ColunaFocando em

A MORTE NOS NOTICIA?

 Morte.

Algo muito comentado na última semana por envolver duas figuras do catolicismo: Jesus e Papa Francisco. Mas não tão comentadas como aquelas que vemos todos os dias: pessoas pretas periféricas e as vítimas de feminicídio. Será que quando um preto pobre virar santo ou um Papa for negro a repercussão será grande?

Falar de Papa me fez lembrar uma piada que ouvi na adolescência: “Até na igreja, preto é sinônimo de notícia ruim. Olha a cor da fumaça quando o novo Papa não é eleito”. Apesar do cunho racista, essa brincadeira de mal gosto pode conter um fundo de verdade.

Apesar de não frequentar a igreja há mais de 20 anos, cresci dentro dos ensinamentos católicos, e a admiro, mesmo com diversas ressalvas que os estudos sobre história, colonialismo e império financeiro me fizeram criar.

Com todo respeito ao “Santo (branco) da internet” que acaba de ser beatificado, inclusive com milagre brasileiro, e as profecias de Nostradamus, mas se for para falar de Santo ou de Papa prefiro São Benedito, Santo Antônio de Categeró, Santo Elesbão, Nossa Senhora Aparecida ou Santa Efigênia e Nhô João de Camargo, que já foi chamado de o “Papa Negro”.

Só um desabafo.

Vamos voltar ao texto…

Morte.

O dicionário Michaelis traz algumas definições clássicas como: Ato de morrer; fim da vida; cessação definitiva da vida para o ser humano; falecimento, passamento, trespasse; ao ou efeito de matar; ser imaginário representado por um esqueleto humano que carrega uma foice; passagem da alma, que estava ligada ao corpo material, para o plano espiritual; intensa angústia.

Para os espíritas (onde me incluo) a morte é o fim de um ciclo terrestre, mas não da vida. Pois ela continuará no plano espiritual até o início de um novo ciclo, a reencarnação. Cada pessoa reage à morte de um jeito. Alguns nunca a superam, outros cumprem o rito e as sensações normais do luto e depois seguem a vida. Eu, como filho de Oxóssi, não vejo a morte como o fim. Ao ver um corpo sendo velado e nos dias posteriores, apesar da tristeza, imagino que a pessoa está em um sono, e que logo ela vai acordar e vamos nos reencontrar para continuarmos a missão.

E como jornalista, como noticiar a morte?

Para mim, a primeira (e se fosse possível a última) foi muito difícil. Ainda mais por ser uma pessoa tão próxima e querida como a professora da Uniso Ana Maria Gurgel de Oliveira Gonzalez (https://unisonoticias.uniso.br/index.php/2023/05/23/comunidade-academica-de-luto-presta-homenagem-a-ana-maria-gurgel/). Travei na escrita, mas isso é algo que sempre estará no escopo do jornalista. Lembrei-me da confissão de Roberto Cabrini no livro No Rastro da Notícia, onde ele comentou que apesar de sentir durante o trajeto até o hospital e até ensaiar a fala, foi muito doloroso para ele noticiar a morte de seu amigo Ayrton Senna.

Muitos comentários, teorias da conspiração e simbologias têm envolvido a morte do Papa “comunista” Francisco. É possível que ele tenha esperado a Páscoa para partir? E o número (88235) em sua carteirinha de sócio do seu clube do coração, o San Lorenzo da Argentina, que coincide com a idade (88) e a hora (2h35) em seu país natal no momento de sua morte?

Sinais, fortes sinais”, já dizia (José Maria) Eymael, “o democrata cristão”, lendário político brasileiro.

Para algumas pessoas, parece que a morte deu a notícia a elas antes da gente.

Segundo sua irmã, Zacarias dos trapalhões previu sua morte.

De acordo com um episódio do extinto programa Linha Direta, que assisti uma vez, o médium brasileiro Zé Arigó foi avisado por seu mentor espiritual, Dr. Fritz, que iria falecer em um acidente de carro com dia e horário definidos.

Existem relatos de crianças que partiram muito cedo, e conscientes disseram para suas mães: “eu não vou viver por muito tempo, minha missão é curta. Logo irei embora”.

Alguns casos eu “vi com meus próprios olhos que a terra há de comer”.

Outro médium brasileiro, Chico Xavier, comentou que morreria em um dia que o Brasil estivesse feliz. E foi: na final da Copa do Mundo de 2002.

E o vídeo do tecladista dos Mamonas Assassinas, Júlio Rasec, dizendo momentos antes de embarcar, que havia sonhado com a queda do avião. Premonição? Um sinal de despedida? Ou só coincidência?

E, para você, a morte nos noticia sua chegada.

 Não sei te responder, mas se eu tiver a oportunidade de voltar como jornalista em outra vida, com toda certeza noticiarei como foi.

Compartilho fotos de alguns dos Santos Pretos citados, que foram tiradas por mim, na Igreja do Rosário dos Pretos, no pé do Pelourinho, em Salvador, Bahia. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *