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Invisibilidade bissexual

O Dia da Visibilidade Bissexual já está batendo na nossa porta, pode vir 23 de setembro e todas as suas discussões mais do que importantes. Para nos prepararmos para esse dia e entendermos o porquê dele ser tão necessário, vamos ver o que eles têm para falar. 
Já perdi a conta de quantas vezes o B do LGBT+ foi esquecido ou até mesmo ignorado. Sabe, galera, esse B não é de biscoito, não. Vamos prestar mais atenção nele e saber qual o real significado. Eu juro que não vai ser tão difícil. Bissexualidade é a atração por mais de um gênero, e não apenas por homens e mulheres cis, como é falado por aí. Nesse guarda-chuva entra tudo o que não é monossexual. 
Na televisão e na mídia em geral, a falta de representatividade até assusta. “É como se a gente não existisse”, comenta o estudante de Engenharia, Mateus B, 17. “É péssimo! Uma das piores coisas que podem acontecer conosco é a falta de representatividade, atinge diretamente todos os bissexuais”. Para Rafael M., 18, e estudante de Matemática Aplicada, a representatividade é zero. 
“Quando minha mãe briga comigo, ela começa a falar que eu sou ‘sapatão’ e me chama de vadia de vez em quando. Ela ainda não entendeu muito bem o que é ser bissexual e tenta me deixar mal por ser quem eu sou”, declara a estudante Ana Carolina O., 18. É muito comum relacionar a promiscuidade com a bissexualidade, as pessoas sempre acham que bissexuais querem sair beijando todo mundo, ficar com várias pessoas ao mesmo tempo, que é coisa de gente “safada”, quando na verdade, uma coisa não tem nada a ver com a outra. Isso vem da falta de conhecimento e também da falta de representatividade.
“É muito comum acharem que vou topar um ménage porque sou bissexual. E a maioria das pessoas se torna agressiva e questiona minha sexualidade quando digo que não quero”, conta a estudante Laís L., 17. Para mulheres, a bissexualidade também chega como fetiche, por gostarem de mais de um gênero, consequentemente querem sexo a três. Em contrapartida, homens não querem namorar mulheres bissexuais com medo de traição. Outro estereótipo fortíssimo sobre a bissexualidade é que essas pessoas, por gostarem de mais de um gênero, têm mais chance de traírem seus parceiros. “Eu nunca trairia alguém, trair não tem nada a ver com quantidade, e sim com vontade. É como se você estivesse em um restaurante com um monte de comida. Se você quiser comer, você come; senão, não”, diz Ana Carolina sobre o assunto. 
Quando o porquê de se assumir bi é tão difícil? Para Mateus B., a orientação é tão “invisibilizada”, que ninguém sabia o que é, e quando sabem, têm aqueles estereótipos ridículos na cabeça. “Temos que ficar explicando toda hora. Não somos respeitados como alguém monossexual. Isso cansa e sabemos que vai acontecer antes mesmo de assumirmos. Acho que é por isso que todos têm esse receio.”

Como surgiu o Dia da Visibilidade Bissexual

O Dia da Visibilidade Bissexual foi criado, em 1999, por três ativistas norte-americanos bissexuais, Wendy Curry, Michael Page e Gigi Raven Wilbur, que não se sentiam, adequadamente representados pelas pautas do movimento LGBTI – lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersexo. Assim, o 23 de setembro tem sido reconhecido mundialmente como uma data para celebrar as identidades bissexuais em toda a sua diversidade e pluralidade, mas também com o objetivo de chamar a atenção para os desafios e obstáculos que ainda se interpõem para a efetividade plena de direitos da população bissexual. No Brasil, segundo o último relatório publicado pela Secretaria de Direitos Humanos sobre Violência Homofóbica, apenas 2,3% dos casos foram registrados como envolvendo vítimas bissexuais (dados de 2013). 
Saiba mais pelo link: https://nacoesunidas.org/nesta-sexta-22-onu-brasil-transmite-ao-vivo-roda-de-conversa-dia-visibilidade-bissexual/
Texto: Valentina Bastos Lao/AgênciaJor
Fotos: Divulgação

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