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Professora da Uniso coordena projeto de formação de mediadores de leituras dos folhetins de Nelson Rodrigues

Em meados da década de 40 a 70, Nelson Rodrigues arrebatava corações com sua literatura voraz, reflexo de uma sociedade real, sem máscaras. Com amor, traição, drama, romance, seus folhetins esvaziavam os estoques do “O Jornal”, “Crítica” e “O Cruzeiro”, onde na época eram publicados. 

Entre as inúmeras interpretações e análises dos folhetins e do teatro de Nelson Rodrigues, Josefina Tranquilim, doutora em Antropologia, pós-doutora em Comunicação e Práticas de Consumidor e professora da Universidade de Sorocaba, coordena a partir deste sábado (12), o projeto “Mataram Suzana Flag? Ciclo de debates para formação de mediadores de leituras dos folhetins de Nelson Rodrigues”. 
Aprovado pelo Edital de Formação Cultural de 2017, o ciclo tem como objetivo desconstruir a ideia de que a produção de Nelson Rodrigues seja subliteratura e redigir formação para que os professores do ensino fundamental e médio incentivem a leitura e escrita dos folhetins. “Os folhetins do Nelson Rodrigues para quem estratifica a cultura, é considerado subliteratura, e para mim não. Penso que ele é literatura porque ele atinge os indivíduos das camadas populares, e isso é importante”, acentua.
Conforme a coordenadora, o projeto tem como principal alvo os professores da rede pública, justamente porque essas escolas têm o público de camada popular e a proposta é que os professores comecem a pensar e a trabalhar com os alunos os livros que representem a própria vida deles e não a vida das camadas mais altas. “Como todo folhetim, os de Nelson Rodrigues são muito direcionados às camadas populares. Além disso, têm uma pegada de melodrama, porque a nossa camada popular é melodramática”, afirma a professora sobre a estética dos folhetins.
 Produzido pela empresa Saíra Comunicação e Cultura, o projeto é aberto aos estudantes e docentes das áreas de ciências humanas, sociais, artes e comunicação, ao completar 70% da carga horária os participantes serão certificados, e os professores da rede estadual de ensino receberão certificado pela Escola de Formação Paulo Renato (EFAP), da Secretaria de Estado da Educação.
A professora Fina Tranquilim iniciou os estudos com os folhetins de Nelson Rodrigues durante seu mestrado intitulado “Obsessão, cotidiano e territórios de ficcionalidade nos folhetins de Nelson Rodrigues”, aprovado em 1997. Há três anos decidiu inscrever um projeto no Edital de Formação da Secretaria da Cultura de Sorocaba, e apenas em 2017 foi aprovado. 
“Nós vamos trabalhar a questão da mulher, até que ponto o Nelson Rodrigues é realmente machista em cima dos folhetins, de assinar como Suzana Flag, será que isso significa que ele é machista ou não? Reacionário ou não? Então, todos esses rótulos que foram colocados pelos críticos e pelos estudiosos do Nelson Rodrigues, nós vamos analisar durante o projeto. Fora isso, terá leituras dramáticas dos folhetins, com fundo musical, trilha sonora. Será bem legal”, conclui. 
As inscrições se iniciaram no dia 16 de abril e podem ser realizadas pelo link: https://goo.gl/o1DnWr, onde consta a programação. Os encontros acontecerão de 12 de maio a 7 de julho, em sábados alternados das 9h às 12h na Biblioteca Infantil Municipal, localizada na Rua da Penha, nº 673, no Centro. Mais informações estão na página no Facebook: www.facebook.com/mataramsuzanaflag, onde serão postados alguns dos folhetins que serão estudados durante o projeto.
Após estudar Nelson Rodrigues em seu mestrado aprovado em 1997, Josefina abre projeto que incentiva a leitura e desconstrução das análises de Nelson Rodrigues.

Texto e Fotos: Pâmela Ramos/AgênciaJor

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