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Beleza Empoderada: Brilhando a Força Interior

Decoração do Setting Terapêutico. Fonte: Produção dos próprios autores. Legenda(a) Decoração do espaço e da mesa; (b) Mesa com folhetos sobre a prevenção ao câncer de mama e lembrancinhas; (c) e (d) Produtos de beleza adicionais, juntos as informações anteriores.


A população em situação de rua é composta por indivíduos diversos que enfrentam exclusão social e múltiplas vulnerabilidades. Entre eles, as mulheres enfrentam desafios específicos, como violência, dificuldades de acesso a serviços de saúde e assistência social, além da perda de identidade pessoal. Mas quem são essas mulheres? Quais histórias de vida carregam? E, acima de tudo, como garantir que suas trajetórias sejam reconhecidas e valorizadas pela sociedade?

O projeto “Beleza Empoderada: Brilhando a Força Interior” exemplifica como pequenas iniciativas podem resgatar não apenas a autoestima, mas também a sensação de pertencimento. Realizada em um Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro Pop) no interior de São Paulo, a oficina terapêutica focou no autocuidado e na prevenção do câncer de mama, alinhando-se à campanha Outubro Rosa. As atividades incluíram palestras educativas e práticas de autocuidado, como maquiagem e design de sobrancelhas, proporcionando momentos de acolhimento e fortalecimento da identidade feminina.

Mais do que oferecer serviços, o projeto criou um espaço onde essas mulheres puderam se enxergar para além da situação de rua, reconhecendo-se como indivíduos com histórias, desejos e necessidades. Seus relatos revelam não apenas a importância da iniciativa, mas também o vazio deixado pela ausência de ações regulares que as incluam.

Entretanto, até que ponto essas iniciativas são suficientes? Ações pontuais podem gerar impactos significativos, mas não substituem a necessidade de políticas públicas estruturadas e permanentes. O autocuidado e o direito à saúde não podem ser tratados como privilégios eventuais, mas como direitos básicos garantidos a todas. Programas de assistência social e saúde precisam considerar as especificidades desse grupo, garantindo acesso ampliado a serviços que promovam não apenas o bem-estar físico, mas também o emocional e o social.

A Terapia Ocupacional demonstra seu potencial ao criar espaços de escuta e intervenções que resgatam o sentido de pertencimento. O desafio é transformar experiências isoladas em ações sistemáticas e sustentáveis, ampliando seu impacto e assegurando que mulheres em situação de rua sejam vistas e ouvidas. Afinal, se a diferença pertence à escola, também pertence à cidade, aos serviços públicos e à sociedade como um todo. Pertencer é um direito, e a Terapia Ocupacional pode ser um dos caminhos para garantir essa inclusão.

Este artigo de opinião é fruto do Trabalho de Conclusão de Curso dos discentes Laís Agulhão Santiago e Felipe Machado dos Santos, sob a orientação do Professor Dr. Rafael Eras Garcia do Colegiado de Terapia Ocupacional da Universidade de Sorocaba.

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