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Estudante da Uniso está entre vencedores do prêmio Jovem Jornalista

Anúncio foi feito por vídeo-chamada durante avaliação dos trabalhos

A estudante do sexto período do curso de Jornalismo da Universidade de Sorocaba (Uniso), Carol Fernandes, está entre os vencedores da 12ª edição do Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Neste ano, o tema foi “Jornalismo em tempos de pandemia”. O anúncio foi revelado na terça-feira, 15 de dezembro, durante avaliação dos trabalhos.

Intitulado “O vínculo entre nós”, o projeto multimídia vencedor foi produzido pela equipe “Fora do Eixo” composta por 19 jovens, incluindo Carol, de diversas regiões do Brasil, e mentoria da jornalista Juliana Kunc Dantas. Em decisão inédita, todos os outros grupos participantes foram declarados vencedores.

As várias formas do luto

“Não existe, no mundo inteiro, um luto igual ao outro. Ainda que o ente querido que partiu seja o mesmo, o luto de cada um, no entorno, vai ser particular. É que o luto mora no vínculo da relação, na quebra dessa relação e no desafio que quem ficou enfrenta para descobrir como é o mundo sem aquela pessoa […] O luto é um processo humano e saudável e não é linear. Não há superação, há reacomodação da dor, do jeito que cada um der conta. O luto é uma espécie de impressão digital: único, inédito, pessoal e intransferível”.

Com essa mensagem, a jornalista Juliana Kunc Dantas faz a abertura do podcast “Vínculo”, parte do projeto multimídia “O vínculo entre nós”, que traz reportagens em texto, conteúdo em áudio, vídeo e foto sobre histórias de amor e perdas no ano da pandemia do coronavírus. O podcast tem seis episódios com histórias de pessoas que perderam entes queridos e se divide em relatos sobre a pessoa antes de contrair a Covid-19, durante e o pós-falecimento, finalizando com uma conversa sobre os bastidores da produção.

Carol Fernandes participou do primeiro episódio do podcast, onde conversou com Tapi Yawalapiti, filho do cacique do grupo indígena dos Yawalapitis, da região brasileira do Alto Xingu no estado do Mato Grosso, Aritana Yawalapiti, morto em 5 de agosto de 2020, em decorrência da Covid-19. De acordo com a estudante, a ideia de falar sobre o assunto foi decidida em comum acordo entre os participantes do grupo, por uma questão de identificação. “Todos nós estamos passando por um processo de luto, de alguma forma. Muitas pessoas perderam relacionamentos, então o luto não é só a morte de uma pessoa querida, o luto também é a perda de um emprego, de um relacionamento, do contato com as pessoas, então acho que é um sentimento comum”.

Já a escolha de abordar o luto indígena coincidiu com uma pauta que estava em produção na faculdade, mas que teve mudança de rumo. “Eu estava tendo aula de revista. Naquela saga de encontrar uma indígena que pudesse falar sobre ecofeminismo, descobri a Watatakalu Yawalapiti, prima do Tapi, o indígena que eu entrevistei”. Pesquisando sobre o assunto, Carol encontrou uma entrevista da Watatakalu sobre a perda do tio dela. “Eu vi aquilo, associei ao que eu estava querendo produzir no projeto, e aí ela me passou o contato do primo dela. Escolhi ele justamente porque a gente não tinha outra fonte indígena no trabalho, primeiramente, e segundo, porque o pai dele, o Aritana, foi um dos maiores indígenas do Brasil”.

Experiências

Participando pela primeira vez de uma premiação, Carol teve a oportunidade de vivenciar um pouco mais a função de repórter e locutora. Além disso, participar do concurso de forma virtual, possibilitou conhecer pessoas do Brasil inteiro e de mudar a percepção sobre o formato de podcast. “Foi muito importante, para a minha formação, participar do prêmio e sem contar que eu conheci pessoas do Brasil inteiro e essa diversidade foi muito legal. Além de toda essa aprendizagem, a coisa que eu mais tiro dessa experiência é que isso me fez descobrir uma paixão ainda maior por podcast”.

Agora, com a experiência, Carol pretende dar seguimento à temática do luto no trabalho de conclusão de curso, que será produzido em 2021. “O meu projeto de monografia que vai ser concretizado agora é sobre o memorial ‘inumeráveis’. É um estudo sobre os obituários desse projeto que surgiu para dar uma chance das famílias e amigos falarem sobre as vítimas de coronavirus. É um projeto fantástico que, inclusive, inspirou ‘o vínculo entre nós’, de certa forma, porque os dois têm essa sensibilidade de falar sobre perdas, sobre essas pessoas, mas de um ângulo diferente”.

Texto – Alexandre Meiken (Agência FOCS/ Jornalismo Uniso)

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