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Farmácia comunitária Vital Brazil completa 58 anos

A farmácia distribui diversos medicamentos de forma gratuita para população de Sorocaba e região

Por Rafael Filho (Agência Focas – Jornalismo Uniso)

Foto: Rafael Filho

A Farmácia Comunitária Vital Brazil, mantida por meio de uma parceria entre a Universidade de Sorocaba (Uniso), a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e o Centro Acadêmico Vital Brazil (CAVB), fornece gratuitamente medicamentos e serviços farmacêuticos à comunidade de Sorocaba e região.

Com o objetivo de ampliar a relação entre o ensino e a comunidade, a Vital Brazil foi fundada em 15 de maio de 1967 por um grupo de estudantes de medicina da PUC-SP, campus de Sorocaba. Em outubro de 2002, ela se tornou farmácia-escola, a partir de uma iniciativa do CAVB e atualmente atende pessoas de toda a região.

Os medicamentos fornecidos são entregues somente com a apresentação de documento de identidade do paciente e receita médica, mesmo aqueles que não possuem essa obrigatoriedade. Para os atendimentos são distribuídas senhas conforme a ordem de chegada. Qualquer informação é fornecida somente de maneira presencial e não existe reserva de medicamentos.

Reconhecida pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo, a Vital Brazil distribui aproximadamente 20 senhas por dia, somando, em média, 1500 atendimentos por mês. Os mais de 3000 mil pacientes cadastrados são em sua maioria da faixa etária de 35 a 80 anos. Uma pesquisa realizada em 2024, com os pacientes que utilizaram os serviços da farmácia, apontou que 82% deles classificaram o atendimento como excelente.

A rotina da farmácia

A farmacêutica e professora da Uniso, Fâni Ribeiro, é a atual coordenadora da Farmácia Vital Brazil. | Foto: Rafael Filho

Coordenada atualmente pela farmacêutica e professora da Uniso Fâni Ribeiro Silva, a farmácia recebe alunos da PUC que estejam cursando do 1º ao 3 º ano de medicina, para o desenvolvimento de estágio voluntário e da Uniso em projetos de extensão universitária e estágios obrigatórios.

Fâni comenta que a farmácia “é pequena em espaço [físico], mas gigante no trabalho que faz”. A professora afirma que os trabalhos realizados pela farmácia necessitam de divulgação por parte dos meios de comunicação, para que as pessoas doem, mas também busquem medicamentos. “Já atendi até colegas de outras farmácias comunitárias que estavam procurando determinado medicamento. Tenho muitas vezes medicamentos de alto custo e o paciente que precisa não sabe.”

A professora destaca que o tipo de atendimento diferenciado, praticado na Vital Brazil, é um fator muito importante para a formação dos estudantes e para o bem-estar dos pacientes. “Apesar de seguirmos os mesmos moldes das drogarias, temos o diferencial da triagem e atendimento orientativos. Conversamos com o paciente, analisamos todas as receitas e damos todas as informações sobre o tratamento.”

Professora Fâni Ribeiro: “A farmácia é pequena em espaço, mas gigante no trabalho que faz”. | Foto: Rafael Filho

Fâni explica, e pede a compreensão dos pacientes, que a quantidade de senhas que são distribuídas diariamente é controlada e os horários variam dependendo do semestre, pois diferente de uma drogaria convencional, a Vital Brazil não possui a mesma quantidade de “braços”. “São vários processos de triagem. Aqui não é como nas grades drogarias, são processos que geram trabalho e demandam tempo. Os cuidados são grandes para garantir que o que está sendo entregue é seguro.”

“Às vezes as pessoas julgam por não aceitarmos alguns tipos de medicamentos”, confessa Fâni. A farmacêutica conta que para a segurança dos pacientes que receberão os medicamentos doados, nem todos podem ser aceitos pela farmácia. Ela orienta por exemplo, para que a população evite cortar cartelas de remédios pois eles possuem dados vitais para a triagem que é feita antes do recebimento da doação. “Recebemos cartelas soltas, fora da caixinha, mas desde que contenham as informações de lote, validade, nome e concentração (miligrama do princípio ativo)”, explica.

