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Coluna Focando em…

Na estreia da nossa coluna Focando em… vamos falar sobre Reconhecimento negro e saúde mental

A última semana do mês de setembro marca uma série de datas importantes para o movimento negro de Sorocaba/SP, entre elas destaca-se o dia 28 em que é lembrado o aniversário de falecimento do médium negro João de Camargo Barros e a fundação do clube afro 28 de setembro. Aproveitando as comemorações, o MNU (Movimento Negro Unificado), em parceria com o IGESC (Instituto de Gestão Social e Cidadania), realizou uma noite de homenagens a figuras negras da cidade, reconhecendo a importância das ações afirmativas realizadas por lideranças políticas, comunitárias, religiosas, culturais e educacionais. 

Durante o evento, duas falas me impactaram muito. Uma delas foi a de Vanda Lopes de Oliveira Pereira, uma senhora negra, de olhar maternal, voz dócil e que atua na área da enfermagem desde 1967. “Eu nunca imaginei ganhar um prêmio de reconhecimento pelo meu trabalho”. A frase dela pode ser entendida como uma modéstia, mas sabemos o que ela continha: a desvalorização dos profissionais de saúde e principalmente aqueles que são negros ou negras. Mesmo após tantas campanhas realizadas como forma de enaltecer essa classe de trabalhadores, durante os anos da pandemia de Covid-19, quando, inclusive, a primeira pessoa a receber a vacina foi a enfermeira negra Mônica Calazans, o que resta são dúvidas, pois havia um marketing eleitoral efervescendo na época devido à polarização política – em 2024 a desvalorização e a baixa autoestima de profissionais da saúde ainda são recorrentes.

A outra fala que me tocou foi a de Ruca Maria, uma mulher preta e trans, que é pesquisadora em saúde mental da população negra. De acordo com Ruca, a falta de atenção para a saúde mental negra é um dos instrumentos usados pelo racismo estrutural, no projeto de desumanização dessa população. Segundo o Unicef (Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância) com base em dados do Ministério da Saúde, o “índice de suicídio entre adolescentes e jovens negros no Brasil é 45% maior do que entre brancos, índice composto majoritariamente por indivíduos do sexo masculino com idade entre 10 e 29 anos”. 

Deixo algumas perguntas para você que está lendo agora: quantos profissionais de saúde negros ou negras você conhece? Quando você encontra um, você tenta fortalecer seus irmãos de pele preta, seja com um bom dia ou alguma frase de apoio? Como você dissemina a importância da saúde mental entre seus pares pretos e pretas?

Quer saber um pouco mais? Confira a reportagem sobre a homenagem às Lideranças do Movimento Negro em Sorocaba.

E aí, ficou um pouco mais enegrecido?

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