Por: Marcia de Souza, Andreia Aparecida Lima Macarroni, Bianca Bertoncello, Maria Eduarda do Nascimento Ferreira (sob supervisão do professor Rafael Eras Garcia e da terapeuta ocupacional Elisangela Freitas Zamgirolami)

A Terapia Ocupacional é uma profissão da área da saúde que atua na promoção da autonomia, funcionalidade e qualidade de vida de indivíduos em diferentes contextos de vida. Fundamentada em conhecimentos das ciências biológicas, humanas e sociais, o terapeuta ocupacional busca prevenir, recuperar e promover a participação ativa das pessoas em suas ocupações — atividades do cotidiano consideradas significativas, como o autocuidado, o trabalho, o lazer e a vida social. No campo da reabilitação física, a Terapia Ocupacional tem um papel essencial na reintegração funcional de indivíduos que sofreram agravos à saúde, como lesões neurológicas, musculoesqueléticas ou traumas. A partir de avaliações criteriosas e intervenções personalizadas, o terapeuta ocupacional identifica barreiras e potencialidades, elaborando estratégias e recursos terapêuticos que favorecem a independência, o desempenho ocupacional e a adaptação do ambiente às necessidades específicas de cada pessoa.

Inaugurado em 31 de março de 2018, o Centro de Reabilitação Lucy Montoro em Sorocaba é uma referência em assistência à saúde, oferecendo uma ampla gama de serviços especializados, incluindo a atuação da Terapia Ocupacional. Ao longo de sete anos, a unidade tem sido um farol de esperança para milhares de pacientes, proporcionando atendimento humanizado e centrado nas necessidades individuais de cada um.

Em 2004, foram registrados um total de 45.526 atendimentos, dos quais 9.053 foram realizados pela terapia ocupacional. A equipe de terapeutas ocupacionais, integrada a um time multiprofissional de saúde, desempenha um papel fundamental nesse processo. Para garantir uma abordagem ampla e adequada às diferentes demandas, a equipe conta com quatro terapeutas especializados no atendimento ao público adulto e dois profissionais voltados ao atendimento infantil. Essa composição assegura uma assistência especializada e abrangente a diversas faixas etárias.

A equipe multiprofissional do programa de reabilitação da unidade de Sorocaba é composta por médicos fisiatras e urologistas, enfermeiros, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, educadores físicos, assistentes sociais, nutricionistas e profissionais de tecnologia assistiva. Essa estrutura robusta permite uma assistência integral a pacientes com diferentes perfis, como vítimas de acidentes, portadores de doenças neurológicas, ortopédicas, respiratórias ou condições crônicas que impactam diretamente suas atividades cotidianas.

A Terapia Ocupacional é essencial nesse contexto, ao auxiliar os pacientes na reconquista da autonomia e na retomada de suas rotinas com mais independência e bem-estar. O programa de reabilitação do Lucy Montoro é dividido em dois níveis:

• Nível 1: voltado para doenças osteomioarticulares e lesões do sistema nervoso periférico.
• Nível 2: destinado a condições mais complexas, como lesões encefálicas adquiridas, lesões medulares com paraplegia ou tetraplegia, amputações,

doenças como Parkinson, esclerose múltipla, síndrome de Guillain-Barré, além de condições congênitas como síndrome de Down (até 12 anos), paralisia cerebral, mielomeningocele, má-formação congênita de membros e atraso no desenvolvimento neuropsicomotor.

Durante o tratamento, é realizado o monitoramento de sinais vitais, garantindo a segurança dos pacientes e da equipe durante a realização das terapias. Em casos de intercorrências clínicas, os pacientes são prontamente encaminhados para serviços de urgência e emergência da comunidade. Quando necessário, também são direcionados para acompanhamento com médicos especialistas, ampliando a integralidade do cuidado.

Outro destaque do programa é o laboratório de Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME), onde ocorre a dispensação de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção, exclusivamente para pacientes do programa, com recursos regulados pelo Sistema de Gerenciamento de Tabelas e Procedimentos do SUS (SIGTAP). A Terapia Ocupacional desempenha um papel crucial nesse processo, garantindo que os dispositivos assistivos estejam alinhados às necessidades específicas de cada paciente. O terapeuta ocupacional avalia aspectos físicos, funcionais e ambientais do indivíduo, orienta quanto ao uso correto dos equipamentos, ensina técnicas de adaptação e promove a inclusão social — contribuindo diretamente para o aumento da autonomia e da qualidade de vida.

A unidade também conta com o ARM, um dispositivo robótico utilizado na reabilitação de pacientes com AVC. Esse recurso tecnológico potencializa a recuperação motora, promovendo uma reabilitação mais eficaz e segura, com melhores resultados funcionais, uma vez que esse equipamento proporciona um treino intensivo, através de uma interface computadorizada.

O atendimento em Terapia Ocupacional é realizado tanto de forma individual quanto em grupo, sempre com foco na promoção da independência, funcionalidade e bem-estar. Os planos terapêuticos são personalizados, considerando as limitações e potencialidades de cada paciente, com o objetivo de reinseri-los em suas atividades diárias nos contextos familiar, social e profissional.

A alta no programa de reabilitação é definida de maneira individualizada, por meio da avaliação da equipe multiprofissional, liderada por um médico fisiatra. Pode ocorrer por diversos motivos, como conclusão do programa com metas alcançadas (ou não), abandono, intercorrências clínicas ou sociais, solicitação do próprio paciente, óbito ou descumprimento das normas institucionais. A decisão final considera o progresso, a adesão ao tratamento e a condição clínica do paciente, sempre com foco na melhor funcionalidade possível.

Com uma equipe altamente capacitada e infraestrutura moderna, o Centro de Reabilitação Lucy Montoro de Sorocaba reafirma seu compromisso com a excelência em saúde, promovendo impacto positivo na vida de seus pacientes. A Terapia Ocupacional, nesse cenário, constitui um dos pilares essenciais da reabilitação, renovando a esperança e construindo caminhos para uma vida mais autônoma e com maior qualidade.

 

Sobre os autores

Marcia de Souza – Graduanda em Terapia Ocupacional.

Rafael Eras Garcia – Bacharel, Mestre e Doutor em Terapia Ocupacional pela USP/UFSCar. Atualmente, é docente na UNISO e terapeuta ocupacional na Ortopedia Biotécnica, focado em órteses de membros superiores e adequação postural. É Vice-presidente da ABRATO – regional São Paulo. Possui habilitação em Terapia por Contensão Induzida (UAB/EUA) e nos conceitos Bobath. Tem experiência prévia na AACD, atuando na clínica de Doenças Neuromusculares.

Elisangela Freitas Zamgirolami – Terapeuta Ocupacional formada pela UNISO (há 19 anos), com pós-graduação em Neurociência Clínica e TO aplicada à Neurologia, e especialização em TO em Reabilitação Física (UNIFESP/EPM). Possui curso em bandagem funcional e confecção de órteses de membros superiores. Tem experiência em atendimentos individuais e em grupo com crianças, adolescentes e adultos com deficiências múltiplas em equipe multidisciplinar. Atua também ministrando palestras, treinamentos, formação, supervisão de estágio e com adaptações curriculares e ambientais em escolas.

Andreia Aparecida Lima Macarroni – Estudante de Terapia Ocupacional Bianca Bertoncello – Estudante de Terapia Ocupacional

Maria Eduarda do Nascimento Ferreira – Estudante de Terapia Ocupacional