Estudantes de Jogos Digitais da UNISO desenvolvem game em realidade aumentada sobre a dengue
Por Clara Abrami, Camilly Victoria e Maria Eduarda Forti.(Agencia Focas – Jornalismo Uniso)
Em meio ao aumento expressivo de casos de dengue em Sorocaba, que ultrapassa a marca de 8 mil registros e mais de 10 mortes em 2025, dois alunos do último semestre do curso de Jogos Digitais da Universidade de Sorocaba (UNISO) decidiram usar a tecnologia para transformar a educação e a saúde pública. Luiz Felipe Melo e Luan Alves estão desenvolvendo um jogo em realidade aumentada (AR) que visa conscientizar os alunos de uma escola pública da cidade sobre a prevenção à doença e o combate à proliferação do mosquito.
A ideia do jogo surgiu a partir de uma pesquisa realizada na Escola Municipal Maria de Lourdes, em Sorocaba, por meio da qual os desenvolvedores enviaram diversas perguntas sobre a infraestrutura da instituição e o comportamento dos alunos. A escolha do tema se deu ao perceberem que o ensino tradicional sobre a dengue não despertava o interesse dos estudantes.
A proposta do jogo é que as crianças assumam o papel de agentes de uma organização secreta encarregada de combater o vilão Dengus – uma representação do mosquito Aedes aegypti. Por meio da realidade aumentada, elas simulam ações de combate à proliferação do mosquito, como a remoção de água parada de garrafas e pneus.
Segundo os criadores, o diferencial do projeto está justamente na tecnologia utilizada. “A realidade aumentada permite que o jogo se misture com o ambiente real e isso chama a atenção dos alunos e torna a aprendizagem mais interativa e divertida”, explica Luan Alves., aluno do curso de Jogos Digitais da Uniso e um dos desenvolvedores do game.
Como todo projeto inovador, os estudantes da Uniso também enfrentaram desafios técnicos, especialmente em relação à otimização do jogo. “A realidade aumentada exige bastante do celular, então testamos bastante para garantir que funcione bem na maioria dos aparelhos usados nas escolas”, destaca Luan.
Com entrega prevista para o evento do Projeto Integrador, no dia 7 de junho, a expectativa é que o jogo esteja finalizado e pronto para ser aplicado diretamente com os estudantes, que também receberão uma insígnia física de MDF, produzida pelos próprios alunos, com a logo do jogo.
A coordenadora do curso de Jogos Digitais, professora Thifany Postali, destaca a relevância da iniciativa, afirmando que os jogos têm ganhado espaço como ferramentas educativas por estimularem o aprendizado de forma interativa e contribuírem para a memorização e reflexão. Ela também ressalta a urgência do tema escolhido: “A dengue é uma questão urgente, mas muitas pessoas ainda não sabem como preveni-la. Um jogo que ensina ações como eliminar água parada, limpar quintais ou aplicar repelente pode ter um impacto direto nas atitudes da população.”
Desde a primeira versão, os estudantes avançaram significativamente no desenvolvimento do jogo. Destacam-se o design da personagem principal, a agente Júlia, a criação de um mascote para o vilão Dengus, a elaboração de uma logo com as iniciais do jogo – ACD (Agente Contra a Dengue) – e os ajustes nos modelos 3D, feitos para tornar a experiência mais leve e funcional.


O cenário da dengue em Sorocaba é preocupante: o sorotipo 3, que é responsável por variações mais graves da doença, é o predominante na cidade. Em resposta, a Prefeitura, por meio da Secretaria de Saúde, intensificou as ações de combate, como visitas domiciliares, remoção de criadouros, campanhas educativas e a retomada da vacinação com a Qdenga, enquanto a força-tarefa se concentra nos bairros com maior incidência, realizando bloqueios e nebulizações nos casos confirmados.
Para Luiz e Luan, a experiência vai além da entrega acadêmica. “Aprendemos muito sobre como criar um jogo que realmente ensina, que se conecta com a realidade das crianças e que pode, de verdade, causar um impacto positivo”, compartilham.
A meta dos estudantes é clara: transformar a luta contra a dengue em algo divertido, educativo e inesquecível.