Associação Amizadaria Solidária: fazer o bem, sem olhar a quem
O projeto busca promover qualidade de vida por meio do acesso a necessidades básicas e de aprendizados gratuitos que incentivam a autonomia e a integração de cada pessoa — especialmente daquelas em situação de vulnerabilidade
Por Yumi Cugler, Isabely Sette e Letícia Fávero (Agência Focas – Jornalismo Uniso)
De 2022 para 2023, cresceu o número de brasileiros que moram em casas onde alguém recebe algum tipo de benefício social: passou de 25,8% para 27,9%, segundo o IBGE. No mesmo período, o país registrou uma queda na pobreza e na extrema pobreza. Os dados mostram que, sem a ajuda desses programas, o número de pessoas vivendo com o dinheiro escasso seria bem maior. Por exemplo, sem os benefícios, a taxa de extrema pobreza teria aumentado, subindo de 4,4% para 11,2%. Esses números ajudam a entender como os programas sociais têm feito diferença na vida de quem mais precisa.
A associação Amizadaria Solidária foi fundada em 2016, em Sorocaba, com o objetivo de contribuir para a dignidade e o bem-estar de pessoas em situação de vulnerabilidade por meio da solidariedade prática, do acolhimento com empatia e de ações de capacitação que abrem caminhos para a autonomia e a transformação de vidas.
Dentre as ações solidárias, os atendimentos oferecidos são fundamentados na escuta ativa e acolhedora, sendo organizados em três vertentes: Reiki (técnica japonesa de imposição de mãos que busca equilibrar a energia do corpo, promovendo relaxamento e bem-estar), Reflexoterapia (terapia que estimula pontos específicos dos pés – ou mãos – ligados a órgãos e sistemas do corpo, com o objetivo de aliviar tensões e melhorar o funcionamento geral) e Psicoterapia. Todos realizados por profissionais qualificados.

Além dos atendimentos terapêuticos, também é desenvolvida uma série de ações que fortalecem os projetos sociais já existentes. Entre elas estão o Bazar Solidário – a principal fonte de renda da instituição –, a Padaria Solidária – que oferece a capacitação em panificação e confeitaria e ainda contribui com a arrecadação da instituição pela participação na Nota Fiscal Paulista, em que se estimulam doações por meio da inclusão do CPF nas notas fiscais – e a Marmita Solidária – responsável pela produção de refeições destinadas às comunidades atendidas e casas terapêuticas parceiras.


Outro importante serviço é o Atendimento Social da Amizadaria Solidária, que busca oferecer suporte integral às famílias e indivíduos em situação de vulnerabilidade, por meio de uma conversa, orientação individualizada e encaminhamentos de acordo com a realidade de cada um.
Além dessas iniciativas, a associação também realiza outras atividades complementares como forma de apoio e cuidado à comunidade: são eles os cursos de artesanato, de técnicas de vendas, de auxiliar de cozinha e de cuidador de idosos, além de oficinas de culinária do básico ao avançado (com uma vertente para o público da terceira idade), aulas de capoeira, de alfabetização, de confecção de chinelos e de personalização de camisetas, bonés e canecas.
O workshop de empregabilidade também é um projeto em andamento. Todas essas ações têm como objetivo capacitar os participantes para o mercado de trabalho, promover autonomia e incentivar a geração de renda por meio do aprendizado.

Jaqueline Camargos, 61 anos, é voluntária, artesã e comparece todas as quartas-feiras para ministrar sua oficina de artesanato em feltro oferecido pela associação.
Ela apresenta os moldes para as suas alunas e, a partir disso, é realizada a costura por elas sob o seu auxílio. Após as confecções, são realizadas as vendas que ajudam as beneficiárias a terem uma renda extra. “É um feltro, é um artesanato, mas também é um encontro de mulheres, sabe?” A artesã veio de Minas Gerais e para ela, não há nada mais gratificante do que ajudar ao próximo. “É muito gratificante, é um trabalho que não tem preço. Eu não tinha amizade com ninguém, então aqui eu me senti acolhida, aqui é a minha segunda casa. […] É uma sementinha que eu plantei e está germinando, está crescendo, e elas estão ali agora, fazendo o trabalho delas, já conseguindo independência”, finaliza Jaqueline.

