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Tempos de inovar: o uso da imaginação e da tecnologia para educar e entreter as crianças na pandemia de COVID-19

Objetivo é unir entretenimento e educação para que os pequenos façam melhor proveito do tempo ocioso em casa

Jaqueline (à esquerda) faz contação de histórias online, mantendo vínculo afetivo com as crianças 
Como medida preventiva, o governo de São Paulo decretou isolamento social desde o dia 17 de março. Inicialmente, o tempo recomendado para a permanência das pessoas em casa era de 14 dias. Porém, em 17 de abril, o governador João Doria (PSDB) informou a extensão da medida para até 10 de maio.

Para atender às recomendações do Ministério da Saúde, instituições de ensino de todos os estados do Brasil tiveram suas aulas suspensas. De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), o fechamento de escolas e universidades afetou 1,4 bilhão de estudantes. Mas como entreter e educar as crianças em casa, durante todos esses dias em quarentena? O desafio é grande e quem ganha espaço nesse momento delicado são os contadores de história.

A sorocabana Jaqueline de Meira Rodrigues, 26, é contadora de histórias desde 2014. Formada em Arte Educação e Pedagogia, a professora conta o que tem feito para manter contato com as crianças, mesmo de  longe. “A   internet tem sido uma grande aliada, visto que as crianças são  bem  familiarizadas  com  esse   recurso. Tive bons retornos das famílias, que filmaram os pequenos bem animados ao ver em vídeo, a professora conhecida por eles”.

A criatividade é um dos elementos fundamentais para um contador de histórias. Em tempos de pandemia, é preciso inovar ao narrar fábulas por meio do olhar, tom de voz e movimentos corporais. “Busco sempre utilizar na narração poucos elementos em cena, é um estilo minimalista de contar histórias. Utilizo apenas um cenário simples, e bem poucos apetrechos. A imaginação fica por conta dos gestos e da fala”, revela Jaqueline.

A prática em contar histórias se faz muito presente também na vida de Beatriz Martins, 22, estudante do 7º semestre do curso de Pedagogia. Em seu perfil das redes sociais, Beatriz costuma expor seus trabalhos elaborados na universidade e na escola em que trabalha como pedagoga auxiliar. “Acho importante mostrar esse tipo de conteúdo para que o que eu faço possa ser uma inspiração para os meus colegas e também para os pais das crianças, que podem aplicar as atividades com seus filhos em casa”.
Atividade de matemática criada pela estudante Beatriz Martins 

Atualmente, apesar de não estar atuando no ambiente escolar com as professoras da escola em que trabalha, Beatriz está por dentro das atividades desenvolvidas pelas educadoras no espaço digital. “Essas novas metodologias exigem muita criatividade e habilidade. Nós, que somos mais jovens, conseguimos perceber, por exemplo, a diferença que uma boa edição de vídeo faz nesses momentos. É preciso interação, mesmo que de longe!”. A estudante revela ainda que, em seu tempo em casa, aproveita para criar projetos e atividades para seu público. “Estou buscando dicas, sugestões de atividades que englobem a situação do que estamos vivendo hoje, para que num futuro próximo, eu possa falar sobre esse tema com os alunos. Uma atividade diferente, bem elaborada, leva tempo. Mas vale a pena! Posso usar esses projetos que venho desenvolvendo daqui a muitos anos, quando já estiver formada e integrada ao mercado”, diz Beatriz.

E se em tempos de pandemia se habituar a novos métodos já não é fácil, gerenciar uma equipe de professores e auxiliares a como ocupar da melhor forma esse período das crianças em casa, é desafiador. É o que faz Nívia Fernanda Ferreira, 37, formada em Pedagogia e cursando pós-graduação em Gestão Escolar. “O principal objetivo é apresentar atividades simples utilizando materiais que qualquer pessoa tem em casa, assim poderão ser facilmente desenvolvidos pelas famílias que, hoje, nos representam dentro de seus lares”, comenta a pedagoga.

Além de coordenadora pedagógica, Nívia também é mãe de duas crianças – de 6 e 11 anos de idade. Segundo a educadora, é preciso cumprir dois papeis dentro de casa ao mesmo tempo: o de mãe e professora. “Eles não estão acostumados a utilizar esse meio (internet) para estudar, mas sim para lazer. Por isso, estou sempre acompanhando esse momento para tornar mais fácil sua compreensão”, explica. Nívia revela ainda como tem usado a criatividade para manter seus filhos menos ociosos em casa: “temos aproveitado esse período para ficarmos juntos de fato. Assistimos a diversos conteúdos, fazemos brincadeiras, jogos, ‘cinema em casa’ e cozinhamos em família”. E mais uma vez, a internet não fica de fora. “Também temos realizado videochamadas com os nossos familiares e com a vovó para matarmos um pouco da saudade!”, conta a educadora.

Texto: Brenda Thomaz (Agência Focas – Jornalismo Uniso)
Fotos: reprodução Instagram

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