Conforme explica a professora, a farmácia recebe doações de diversos tipos de medicamentos, exceto aqueles que dependem de refrigeração pois demandam ainda mais cuidados. Pomadas e líquidos são aceitos somente com o lacre do fabricante.

Os medicamentos entregues pela farmácia passam por rigorosos processos de triagem e revisão de diversas pessoas garantindo a segurança dos pacientes. | Foto: Rafael Filho

Fâni reforça a segurança dos medicamentos entregues pela farmácia, detalhando que na hora da doação a pessoa doadora preenche e assina um documento com informações que possibilitam a criação de um lastro para aquele medicamento. Ela pede também um pouco mais de consciência das pessoas na hora da doação, “muita gente deixa para doar quando já está muito perto do vencimento.”

Reforçando a necessidade da preocupação com a qualidade do que se é doado, a professora usa as campanhas do agasalho e do brinquedo como exemplo: “quando você vai doar, você tem que verificar se o agasalho ou o brinquedo estão em condições de serem utilizados pelo próximo. No caso dos medicamentos, é a mesma coisa”. Outra orientação da professora é para que as pessoas doem medicamentos de preferência com no máximo 30 dias para o vencimento.

Para poder atender o máximo de pacientes, Fâni realiza diversas “manobras” logísticas entre os medicamentos. Aqueles que já se encontram nas prateleiras e próximos do vencimento são sinalizados com etiquetas coloridas e as respectivas datas de retirada para descarte. “Se o medicamento que chega para doação está próximo do vencimento, mas ele é muito procurado e vemos que ele possui uma rotatividade alta, recebemos mesmo assim e entregamos para o paciente a quantidade exata que será usada e somente se o fim do tratamento estiver dentro daquele prazo”, detalha.

Professora Fâni Ribeiro: “É preciso conscientização, pensar no próximo. Muitas pessoas às vezes só doam quando vão limpar os armários, aí chegam para nós medicamentos perto do vencimento”. | Foto: Rafael Filho

Outra manobra feita pela farmacêutica é em relação aos medicamentos de alto custo que são os mais procurados pela população. “Se eu tenho, por exemplo, medicação para 30 dias de um medicamento que está em falta, dependendo do caso, existe a necessidade do fracionamento. Ao invés de eu fornecer 30 comprimidos para uma pessoa, forneço 15. Desta forma consigo atender dois pacientes ao invés de um. Eles ganham um tempo para procurarem em outras farmácias ou aguardarem a chegada no mercado.”

No caso dos antibióticos, por exemplo, Fâni explica que as entregas não são fracionadas, para evitar que o paciente tenha que vir buscar a quantidade complementar — o que muitas vezes não ocorre, pois, o paciente acredita que já está “curado” e não precisa tomar mais a medicação — evitando assim, uma possível descontinuidade do tratamento.

A importância da educação em saúde

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), quase 80% dos casos de intoxicação, registrados em 2021, com produtos fiscalizados pela agência estavam relacionados a medicamentos. Apesar da redução no número anual de notificações (por milhão de habitantes) de reações adversas à medicamentos — de 317 em 2021, para 268 em 2024 — conforme destaca o relatório de monitoramento da Anvisa, o volume de casos de automedicação ainda é elevado, gerando preocupação entres os profissionais da saúde e demonstrando que ainda existe a necessidade de campanhas de conscientização e educação.

