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Única mulher do time de games da Uniso fala sobre mulheres no mundo dos jogos eletrônicos


O feminismo tem colocado mulheres em lugares em que elas sempre mereceram e tiveram o direito de estar, mas não alcançavam devido ao preconceito e aos padrões sustentados pelo machismo – conceito de superioridade masculina. Um ambiente que vem evidenciando a maior presença de mulheres é o dos vídeo games.

Mulheres jogam desde sempre e o reconhecimento é aos poucos conquistado. “Com a internet, as meninas têm mais oportunidade de conhecer os jogos mesmo eles não fazendo parte de suas vidas desde a infância. Elas conhecem a comunidade, grupos femininos e isso vai ajudando a entrarem mais nesse meio”, explica Vanessa Tavares Retori, de 22 anos, jogadora do time de games da Uniso, o ESPORTS, e estudante do 6° semestre de Administração.

Vanessa é a única menina do time. Joga em campeonatos amadores desde 2015 e começou nos grandes através da universidade. Ela começou a jogar muito pequena por causa do tio. “Ele jogava com os amigos dele. Eu ficava ali no meio deles e de vez em quando me deixavam jogar”. Ela sofreu com o machismo nesse meio desde sempre e viu outras mulheres passando pelo mesmo.

“Onde mais aconteceu foi no LOL (League of Legends). Ali parece que se instaurou a ideia de que meninas não jogam bem. Mas já aconteceu em vários outros jogos também”, comenta Vanessa, revelando que hoje não sente tanto o problema, pois usa um nick (nome utilizado pelos jogadores dentro dos jogos) que não é exatamente feminino (o nick dela é “Vanis”). “Quando eu usava (nick feminino), acontecia mais”, salienta confirmando que adotar nomes até mesmo masculinos é um recurso usado pelas meninas para não sofrerem preconceito nos jogos.

Vanessa já chegou a ouvir até mesmo de amigos que “joga bem para uma menina”. Já ouviu que não merecia estar na posição do ranking que estava e que os vídeo games não são para ela. Lidar com esse tipo de comentário é a realidade de muitas meninas gamers. “A pior época para mim foi até 2015, quando o machismo era muito forte. Dali até 2017, mais ou menos, tinha ficado mais tranquilo. Porém, desde o ano passado, a situação política atual contribuiu para piorar de novo”, explica a jogadora.

Ela conta que quando fala que joga, isso fora do mundo das competições, recebe muitas reações espantosas das pessoas. Vários homens começam a testá-la, fazendo perguntas sobre como são os jogos e outros conhecimentos da área, algo que não fariam se fosse outro homem que tivesse dito que joga.  

“Muitas meninas não começaram a jogar desde cedo por uma questão social. Os meninos de famílias com boas condições financeiras sempre ganham vídeo games, enquanto as meninas sempre acabam jogando por causa de outras pessoas. Até mesmo eu, comecei porque o meu tio tinha jogos eletrônicos, não porque eu tinha”.

Para ela, a participação feminina no mundo gamer tem de ser incentivada desde cedo, mas já há mulheres que estão lá para dar suporte às outras para vencer o medo de se aventurar nesse universo tão vasto, apesar de sexista. Nas comunidades do facebook, por exemplo, quando uma menina é atacada, sempre vêm muitas outras ajudar.

A ascensão da internet tem possibilitado mulheres conhecerem os jogos mesmo não vivendo com eles desde pequenas. Grupos femininos a ajudam a entrar em contato com isso. Felizmente, a relação de Vanessa com os integrantes do time é boa. Ela pretende levar representatividade para outras meninas que queiram experienciar os vídeo games “Eu quero que as meninas vejam outra menina lá para falarem ‘eu também posso’. Elas têm que tentar, não podem desistir. Uma das coisas que mais as impede de enfrentar é não ver nenhuma menina lá. Ser essa referência é minha maior motivação”, conclui.
Equipe de League of Legends da Uniso

Agência Focs / Jornalismo Uniso
Texto: Giovanna Abbate
Imagens: Uniso

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