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Agosto Dourado celebra a importância da amamentação

Mês do aleitamento materno é dedicado à conexão entre mães e bebês, esclarecendo inseguranças e incentivando a doação de leite

Por: Rafaela Ferreira Monteiro (Agência Focas – Jornalismo Uniso)

Foto: Rafaela Ferreira Monteiro

A cor dourada pode representar prosperidade e celebração. Na campanha “Agosto Dourado”, de incentivo à amamentação, a cor também simboliza o valor do leite materno como um alimento de “padrão ouro”. Agosto é o mês do aleitamento materno no Brasil, instituído pela Lei nº 13.435/2017, que incentiva a realização de eventos, palestras e outras divulgações sobre a importância da amamentação durante o mês.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece o leite materno como o alimento ideal e essencial para bebês por ser seguro, limpo e garantir a proteção dos recém-nascidos contra anticorpos e infecções – é considerado a “primeira vacina” da vida do bebê. Os bebês devem ser alimentados exclusivamente com leite materno até os 6 meses de idade, segundo recomendação da OMS.

Na maternidade do Hospital Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba, uma série de ações é realizada para celebrar o Agosto Dourado. “Nós falamos sobre amamentação e a estimulamos o ano inteiro. Durante agosto, fazemos palestras, folders, postagens. A equipe de voluntariado distribui kits e faz uma oração com as mães, tudo para incentivar a comunicação”, explica Jacqueline Varoli, coordenadora da maternidade.

Equipe da maternidade da Santa Casa de Misericórdia de Sorocaba distribui saladas de frutas e kits de presentes para as famílias | Foto: Rafaela Ferreira Monteiro

Manoela Soares Ventura, analista de comunicação da maternidade da Santa Casa, ressalta a importância de compartilhar a campanha de arrecadação de leite materno nos pontos de coleta dos hospitais, pois é uma necessidade generalizada nas maternidades de Sorocaba. A doação de leite materno é essencial para o tratamento de bebês cujas mães não podem amamentar como nos casos de mães portadoras de hepatite ou HIV positivo.

Para as mães colaborarem com a doação de leite, basta seguir um procedimento simples. Manoela e Jacqueline explicam a ação da equipe: “Ao declarar interesse e cadastrar nome, número de telefone e endereço, nós vamos até a casa da mãe, ensinamos a coletar, entregamos os potinhos e deixamos a mamãe preparada para a doação. A mãe não precisa sair de casa para nada. Aqui é um posto de coleta, mas o leite é todo enviado para o CHS [Conjunto Hospitalar de Sorocaba] para que seja pasteurizado”. A coordenadora esclarece que, ao doar o leite, a produção da mãe não é prejudicada, pelo contrário: “quanto mais a mãe estimula, mais leite ela produz”.

No mesmo dia do evento comemorativo de Agosto Dourado na maternidade, Andreli e Valdir receberam alta da Santa Casa de Sorocaba para voltarem para casa com seu segundo filho, Jorge. A família não conhecia a campanha antes e ficou contente em participar da reunião. “Me assustaram bastante sobre amamentação, mas depois que eu tive a experiência, foi totalmente diferente. Não trocaria por nada. Algo que eu não quero perder em todas as minhas gravidezes é a amamentação, uma conexão muito gostosa”, conta a mãe. Valdir afirma que, nem sempre, a amamentação é como esperada: “não é fácil como todo mundo fala que ‘nasceu, vai mamar’. Até ele querer pegar, pode demorar um pouco”.

Apesar de já conhecer a campanha do Agosto Dourado por ter interesse em maternidade e estudar o assunto há anos, Fabiana teve a surpresa de dar a luz a seu primeiro filho, Bento, dois dias antes do início do Mês do aleitamento materno. “Foi marcante para mim. Pensei: ‘que legal, estou entrando no mês da amamentação e, ao mesmo tempo, iniciando minha amamentação e vivenciando, aprendendo mais sobre isso’. É meio romântico.”

Fabiana e seu filho, Bento | Foto: Arquivo Pessoal

O processo da amamentação não é tão simples quanto parece. Fabiana afirma ter sofrido por não conseguir amamentar Bento em suas primeiras horas de vida. Ela estava passando pela apojadura, que é o processo natural da “descida” do leite materno. Logo após o parto, a mulher produz o colostro, um líquido espesso e amarelado, e depois o leite maduro, mais branco e fluido. A instrução das enfermeiras foi essencial para acalmá-la nesse momento.

“No quarto dia, as enfermeiras me falaram ‘fica tranquila, ainda vai descer o seu leite’, só que eu comecei a ver outras mães amamentando e me comparei. Me bateu um desespero, pensei ‘eu não vou ter leite, meu filho não vai mamar’, eu fiquei ‘bitolada’ psicologicamente. Mas, na madrugada, veio uma enfermeira, um anjo na minha vida, que conversou comigo. Ela me acalmou, explicou que meu leite ia descer logo, só que eu não acreditei. Na manhã do dia seguinte eu tinha leite; eu vi ele branquinho, o Bento mamou, e isso me aliviou essa questão emocional. Nem toda mãe já tem leite quando o bebê nasce”, compartilha Fabiana.

A mãe de primeira viagem também afirma ter se surpreendido com o cansaço que sente ao amamentar: “Eu nunca gostei de dormir durante o dia, mas, agora, eu estou tendo que cochilar um pouco, porque senão… A primeira mamada do dia, às sete da manhã, é uma delícia. Você sente realmente conexão com o bebê, fica observando. Ele é fofinho. Só que chega às dez da noite, na última mamada, e eu estou exausta, esgotada! Ele sugou o leite e a minha energia, a minha alma, durante o dia inteiro. Demanda muita energia para a mulher amamentar”.

O principal conselho que Fabiana dá sobre o aleitamento materno a futuras mães é que elas se informem o máximo possível durante a gestação, antes de começar a amamentar. Seja com uma consultora de amamentação, com a equipe de enfermeiras, ou mesmo por meio de vídeos na Internet, o aprendizado prévio é o que muda a relação da mulher com a amamentação do bebê.

“O que torna a amamentação difícil para a mulher, principalmente, é quando o seio é ferido porque o bebê não pegou corretamente. A mãe está aprendendo, e o bebê também. Os dois não sabem amamentar: um não sabe mamar e o outro não sabe dar de mamar. Então, se não houver informação ou ajuda na hora de pegar certinho, a experiência vai ser desprazerosa e machucar o seio, e, às vezes, isso acaba desestimulando a amamentação, que é tão importante para o bebê nos primeiros anos de vida”, conclui a mãe de Bento.

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