Romaria de Aparecidinha é tema de livrorreportagem
Uma das mais populares manifestações de fé de Sorocaba foi documentada no livrorreportagem “Aparecidinha – Um olhar para o romeiro”. A obra é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso desenvolvido por Sandra Pires, 53, no curso de Jornalismo da Universidade de Sorocaba (Uniso). O produto jornalístico, aprovado com a nota máxima em dezembro de 2016, relata a história e visões de romeiros que acompanham anualmente a procissão.
A autora buscava um assunto para o TCC que envolvesse fé e cultura popular e, com a ajuda do orientador, chegou ao tema da romaria de Aparecidinha. Ela conta que não conhecia o assunto, mas ao dar início às pesquisas e, na medida em que se aprofundava, “surgiu uma paixão pelo tema”.
A romaria de Aparecidinha é a segunda maior devoção mariana do Brasil, atrás apenas da de Aparecida. Em cerca de 250 anos de existência, sendo 118 de forma organizada, a procissão ocorre no mês de janeiro, reunindo de 20 a 30 mil pessoas, e no segundo domingo de Julho, com a participa de cerca de 70 mil romeiros, segundos dados da Policia Militar.
Diante disso, a autora analisou 10 anos de publicações de um veículo de comunicação de Sorocaba e, segundo ela, a abordagem do evento mudava muito pouco de um ano para o outro, sem um aprofundamento do tema. Segundo Pires, há uma certa acomodação em relação à cobertura jornalística do evento. “Nunca houve algo como uma matéria ou revista especial sobre o evento e nem sobre suas histórias”, afirma.
Ela acredita que há também uma desvalorização da cultura regional, influenciada pela internet, que faz com que a população acabe se interessando mais por outras culturas do que pela sua própria.
No livrorreportagem, Pires buscou dar voz aos romeiros, por meio de entrevistas. “Nessa hora, sempre surgem indicações de um e outro entrevistado. Tem bastante história”. Para ela, o tema não se esgota e possibilita diversas abordagens, como a participação de pessoas não católicas.
Por outro lado, diante de tantas possibilidades, uma das dificuldades em escrever o livro foi filtrar o que seria usado e definir uma meta, tendo em vista o prazo final de entrega para a banca avaliadora.
Outros problemas encontrados foram relativos à existência de poucos registros visuais antigos e textos históricos (exceto alguns de Aloísio de Almeida, que serviram como base de pesquisa para a autora); checagem de dados; dificuldade de fazer entrevistas durante a procissão, pois os romeiros estão em ritual de fé; e ainda o despreparo físico da ex-estudante para acompanhar o percurso.
Porém, para Sandra, o resultado foi recompensador. “Digo que é nosso livro, já que os entrevistados participaram da construção dele”, conta. O envolvimento foi tão intenso que, quando terminou a obra, ressentiu-se da falta de ouvir mais histórias dos romeiros.
Para o futuro, a autora tem a intenção de publicar o livrorreportagem, já que muitos entrevistados têm perguntado quando ele será impresso. Por isso, busca uma editora e alguém que apoie financeiramente o projeto, para, quem sabe um dia, ele “estar nas prateleiras de escolas e bibliotecas, servindo de consulta”.
Pires relata que gostou da experiência como escritora e que pensa em escrever outros livros, também dando voz ao povo e mostrando as formas culturais locais, e que, talvez, retome o mesmo tema.
Texto e foto: Vinicius de Paula/AgênciaJor