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Dia Mundial de Combate ao Fumo: fumantes relatam como convivem com o cigarro

Responsável por mais de seis milhões de mortes ao ano no mundo todo, o cigarro é uma droga lícita que vem afetando cada vez mais jovens universitários.
Desde o final da década de 1980, o Ministério da Saúde vem articulando medidas e campanhas contra o tabagismo, junto ao Instituto Nacional de Combate ao Câncer (INCA), para prevenir e conscientizar sobre os males do cigarro.
Segundo estudos realizados em 2015 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), no Brasil, o cigarro é responsável por em média 156 mil mortes ao ano, o que reflete uma redução do número de fumantes. “O estudo feito pela OMS constatou que nos últimos 25 anos a porcentagem de fumantes diários despencou de 29% para 12%, um dos países que mais teve sucesso com a prevenção ao tabagismo”, comenta a professora Yoko Franco, do Mestrado em Ciências Farmacêutica da Universidade de Sorocaba (Uniso).
Porém, dados de 2016 do Ministério da Saúde, do Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes (ERICA), mostram que houve um aumento de jovens que experimentam e começam a fumar de 18,5%. O estudo aponta que cerca de 1,8 milhões de jovens fumam. André Rocha (21), estudante de Publicidade e Propaganda, diz que fuma para aliviar o estresse. “É para ajudar a seguir o dia, ajuda no estresse da rotina diária”, afirma.
 Amostra de órgãos

Ainda sobre os estudos da OMS, a professora Yoko Franco explica que, mesmo com os avanços, é preciso ter cuidado, pois as pessoas estão começando a fumar cada vez mais cedo, e o uso precoce é um dos fatores que impactam no número de mortes. “A estimativa de vida cai bastante, os homens podem viver até sete anos a menos pelo uso em excesso, já as mulheres perdem até cinco anos de vida”.

Eny Souto Monteiro (76) é fumante desde os 14 anos e fala que tudo começou em casa: “Foi por ver meu pai fumando. Naquela época não tinha as propagandas e os alertas que existem hoje, era mais comum ver gente fumando, então, eu comecei também”.
Questionada se já teve problemas cardiovasculares ou pulmonares, a aposentada afirma que não e que está tranquila com a situação. “Já fui a diversos médicos e todos sempre ficam surpresos por minha saúde estar intacta, mesmo fumando há tanto tempo. Desde que percebi que não gostava de tragar o cigarro e que a piteira ajuda a evitar a nicotina, nunca mais fiquei sem, tenho meus cuidados, posso ficar tranquila”, conclui.
A psicóloga Alessa Rodrigues Gallio (26) argumenta que as propagandas encontradas atrás das embalagens de cigarro têm um efeito no subconsciente da pessoa. “O fumante olha aquela imagem, que é sempre trágica, pesada, se coloca no lugar do personagem retratado e acaba se sentindo mal, não querendo que aquilo aconteça com ele”.
Fumante desde os 18 anos, Edilson Pires (50) conta que chega a fumar quase dois maços de cigarro por dia: “O estresse corriqueiro do trabalho me traz a vontade compulsiva de fumar, foi um vício que eu não queria, mas acabou pegando”.
Alessa Gallio explica que é comum a afirmação de que fumar para aliviar o estresse faz fumar mais. “O dependente se vê em meio a situações e pensamentos com os quais não consegue lidar naquele momento, e na busca por aliviar a tensão acaba recorrendo ao fumo.”
“Já tentei parar de fumar, usei cigarros eletrônicos e até fiz curso de ‘pare de fumar em cinco dias’, que aparecem aqui na cidade, mas nada me ajudou, eu realmente quero, mas a vontade consegue ser mais forte”, conta Edilson.
A professora Yoko Franco orienta quem quer parar de fumar: “Primeiro de tudo é ter força de vontade, avisar seus amigos e familiares, principalmente os fumantes; buscar medidas que substituam, como o cigarro eletrônico, adesivos de nicotina e até chicletes, nos momentos que bater a vontade; cultivar hábitos mais saudáveis, como se exercitar, e evitar cheiro ou ficar próximo por muito tempo de quem fuma”, finaliza.

Alunos apresentam soluções no combate ao fumo

 Instrução dos alunos de enfermagem aos interessados
Os alunos do quarto semestre de Enfermagem da Universidade de Sorocaba (Uniso) realizaram uma atividade de conscientização no Dia Nacional do Combate ao Fumo, celebrado em 29 de agosto. Foram apresentadas amostras de substâncias tóxicas presentes no cigarro e opções de tratamento, durante o intervalo do período diurno e noturno.
“Estamos tentando conscientizar quem quer parar de fumar, mostrando os riscos do cigarro e como ele afeta também para o fumante passivo. Além de abordar os problemas que ele ocasiona, apresentamos alternativas para se livrar do cigarro”, afirma a aluna Natalia Rodrigues, uma das participantes da atividade.
Além de auxilio ao tratamento do fumante, foram apontadas também as substâncias que causam a dependência e seus cheiros. “Muitas pessoas acreditam que no cigarro só tem a nicotina, mas não. O cianeto de hidrogênio é usado para matar baratas e ratos, e na época do nazismo ele foi usado na câmara de gás. São mais de quatro mil substâncias, a maioria delas são cancerígenas”, diz a aluna Nicole Oliveira, que fez a apresentação.
 Substâncias apresentadas 
Muitas substâncias são encontradas no cigarro, além de nicotina e cianeto de hidrogênio, há também amônia (utilizada em limpeza doméstica como desinfetante) níquel (usado na produção de pilhas), monóxido de carbono (gás que sai do escapamento de automóveis), formol, acetona e outros componentes que prejudicam a saúde. A aluna Laura Vaz diz que alguns fumantes sabem o que o cigarro contém. “A partir do momento que ficam sabendo, é possível que tenham vontade de parar, mas existem fumantes que continuam com o cigarro pelo resto da vida”.  
O professor e coordenador da atividade, Irineu Contini, comentou sobre uma pesquisa, realizada pelos alunos no período noturno, na universidade, em que foram registradas, em uma hora, cerca de 680 bitucas de cigarros. Com base nesse número, os alunos foram instruídos a divulgar informações para o combate desse vício.
Texto: Lucas Monteiro e Maria Luiza/AgênciaJor
Fotos: Maria Luiza/AgênciaJor

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