Passado, Presente e Futuro: como o curso de JOR se molda ao longo dos anos

As diversas mudanças sociais, tecnológicas e culturais influenciaram o jornalismo, notavelmente moldando a matriz curricular do curso ao longo dos últimos 30 anos.

Por Fabrizio Setti (Agência Focas – Jornalismo Uniso)

A “era da informação”, ou Terceira Revolução Industrial, não só mudou a forma como as pessoas se relacionam, mas também as relações de trabalho e os processos de produção. Conforme mudanças desse tipo se tornam cada vez mais rápidas e mais drásticas, o jornalismo tenta se adaptar ao máximo possível à realidade em que vive.

O curso de Jornalismo da Universidade de Sorocaba (Uniso) surgiu no começo da “era da internet”, há 30 anos, seguindo a realidade da época. Para isso, a matriz curricular do curso incluía a disciplina “Tecnologias da Comunicação”, mostrando o uso da internet no mundo da comunicação. Porém, apenas 30 anos depois é que vemos o verdadeiro impacto dessa mudança no jornalismo, a forma como a internet influencia a circulação da informação e transforma o modo de trabalho do jornalista. Além disso, o jornalismo não fica restrito a uma única forma de mídia, como era o caso dos jornais, revistas e a televisão no passado. Com tudo isso, o curso passa por atualizações para se adequar da melhor maneira não só ao momento que o jornalismo vive, mas também ao cenário regional atual.

Evenize Batista, coordenadora do curso de Jornalismo da Uniso, cita a reformulação da matriz curricular, realizada em 2022, que adicionou disciplinas que nunca haviam sido realizadas, como: “Jornalismo de Dados”, “Jornalismo Regional” e “Teorias do Jornalismo,” além de mudanças em outras disciplinas, como a nova abordagem das matérias de revista: “A matriz curricular passou por uma reformulação, a turma do 6º semestre será a primeira que terá as matérias de ‘Jornalismo de Dados’, ‘Jornalismo Regional’ e ‘Teorias do Jornalismo’, pois é uma adequação do curso para o jornalismo atual”. Tudo isso visa a realidade que o jornalismo vive e se adapta ao rápido avanço que a frequência do uso de redes sociais e o uso da internet tiveram com a pandemia de Covid 19, que tornou o jornalismo pós-pandemia em algo totalmente diferente do período anterior.

Algo realmente notável no curso de Jornalismo é que, ao longo dos 30 anos, foi desenvolvido um “tronco” comum com outros cursos, ou seja, o compartilhamento de disciplinas entre cursos na matriz curricular. No caso do curso de Jornalismo, a matriz curricular acaba compartilhando disciplinas frequentemente com Publicidade e Propaganda e, algumas vezes, com Relações Públicas. Evenize cita, ainda, que “as disciplinas comuns são importantes não apenas pelo conteúdo, mas pela convivência mútua das três áreas, como acontece no mercado. Por outro lado, as disciplinas específicas de cada área é que promovem as principais experiências práticas e fazem o encontro do estudante com os desafios da carreira, não apenas quanto à produção, mas também no que se refere à ética, responsabilidade e comprometimento com o jornalismo”.

No momento atual, os rápidos avanços tecnológicos e a ascensão meteórica das Inteligências Artificiais (IAs) colocam em pauta o futuro do jornalismo e abrem o debate sobre a inclusão dessas ferramentas na matriz curricular do curso. Na verdade, é inevitável a incorporação de novas tecnologias no jornalismo, especialmente quando se tornam tão acessíveis como a IA nos dias de hoje, gerando a necessidade da formação de jornalistas capacitados que saibam utilizar essa ferramenta, de forma que não prejudique a qualidade e a essência, levantando todos os debates e questionamentos morais e éticos sobre o uso devido de IAs no meio jornalístico.

“Eu acho que vai ter alguma matéria voltada para IA no futuro, e eu vejo com bons olhos. É sobre usar a ferramenta para auxiliar no trabalho, e não a deixar fazer tudo por você”, conclui Evenize.

Os desafios para manter o curso de Jornalismo adaptado ao cenário jornalístico são muito grandes, pois as mudanças ocorrem o tempo todo, e a necessidade de mais uma reformulação na matriz curricular é quase certa. Porém, o futuro ainda é incerto, e não é possível saber quais tecnologias, tendências e eventos vão afetar o jornalismo de amanhã, nem de que forma isso ocorrerá.