Uncategorized

Setembro Amarelo: Se quer chamar atenção é porque PRECISA de atenção



De acordo com o Sistema de Informações de Mortalidade (SIM), entre 2007 e 2016 foram registrados 106.374 casos de suicídio no Brasil e em 2016 houve 11.433 óbitos ligados a essa causa. Em 2014, o Conselho Federal de Medicina (CFM), o Centro de Valorização da Vida (CVV) e a Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) criaram uma campanha de prevenção ao suicídio que ficou conhecida como Setembro Amarelo.

A origem da cor amarela veio dos Estados Unidos quando um jovem de 17 anos, Mike Emme, cometeu suicídio em seu carro, um Mustang 68, amarelo, em 1994. No velório, família e amigos fizeram cartões decorados com fita amarela com a mensagem “se você precisa, peça ajuda”, e após essa inciativa começou um movimento de prevenção ao suicídio.

Falar sobre os momentos de crise que a levaram a atacar a própria vida é para a fotógrafa e gestora de eventos de Sorocaba, Fernanda França, 25 anos, uma forma de contribuir para a conscientização sobre o suicídio. Ambiente de trabalho, relacionamento abusivo e ciclos de problemas em casa e com amizades contribuíram para tal tentativa. Aos 23 anos, Fernanda teve a primeira crise, “Me sentia inútil, era uma luta diária pra tentar mudar, agradar as pessoas e tentar sobreviver ao caos na minha cabeça”. Foi então que “em um dia, eu estava pintando a unha e do nada comecei a me furar várias vezes com o palito”.

Fernanda conta que só começou a perceber que suicídio não era a solução quando começou a fazer tratamento com profissionais. Além de se conhecer melhor, ela passou a se dar valor, o que ajudou a se afastar de tudo o que a fazia mal. Com esse aprendizado, se ela pudesse dar um conselho ao seu EU do passado, seria: “Procure ajuda o mais rápido, depressão tem que ser tratada como qualquer outra doença” e completa: “O tratamento é a melhor coisa do mundo, você vai se descobrir e voltar a se cuidar e amar”.

O hipnoterapeuta Nicholas Nilton Mendes, 21, conta que os pacientes chegam até ele com grandes desgastes emocionais, a ponto de enxergarem a morte como fuga, mas garante que “Os motivos do sofrimento são únicos em cada indivíduo”. Nicholas explica que a sociedade moderna e a tecnologia trouxeram avanços inegáveis, porém, em contrapartida, deixaram as pessoas mais distantes, sem contatos na vida real. “Os valores se invertem. Ter 1.000 amigos digitais (dos quais eu, talvez, não conheça nenhum) se tornou mais importante do que estabelecer amizades duradouras”, ele diz. 

O hipnoterapeuta acredita que o Setembro Amarelo é um grande avanço, mas não deve haver atenção para o tema apenas em um mês, pois as pessoas não esperam até setembro para tentar suicídio, “Se ao invés de mês amarelo, houvesse um ano amarelo ou até mesmo uma vida amarela” certamente as incidências de suicídio cairiam drasticamente de acordo com ele.


Na Uniso
No Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, 10 de setembro, a Universidade de Sorocaba (Uniso) promoveu, no auditório do Bloco F, uma palestra sobre o Setembro Amarelo. A programação contou com atrações diversas, incluindo o entretenimento, por meio do teatro, música em libras e palestrantes convidados.

Entre eles, estava Sandra C. Arca, psicóloga e voluntária no CVV. Sandra conta que no Brasil aproximadamente 32 pessoas se suicidam por dia e uma a cada 40 segundos. Em sua apresentação, ela explicou um pouco sobre os “3 D’s”, sentimentos que são comuns aos suicidas: “desesperança, desespero e desamparo”, e que têm três fases: Idealização, planejamento e suicídio.

A psicóloga acentua que, em 80% dos casos, as pessoas dão sinais da intenção de se matar. Além das falas, como “vou deixar vocês em paz”, “queria dormir e não acordar mais”, há mudanças de comportamento, desleixo com a higiene, alcoolismo e abandono de um hobby, por exemplo. Ao final de sua palestra, Sandra destacou que “as pessoas dizem que esses sinais são para chamar a atenção, mas se é para chamar a atenção é porquê precisa de atenção”.

O CVV funciona 24 horas por dia e tem diversos voluntários para ouvir você que está passando por momentos difíceis. Ligue 188, envie um e-mail, converse com eles pelo chat ou vá até o ponto de atendimento mais próximo, tudo é com total sigilo. Não tenha medo, peça ajuda: https://www.cvv.org.br/
Agência Focs / Jornalismo Uniso

Texto: Giulia Alvers
Imagem: Divulgação | Internet | @oiaure

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *