de esporte. Apesar dos dois programas apresentarem características voltadas ao entretenimento, o modo de transmiti-los é diferente. No primeiro, a exibição dos resultados dos jogos é feita com um tom humorístico através da narração do repórter, além disso, o programa também aposta em produzir reportagens sobre temas ligados à vida pessoal dos jogadores e histórias de superação, fugindo um pouco da notícia. Já no segundo, no momento do debate sobre os clubes, os comentaristas esquecem a imparcialidade e expõem suas opiniões, deixando de ser profissional e vestindo a camisa de torcedor. Além disso, essas conversas acontecem ao vivo e, muitas vezes, acabam se transformando em discussões de baixo nível com gritarias e provocações. Uma situação comum neste programa é a realização de um ato fúnebre quando o time de um dos comentaristas ou da própria apresentadora é desclassificado de algum campeonato em questão. Essa “brincadeira” foge do padrão informativo do jornalismo e torna-se apenas entretenimento.
Nós, comunicadores, devemos ser cuidadosos na hora de expor uma ideia e de transmitir uma notícia. Mesmo que o esporte seja um tema para se tratar de modo leve, o propagador da mensagem é o jornalista e é seu papel informar com credibilidade sem que sua opinião interfira na compreensão do público. O Globo Esporte e o Jogo Aberto mudaram os seus formatos pela busca da audiência sem ter o cuidado com o modo de transmitir as informações ao público.
O equilíbrio entre a informação e o entretenimento pode ser encontrado quando o veículo de comunicação cumpre com a obrigação de informar, e, também, ao mesmo tempo, consegue entreter e agradar o público. Por isso, a informação e o entretenimento podem caminhar juntos desde que haja uma dosagem entre eles, pois, é possível informar de maneira descontraída sem perder o lado profissional do jornalista. Os veículos devem pensar nessa ideia e tentar remodelar o formato de seus programas.
Texto: Amanda Vieira da Costa 

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