As doações ocorrem pelos voluntários, que podem contribuir com itens para a venda no Bazar Solidário, comida para colaborar com as Marmitas Solidárias ou com valores simbólicos. Existe a opção de se tornar um mensalista, contribuindo todo mês com a quantia que o voluntariado escolher.
O Tauste Supermercados também é um dos voluntários do projeto que doa produtos em condição de consumo, mas que não podem mais ser comercializados. “Às vezes é uma embalagem amassada, é uma fruta que está um pouquinho ‘assim com problema’, mas tudo consumível, tudo em perfeito estado. A Palmira, que lidera a cozinha, faz uma separação dos itens que vão ser necessários na cozinha. Os voluntários limpam, higienizam, cortam e armazenam”, conta Carmen Sylvia de Moura Mestre, 66 anos, administradora da sede há quase três anos.
Além dessas opções, eles contam com a campanha Latão Solidariedade, em que o voluntário pode solicitar e se responsabilizar por ele, sem nenhum custo. A importância dessa iniciativa se dá pela facilidade para realizar as doações. O Latão é instalado em academias ou condomínios, por exemplo, e quando está cheio, o responsável comunica a associação para que seja levado ao Bazar Solidário e realizada a curadoria das peças. Atualmente, existem de 16 a 18 latões espalhados em condomínios e academias.

Quem deseja ser voluntário na Amizadaria Solidária pode entrar em contato pelo WhatsApp. Muitas pessoas chegam até o projeto por indicação de quem já participa, por alguma doação feita anteriormente, ou até por divulgação na rádio, no aplicativo Agenda Sorocaba e na plataforma Solidarizando – que conecta projetos sociais a voluntários com base na localização.
A partir desse primeiro contato, os responsáveis pelo projeto conversam com a pessoa interessada em participar para entender como ela conheceu o Solidarizando e para apresentar as vagas disponíveis. Na sede do projeto, é possível se candidatar diretamente para funções específicas, como cozinha, bazar, apoio terapêutico ou digitalização de notas fiscais. Assim que a candidatura chega, os responsáveis pelo projeto entram em contato para uma entrevista, em que a escala de participação, com dia e horário, é combinada. O trabalho voluntário é realizado de segunda-feira a sexta-feira, na sede do projeto, e também aos sábados, no bazar.
Já quem procura os serviços da associação como beneficiado pode entrar em contato pelo WhatsApp ou pessoalmente. A equipe responsável realiza um atendimento próximo, identifica o que a pessoa precisa e direciona para os projetos que podem contribuir.

A Amizadaria Solidária surgiu da união de um grupo de amigas que, sensibilizadas com a situação de pessoas em vulnerabilidade, começaram a preparar marmitas e a arrecadar cobertores para doação. O nome da associação nasceu da união entre amizade e solidariedade, refletindo a vontade genuína de fazer o bem.
Maria Lúcia dos Santos Mariano, 47 anos, é beneficiária do projeto e afirma, “não vejo a hora de vir pra cá, sabe? Espairecer a cabeça. Tem bastante colega aqui também, né? A gente conversa, desabafa. Aqui é muito bom, viu? Muito bom. Me ajudaram bastante, me ajudam até hoje, graças a Deus. As pessoas são muito dedicadas. […]Venho aqui há um ano, conheci a instituição através de uma vizinha que já frequentava. A minha filha é especial e ela precisa de remédio controlado, até então, não tinha conseguido pela farmácia de Alto Custo. Aqui me ajudaram com remédio também”, conta Maria.
Serviço
Horário de atendimento: Segunda a sexta-feira das 08h às 17h.
Endereço: Rua Martins Oliveira, 251 – Vila Haro – Sorocaba/SP
Telefone: (15) 99857-6458
E-mail: associacaoamizadariasolidaria@gmail.com