Professora Fâni Ribeiro: “A falta de informação é triste. Atendo muitos idosos que vem com várias receitas vencidas, está aí a importância da educação em saúde. Mesmo que não tenha a medicação naquele dia, eles recebem informação. Medicamentos vencidos, por exemplo, podem ser descartados em drogarias. Muitas pessoas não sabem disso”. | Foto: Rafael Filho

Por isso, durante a meia hora em que os pacientes — em sua maioria idosos — que pegaram a senha e estão aguardando a abertura da farmácia, são realizadas rodas de conversas, chamadas de “Café com Informação”. A atividade faz parte do treinamento dos alunos de farmácia e de medicina que conduzem os bate-papos. Com um cafezinho e bolachas servidos pela farmácia, os participantes dessas rodas de conversa ficam sabendo mais sobre maneiras adequadas de armazenar medicamentos, formas corretas de ingestão e descarte, além de receberem dicas sobre doenças como hipertensão, diabetes e sobre o combate à dengue. “Chamamos isso também de acompanhamento farmacoterapêutico”, complementa Fâni. Além dessa ação, a farmácia possui uma biblioteca rotativa que disponibiliza livros gratuitamente para os pacientes.

Farmácia-escola Vital Brasil possui o Selo Social desde 2022

Em fevereiro de 2025, a Farmácia Vital Brazil recebeu pelo terceiro ano consecutivo, a certificação do Selo Social. O programa é realizado pelo Instituto Selo Social e articulado pela parceria entre Prefeitura de Sorocaba e SEBRAE. As ações da Vital Brazil beneficiaram 2 mil pessoas de diferentes idades e as entidades: Projeto Isac; Lar Casa Bela; Instituto Cássio Xavier de Azevedo Filho; Instituto Casa Cattani; Instituto Paz e Amor; Hospital Francisco Arantes do Nascimento; Casa Nova Vida; Associação Cristã de Assistência Social (Acridas).

As atividades realizadas pelas iniciativas beneficiaram principalmente o público que integra grupos considerados socialmente vulneráveis como LGBTQIAP+; pessoas negras, indígenas e em situação de rua; pescadores ribeirinhos; PCD; quilombolas; refugiados e outros. As ações atendem os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o intuito de diminuir as desigualdades sociais e proteger o meio ambiente.

Professora Fâni Ribeiro (ao centro) ao lado do Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Inovação Prof. José Martins, representaram a Uniso no evento. | Foto: Rose Campos (Assecom/PMS)

As iniciativas premiadas foram as próprias atividades diárias da Vital Brazil, enquanto “Farmácia Comunitária, Educativa e Solidária”, e a campanha “Medicamentos e Meio Ambiente: População consciente, Comunidades Sustentáveis” em parceria com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMA). Os ODS atingidos pelas atividades diárias da farmácia foram: Consumo e produção responsável, Saúde e bem-estar, Parcerias e meios de implantação e Paz justiça e instituições eficazes.

Na parceria, a farmacêutica responsável, Fâni Ribeiro Silva, alunos de Farmácia da Uniso e integrantes da SEMA visitaram escolas de ensino fundamental II e médio e empresas, fazendo uma campanha sobre saúde e meio ambiente. “Além de diversas informações importantes sobre o uso de medicamentos e cuidados com a saúde, falamos sobre o descarte correto de medicamentos em desuso, o que afeta diretamente nossas águas”, explica Fâni.

Professora Fâni Ribeiro: “Em relação aos horários de funcionamento, sempre oriento as pessoas a olharem nossa página no Instagram, pois eles podem mudar a cada semestre, conforme as turmas de estagiários que me auxiliam nos processos”. | Foto: Rafael Filho

Serviço

Atendimento

Rua Doutor Seme Stefano, nº 13 – Jardim Vergueiro

Prédio anexo ao campus Sorocaba da PUC-SP.

Horário

Segunda-feira a quarta-feira, das 13h30 às 16h (até 30 de junho de 2025. Após essa data, um novo horário será divulgado).

Senha e retirada de medicamento

Senha retirada na portaria: 30 min. antes do início do atendimento.

A receita original e documento de identidade do paciente devem ser apresentados.

Informações Gerais

E-mail fani.silva@uniso.br

Instagram: www.instagram.com/fcvbsorocaba

*A Farmácia Comunitária não fornece informações sobre estoque de medicamentos por telefone ou e-mail ou rede social.

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