Páscoa salgada: preço dos ovos de chocolate superam os da carne
O preço médio do quilo dos chocolates é 502,82% maior que o do quilo da carne de primeira (R$ 45,56/kg).
Por Fernanda Helena de Campos (Agência Focas – Jornalismo Uniso)
O laboratório Ciências Sociais Aplicadas (CSA) da Uniso divulgou, em 25 de março, um levantamento estatístico dos preços dos ovos de Páscoa. O projeto tem como intenção não apenas mostrar as diferenças de preços entre as marcas, mas também fazer um comparativo com o ano de 2024.
Foram analisados os valores de 14 variedades de ovos de Páscoa das marcas Nestlé, Garoto, Lacta, Arcor, Ferrero Rocher e Kinder Ovo, em seis supermercados.
Os ovos que apresentaram o maior valor por quilo foram, em ordem, Kinder Ovo 150g (R$ 622,60/kg), Ferrero Rocher 225g (R$ 468,22/kg) e Arcor Tortuguita 120g (R$ 346,42/kg). Para se ter noção do aumento, o Kinder Ovo — que teve o maior valor — possuía preço médio por quilo de R$514,62 em 2024, uma variação de 20,98% em 2025.
Os ovos que apresentaram os menores valores por quilo foram, em ordem, Lacta Favoritos 540g (R$ 180,54/kg), Lacta Oreo 239g (R$ 193,31/kg) e Lacta Ouro Branco 359 g (R$ 194,12/kg).
Para se ter uma noção de distinção entre as marcas com os maiores e menores preços, foi feito um comparativo: a diferença chegou a 244,85%, o que representa R$442,06. Essa variação ocorreu entre o Kinder Ovo de 150g, com preço de R$622,60 por quilo, e o Lacta Favoritos de 540g, com preço de R$180,54 por quilo.
Por que os preços aumentam?

Segundo o estudo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (ABECS), a maioria dos consumidores (51%) pretende usar cartão de crédito ou débito para comprar os produtos da Páscoa neste ano. Entre essas duas modalidades, o débito é o preferido, com 29%, contra 22% do cartão de crédito.
Os preços dos ovos sofreram um aumento médio de 20,57% no preço por quilo, de 2024 para 2025. Em questão de valor seria: R$227,80 (em 2024) para R$274,66 (em 2025). Apesar disso, ainda os consumidores devem ir às compras, segundo o estudo da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), junto com o Instituto Datafolha, a Páscoa deste ano deve gerar uma receita de R$ 4,2 bilhões. Comparado ao ano anterior, significa 26,8% de alta.
Para entender melhor o motivo do aumento nos preços dos produtos de chocolate, a doutora em Tecnologia de Alimentos e engenheira de alimentos Elaine Berges da Silva, 54 anos, explica que a produção dos chocolates de Páscoa começa cerca de seis meses antes da data comemorativa, ou seja, por volta de setembro ou outubro do ano anterior. Naquele período, o preço da tonelada do cacau estava em torno de 3 mil dólares. Atualmente, esse valor já chega a aproximadamente 10 mil dólares pelos mesmos 10 mil quilos.
“Com as mudanças climáticas que temos observado, houve uma queda significativa na produção de cacau. Primeiro, tivemos um período de chuvas excessivas; depois, um período de seca. Essa instabilidade afetou a produtividade do fruto. Ao mesmo tempo, houve um aumento na demanda por cacau e por chocolate. Ou seja, a produção caiu enquanto o consumo aumentou e, segundo a lei da oferta e da procura, isso resultou em um aumento expressivo no preço do cacau a nível mundial.”
A Dra. Elaine explica como as indústrias tentam “driblar” o preço do cacau, investindo em outros produtos na composição dos chocolates. “Uma prática comum é substituir a manteiga de cacau por gorduras análogas, geralmente hidrogenadas e de origem vegetal. Essa substituição, porém, compromete a qualidade do chocolate.” Ela afirma que, para compensar essas substituições, muitas indústrias aumentam a quantidade de açúcar nos produtos. Como resultado, os chocolates ficam mais doces, enquanto a proporção de cacau — seja licor ou manteiga — é reduzida, comprometendo a qualidade do produto.



