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Mesa-redonda aborda a violência no cotidiano

Os aspectos jurídicos e psicológicos sobre o tema violência foram debatidos em uma mesa redonda, no último dia 28, na Cidade Universitária da Universidade de Sorocaba (Uniso). O evento  contou com a presença da advogada Elaine Glaci Fumagalli Errador Casagrande, professora do curso de direito da Uniso, que atua diretamente com menores infratores e abordou o tema “Aspectos Jurídicos de violências cotidianas”.  Também participou a professora Sylvia Fernandes Labrunetti, psicóloga, coordenadora do curso de Psicologia da Uniso, que discorreu sobre o tema “Desenvolvimento Psicológico e Vilência”. Ambas promoveram, com a participação dos alunos, um diálogo e reflexão sobre convivência social, com foco nas crianças e adolescentes.
Violências cotidianas
Inicialmente, Casagrande apresentou os aspectos jurídicos da questão, salientando que “qualquer conduta humana pode ser tipificada como crime”. “Diante das mudanças da sociedade, e faz necessário adequar as Leis, pois o Código Penal é de 1940”, afirmou. Como exemplo, citou os crimes relacionados à pedofilia pela internet que passaram a ser tipificados a partir de 2009. 
A professora também explanou sobre os limites de cada indivíduo na sociedade, apresentando informações sobre penalidades criminais inerentes a cada ato. “Você tem um limite, assim como seu colega. Cada atitude terá uma consequência no mundo jurídico. O segundo bem maior do ser humano é a liberdade. As crianças e adolescentes mudaram muito, a responsabilidade dos pais vai além do facebook. Amar dá trabalho”, disse.
Ao final de sua fala, propôs como como reflexão duas frases: “Até que ponto não estou respeitando o outro?” e “Até que ponto nós devemos agir?”.
Desenvolvimento Psicológico e Violência
 Coordenadora de Psicologia Sylvia Labrunetti
A coordenadora de Psicologia, professora Sylvia Labrunetti, iniciou a aula abordando as consequências da violência, em que aspectos jurídicos e psicológicos se entrelaçam. Quanto às questões exclusivamente psicológicas, elas podem ser amplas, pois vão desde a psicologia social, violência interna, até a noção de que “a própria educação pode ser violenta”, segundo a professora.
Conforme explicou, o termo agressividade difere da violência quanto ao aspecto psicológico, e pode, como gesto inerente ao ser humano, não ser necessariamente ruim. É o caso de uma competição esportiva. “À medida que o ser humano vai descobrindo a realidade, a educação é um fator de avanço social. Saber trabalhar a palavra ‘não’ faz parte da vida em sociedade”.   
Em conjunto com a família, a escola é um fator importante para se trabalhar o narcisismo. Com vinte anos de experiência em sala de aula, a professora afirma: “A escola estabelece limites, demonstrado a realidade que, às vezes, a própria casa não apresenta ao adolescente. Existem mais de 80 idiomas no mundo, só o ser humano é capaz de se comunicar pela fala, a fim de solucionar conflitos. A internet está decodificando os símbolos, deixando-os simples. Isso é ótimo, isso é novo. Muita coisa boa está surgindo. A sociedade não está pior, está diferente. Em 1940, época da edição do Código Penal brasileiro, as pessoas tinham uma autoestima baixa, hoje, todos desejam ser ‘reis absolutistas’, porém devemos entender como a democracia funciona. Devemos deixar de ser a geração delivery e de esperar do outro”, comentou,  referindo-se a Donald Woods Winnicott, pediatra e psicanalista inglês. “Ser democrático é amadurecer psicologicamente”, complementou.
 Debate sobre a violência
A professora Sylvia, em sua explanação final, fez referência às mídias sociais “Elas refletem, de certa forma, o que a sociedade está vivendo. É necessário ter bom senso nas postagens, assim como na sociedade. É interessante e triste, ao mesmo tempo, a questão da vaidade, do narcisismo. A reflexão é no sentido de ter bom senso, diálogo, aprender a ouvir o outro, isso tem muita importância”
Ao fim do encontro, a advogada Elaine Casagrande disse que os pais devem impor limites aos filhos e se envolver em sua formação, para que essas crianças, não se tornem perdidas. As primeiras referências são os pais. O imediatismo da punição é um erro. As penas não são pequenas. Às vezes os benefícios do processo penal é que são ruins. Necessitamos fomentar as políticas públicas. A educação é a base fundamental”. 
Com a participação dos alunos, a mesa-redonda foi sucedida por um debate,  com perguntas e respostas.
Texto e Fotos: Fernando Ramirez/ AgênciaJor

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