População se reinventa e busca ideias criativas para enfrentar a quarentena
Para ocupar o tempo ocioso, brasileiros praticam exercícios físicos em casa e fazem até festas individuais
Correria, buzinas, falta de tempo. Nas últimas semanas o brasileiro mudou totalmente a sua rotina e as ruas que antes eram lotadas de carros, motocicletas e pedestres hoje estão vazias. O isolamento social por conta do novo coronavírus foi indispensável no país e mais da metade da população está exercendo as suas atividades dentro de casa. Com isso, a correria troca de lugar com a calmaria. Aquele tempo que não existia está sobrando, e aí surge uma dúvida. O que fazer com ele?
Balada no quarto é uma das formas de se divertir |
As respostas são várias, já que muitas pessoas estão apostando na criatividade. O jornalista Anderson Muller é uma delas. Sem poder encontrar os amigos em bares e festas como fazia antes do período de isolamento, ele decidiu se divertir no próprio quarto. Para isso, Muller usou uma lâmpada de LED, luzes e um globo de festa, escolheu uma bebida e suas músicas favoritas para acompanhar a noite de balada que ele mesmo promoveu.
As companhias eram apenas virtuais, já que o jornalista transmitiu tudo pelas redes sociais e fez muito sucesso. “Eu estava aqui em casa sábado à noite e pensei ‘por que eu não tomo uma coisinha, não coloco uma música, não danço e me divirto um pouco aqui’? Porque eu acho que diversão faz parte e faz bem. Todo mundo interagiu bastante, dá para ver até nos comentários dos dois vídeos e é isso. São coisas malucas minhas mesmo”.
Christine se produziu para ver live
|
Outra pessoa que também decidiu deixar os problemas de lado e dar uma relaxada nesse período complicado foi a Christine Aparecida Xavier, de 35 anos. Ela é fã da cantora Marília Mendonça e não perdeu a live da artista no dia 8 de abril. Mas diferente de muita gente que estava assistindo o show deitado na cama de pijama, a assessora de imprensa fez uma superprodução. “Eu já sou muito fã da Marília e estava me planejando para curtir alguns shows dela e quando começou a quarentena eu já fiquei meio frustrada.
Quando fiquei sabendo dessa live fiquei bem ansiosa e pensei ‘é um show e eu vou assistir’. Então, terminei de fazer as minhas coisas, tomei banho, lavei meu cabelo, coloquei um vestido novo que eu tinha comprado para a festa da minha filha que foi cancelada também, fiz uma make, comprei umas cervejas e fiquei esperando. Eu curti o show montada até o final”.
Para Christine, essa atitude foi fundamental para ajudá-la a enfrentar problemas emocionais que podem surgir nesse período. “A quarentena tem sido para mim um momento bem delicado porque eu sou MEI [microempreendedor individual] e tive que paralisar as minhas atividades profissionais. Então, eu estava em uma cobrança muito grande de ter que fazer a empresa não morrer nesse período, inventar outras coisas. Foi um momento que me distraiu bastante”.
Bruno trocou os pesos por botijão de gás |
O educador físico Jeferson Muniz explica que, além de serem muito importantes para a saúde física, os exercícios também trazem benefícios para a saúde mental e ajudam a controlar a ansiedade. “A atividade física libera a endorfina, trazendo a sensação de bem-estar, melhorando humor, trazendo uma sensação de alegria e satisfação”. O especialista ainda ressalta que não há problema nenhum em realizar os exercícios em casa, mas que é importante procurar um profissional da área para dar orientações sobre os treinos. “O treino pode ser adaptado com materiais encontrados em casa, como sacos de arroz, feijão, açúcar, toalhas, lençóis, cadeiras, etc. Com esses materiais podemos treinar praticamente todos os músculos. Mas o mais importante é consultar um profissional de educação física, capacitado e habilitado para a prescrição do treinamento, principalmente nessa época, em que há inúmeros blogueiros sem formação que acabam postando vídeos de exercícios que, muitas vezes, podem levar o praticante a desenvolver algum tipo de lesão séria”.
Objetos simples do dia a dia podem ser adaptados e usados para treinos em casa |
Texto: Vanessa Ferranti (Agência Focas – Jornalismo Uniso)
Fotos: Arquivo pessoal