Conheça Iolanda França: pedagoga representará Sorocaba em congresso do Google nos Estados Unidos
Ela faz parte de um grupo de educadores selecionados para falar sobre educação na sede do Google, em Nova Iorque
Por Beatriz Jarins (Agência Focs – Jornalismo Uniso)
O educador Paulo Freire já dizia que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção”, sendo desta forma que a pedagoga Iolanda França aproveita as ferramentas e tecnologias que têm para compartilhar e incentivar a educação.
Isso porque ela representará Sorocaba, ao lado de outros 13 educadores brasileiros, de diferentes regiões, em um congresso do Google, o AI + Edu Fellowhip, em Nova Iorque, nos Estados Unidos, para falar sobre inteligência artificial e tecnologia na educação. O evento também terá a participação de outros professores da América Latina.
A viagem prevista para janeiro de 2025 foi uma surpresa para Iolanda, quando recebeu a notícia. “Tive a aprovação [para ir ao congresso] por e-mail, eu participei de um processo seletivo, precisei falar o porquê que eu queria estar ali, o que eu ia levar de contribuição nossa para o Google e o que eu vou trazer de contribuição do Google para a minha comunidade”.
“Isso é uma coisa muito importante para mim, que eu acho que quando a gente vem de lugares que não são privilegiados, a gente entende o peso de estar ocupando lugares. Eu me arrepio falando disso, porque eu sou uma mulher preta, eu sou filha de uma mãe solo, eu estudei muito”, afirma Iolanda.
Nascida e criada em Sorocaba (SP), a pedagoga fala da importância desse momento. “O peso é de a gente estar nesses lugares e essa força da comunidade. Eu estou representando professores, estou representando mulheres pretas, estou representando a minha comunidade.”
Representando o interior de São Paulo
Ao todo, 45 educadores das Américas, sendo 15 do Brasil, 15 de países falantes de espanhol da América Latina e 15 da América do Norte estarão na sede do Google, apresentando uma ideia de como utilizar recursos tecnológicos na educação, considerando a temática do evento.
A proposta da Iolanda é uma ferramenta que facilita a leitura e a alfabetização, a partir de um recurso do própria Google. “O programa é um site em que você entra e acessa uma biblioteca virtual. Nessa biblioteca, o aluno escolhe um livro e começa a ler em voz alta enquanto o sistema reconhece a fala e ajuda na leitura.”
Essa iniciativa já foi implementada pela própria educadora em dois projetos voluntários, localizados na zona oeste de Sorocaba, um deles é o Núcleo de Atendimento Fraterno “Casa do Caminho”, onde ela dá aulas de tecnologia para crianças e jovens, de 8 a 16 anos.
A instituição existe há mais de 30 anos e a Iolanda frequenta desde pequena, pois os avós também são voluntários. O local oferece atendimento, com evangelização, musicalização e alfabetização, para mais de 70 crianças e jovens, entre 4 e 16 anos, em situação de vulnerabilidade social.
Inventivo e uso da tecnologia na educação
Com a ferramenta, é possível incentivar a leitura para os alunos de diferentes idades. “Se o aluno estiver lendo ‘tantas’ palavras por minuto e as palavras que ele enrosca são de um tipo de fonema específico, ou ele tem dificuldades quando a palavra é maior ou menor, o sistema já mostra”, conta Iolanda.
O guia da Iolanda, que será apresentado no congresso, pretende aperfeiçoar o uso desse recurso já existente, para que ele seja acessível para outras instâncias. “Por exemplo, nem todas as escolas conseguem ter equipamentos suficientes para os alunos utilizarem, como celular, tablet e computador. Então, meu guia está sendo nesse sentido, de adaptar para os diferentes contextos.”
“Muitos deles [durante as aulas do projeto social] falam: ‘ah, eu vou levar esse livro aqui pra eu treinar na minha casa, pra quando eu chegar aqui de novo e usar o tablet a minha pontuação aumentar’”, relembra a educadora.
Além de engajar, a plataforma Google que a Iolanda utiliza é gamificada. “A velocidade da leitura, a quantidade de palavras que acertar, você ganha mais ou menos estrelas, o que seria a gamificação. Então, os alunos já pensam: ‘nossa, eu já li em casa quando a palavra é assim, ou eu já sei ler rápido, então eu vou conseguir ter mais estrelas’, sendo um incentivo a mais”, afirma.
Para conseguir representar Sorocaba em Nova Iorque, Iolanda criou uma vaquinha online, para as pessoas que puderem ajudar. Mais informações estão disponíveis no site: https://iolandafranca.my.canva.site/vaquinha ou no perfil do Instagram @iolanda_educa