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O renascimento das redes sociais

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No mundo virtual tudo é possível. Se há 10 anos conhecer 800 pessoas era um marco apenas para os populares da escola, hoje qualquer um pode criar seu perfil em uma rede social e ser seguido por mais de mil pessoas, como no site de microblog Twitter.
Há oito anos, o Orkut invadiu a vida do brasileiro, tomando boa parte de seu dia en-quanto “pesquisava” a vida de ex-namorados, participava de uma infinidade de comunidades sem sentido e comentava a foto de pessoas desconhecidas. Sua ascensão rápida fez com que se tornasse o site mais acessado pelos brasileiros durante anos. Em 2004, foi marcado na rede por campanhas virais de “clique no peixinho” na página de recados, brigas de casais por ciúmes de recados recebidos e comunidades engraçadinhas dos mais diversos gêneros.
Com o passar dos anos, o Orkut sofreu modificações que desmotivaram alguns usuários. As possibilidades de “invadir a privacidade alheia“ foram se reduzindo. Já era possível checar quem invadiu o seu perfil, bloquear página de recados e até mesmo seu álbum. Foi um momento em que muitos simplesmente desistiram da rede social, alegando que “ela perdeu a graça”.
Vale destacar que o grande sucesso do Orkut aconteceu apenas no Brasil. O excesso de postagens em português e as citações às celebridades brasileiras acabavam afastando os estrangeiros do site, que acabaram preferindo redes como o Myspace, e mais tarde, o Facebook.
Criado em 2004 por Mark Zuckerberg, em uma experiência universitária que acabou se tornando um negócio milionário, o Facebook atraiu também os olhares dos brasileiros. Muitos começaram a utilizá-lo logo em sua chegada no Brasil, em 2006. Com uma interface mais abrangente que a do Orkut, e com o foco nas atualizações dos amigos, o Facebook logo se tornou popular em todo o mundo, o que não foi diferente em terras tupiniquins.
Receosos pela perda de usuários, os administradores do Orkut optaram por uma mudança visual na interface do site, além de novos recursos e aplicativos com jogos diversos. A mudança mais atrapalhou do que ajudou: As páginas da rede começaram a ficar lentas para carregar, especialmente pelo fato de que muitos brasileiros não possuíam uma boa conexão com a internet. Os menus ficaram confusos, e cada vez mais as pessoas decidiram ir para o Facebook.
As comunidades foram se esvaziando, e “orkutcídios” (exclusão do próprio perfil no Orkut) aconteciam o tempo todo. O número de usuários do Orkut caiu em mais de 30% entre 2007 e 2008. Enquanto isso, o Facebook foi se “povoando”, em um crescimento absurdo de 976% no mesmo período.
Até mesmo as empresas viraram seus interesses para a nova rede de Zuckerberg, e começaram a surgir os primeiros perfis organizacionais do site. O mesmo foi tentado no Orkut, mas não funcionou muito devido ao grande número de profiles “fakes” (falsos) e spam. As mais diversas propagandas foram lançadas, buscando públicos diferenciados de acordo com seus gostos pessoais publicados em seus perfis.
Os inúmeros aplicativos e comunidades não foram suficientes para assegurar a popularidade do Orkut entre os internautas. No ano de 2011, o Google – proprietário da marca – já anunciou uma nova rede social, totalmente reformulada e nos moldes do Facebook: o Google Plus. Com foco nos “círculos de amizade”, o novo site buscará recuperar o mercado.
O curioso é o comportamento dos internautas através dos anos. Dentre todas as redes sociais, o Facebook e o Twitter são as que mais geraram polêmica até hoje. Enquanto o Orkut era uma rede interna, entre amigos e conhecidos, essas duas redes foram além, e reuniram artistas, políticos, empresas e celebridades em geral. Até mesmo os manifestos populares aumentaram, e flash mobs passaram a acontecer em diversas regiões do país, passeatas e protestos pelas mais diversas causas.
Talvez as redes sociais estejam acompanhando o desenvolvimento do povo enquanto “cidadão social”: mais participação e voz entre os setores. Não se trata mais de um veículo interno, mas da mistura entre os grandes e os pequenos. O Orkut caiu, mas outros grandes vieram para ficar. 

Luiz Fernando Toledo Antunes (AgênciaJor/Uniso)

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