O Fotojornalismo e sua Evolução: Uma Visão Contemporânea
Por Enrico Domingues (Agência Focas – Jornalismo Uniso)
O fotojornalismo é uma forma de jornalismo que vai além da simples captura de imagens; ele busca contar histórias, transmitir a emoção e o contexto de um evento, utilizando a fotografia como principal ferramenta de comunicação. A prática de inserir fotos nas publicações começou a ganhar força nos anos 1880, com o jornal Daily de Nova Iorque, mas o termo “fotojornalismo” só se consolidou nas primeiras décadas do século XX. Na década de 1930, foi na Alemanha que essa forma de contar histórias por meio da combinação de textos e imagens se popularizou, especialmente nas revistas ilustradas.

José Ferreira da Silva Neto, conhecido como Neto, é um fotógrafo com anos de experiência em fotografia, natural de Jacarezinho (PR). Em uma entrevista para a revista De Repente 30, ele compartilhou um pouco sobre sua trajetória e a evolução do fotojornalismo. Neto lembra que sua especialização aconteceu de maneira um pouco atípica: “Minha formação foi construída de forma prática. Comecei como assistente de fotografia em estúdios em São Paulo, até que surgiram oportunidades de coberturas de assessoria de imprensa e eventos. O fotojornalismo, na década de 80, se apresentou como uma possibilidade dentro de um mercado em crescimento, que demandava mais profissionais dessa área.”
Ele também falou sobre a regulamentação da profissão nos anos passados. “Antigamente, para ser fotojornalista, não era necessário um diploma específico. Era possível se registrar no Ministério do Trabalho, desde que o profissional já estivesse atuando na função. Esse processo era validado pelos sindicatos de jornalistas e, se aprovado, o fotógrafo poderia publicar suas imagens em grandes veículos de comunicação. Isso fez com que o fotojornalismo fosse um campo mais profissionalizado em comparação com os dias de hoje.”
Sobre o mercado de trabalho atual, Neto observa a flexibilização que ocorreu com o avanço da tecnologia. “Hoje, a fotografia ficou mais acessível. As câmeras se tornaram mais fáceis de usar, permitindo que qualquer pessoa consiga tirar boas fotos. Isso tem um impacto direto na demanda por profissionais especializados. A profissão perdeu um pouco do seu valor e, consequentemente, os salários também caíram. Mas, por outro lado, isso também abriu portas para novos caminhos, especialmente com o crescimento das mídias digitais.”
A adaptação ao novo cenário digital é uma das grandes mudanças que Neto observa. “Muitos jornais e revistas diminuíram suas equipes de fotojornalismo, mas isso também gerou novas possibilidades. Hoje, um fotojornalista pode criar seu próprio conteúdo, desenvolver projetos e publicá-los em plataformas digitais, ganhando mais autonomia no processo. É um novo cenário, mas que mantém a missão de documentar a realidade.”

Neto também fala sobre a importância do fotojornalismo na documentação de momentos históricos e na denúncia de injustiças sociais. “Fotos icônicas, como a de Migrant Mother, de Dorothea Lange, têm o poder de não apenas informar, mas de despertar sentimentos profundos. Elas nos fazem refletir sobre a condição humana e nos conectam com eventos de maneira visceral. Durante conflitos, como a Guerra da Crimeia, em 1854, as imagens de fotojornalistas ajudaram a formar a percepção pública sobre esses eventos.”
Gêneros do Fotojornalismo
O fotojornalismo engloba vários gêneros, e cada um tem um papel específico na sociedade:
Fotografia Social: retrata questões políticas, econômicas e sociais.
Fotografia Desportiva: registra momentos decisivos de eventos esportivos.
Fotografia Cultural: foca em eventos culturais e artísticos.
Fotografia Policial: documenta ações policiais e crimes.
Esses profissionais, como Neto bem aponta, enfrentam desafios únicos. Eles precisam estar no lugar certo, na hora certa, e têm a responsabilidade de retratar a realidade de maneira precisa e ética. A manipulação de imagens é uma questão sensível, pois pode comprometer a integridade da informação, algo que é sempre observado com cuidado no campo do fotojornalismo.
A Evolução com a Tecnologia
A tecnologia digital transformou profundamente o fotojornalismo, mas a essência dessa prática continua a mesma: capturar a verdade e contar histórias que tocam o público. As câmeras digitais e as ferramentas de edição tornaram o trabalho mais ágil e acessível, mas também trouxeram novos desafios, como o aumento da competição e a desvalorização do trabalho especializado.
Embora o mercado de trabalho tenha mudado, e o fotojornalismo tenha se adaptado à era digital, sua missão permanece: documentar o mundo de maneira fiel e impactante, usando imagens para preservar a história e fomentar discussões sociais e culturais.
Como conclui Neto, o fotojornalismo pode estar passando por transformações, mas seu papel na sociedade continua sendo o de contar histórias com um poder único de sensibilizar e inspirar.