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Dia Nacional da Pessoa com Deficiência: como tornar a sociedade realmente acessível para todos

“A deficiência não limita o ser humano, o que limita são as barreiras sociais, e quando as derrubamos, todo mundo sai ganhando”, a frase foi recuperada pela psicóloga Letícia Oliveira Américo, durante entrevista concedida à Agência Focas

Por: Letícia Américo Camargo (Agência Focas: Jornalismo Uniso)

Celebrado no dia 21 de setembro, a data traz novo olhar social. Foto: Letícia Américo Camargo

Celebrado desde 2005, o Dia da Pessoa com Deficiência tem como objetivo promover a inclusão social e a conscientização sobre a importância da acessibilidade à sociedade. A data abre espaço para a discussão sobre preconceito e como abordar o assunto de forma acolhedora e respeitosa. Por isso, a necessidade de se aprender sobre capacitismo e superar o atraso atitudinal, são essenciais para a criação de uma sociedade mais aberta e agradável para todos.

Pessoa com deficiência é aquela que tem impedimentos de longo prazo, de natureza física, mental, intelectual ou sensorial que, em interação com diversas barreiras, podem ter obstruída sua participação plena e efetiva na sociedade, em igualdade de condições com as demais pessoas. O conceito está expresso no art. 1º da Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, aprovado pela Assembleia Geral da ONU, em 2006.

Segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o Brasil tem 14,4 milhões de pessoas com deficiência, o que representa 7,3% da população com dois anos ou mais. Além disso, foram identificadas 2,4 milhões de pessoas com autismo, dados coletados pela primeira vez. As informações são parte de dados preliminares da amostra do Censo Demográfico de 2022.

Ao tratar de assuntos delicados como a deficiência de uma pessoa, são necessários o cuidado e a mente aberta para a construção de um ambiente saudável. Letícia Oliveira Américo tem 30 anos e é psicóloga, e atualmente atende em sua clínica particular e trabalha na APODET (Associação de Pessoas com Deficiência de Tatuí).

A falta de políticas públicas e os problemas relacionados à inclusão social impedem que esses grupos possam desfrutar plenamente dos serviços e lazeres comuns a todos. A inserção deve partir de um aprendizado geral, como explica a psicóloga, “precisamos aprender a nos comunicar da forma como eles entendem, isso faz parte da não exclusão. [É preciso] Abrir espaço para que eles façam parte da sociedade. Eles precisam de suportes, e nós estarmos dispostos como sociedade a abrir esses espaços ajuda a não os excluir.”

Nesse cenário, Lucas Borelli de 33 anos, professor e profissional da área, trabalha na APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais) de Tatuí, instituição que desempenha um papel fundamental no acolhimento das pessoas com deficiência. Segundo ele, a entidade muitas vezes é o único espaço onde esse público encontra apoio completo, oferecendo desde terapias especializadas na área da saúde até acompanhamento educacional e social. “Esse acompanhamento contínuo faz toda a diferença, pois ajuda a desenvolver habilidades, aumentar a independência e melhorar a qualidade de vida”, afirma.

Lucas reforça que a mudança precisa ir além da discussão e se materializar em ações concretas. Para ele, são necessárias políticas públicas mais fortes e de longo prazo, que garantam não apenas a acessibilidade física, mas também oportunidades reais de estudo e emprego. Isso envolve preparar as escolas para a inclusão desde a infância, criar programas de capacitação profissional voltados às pessoas com deficiência e incentivar que empresas realizem contratações verdadeiramente inclusivas, indo além do simples cumprimento de cotas. Outro aspecto essencial, segundo ele, é a promoção de campanhas de conscientização social para combater o preconceito e evidenciar que pessoas com deficiência têm muito a contribuir em diferentes áreas da sociedade.

Para pessoas mais velhas, este assunto se torna ainda mais delicado, uma vez que habitualmente a temática se volta para crianças e adolescentes. “Hoje, falamos muito mais sobre isso, mas se abre mais espaço para falar sobre as crianças, e às vezes, deixamos de falar sobre os adultos, que por sua vez, não tiveram as mesmas oportunidades que temos atualmente, as pessoas deixam de dar atenção por serem mais velhos, ou ignoram os problemas, por pensarem ser fruto da velhice”, ressalta Letícia.

A data não apenas ressalta a importância da eliminação do preconceito, mas também nos convida a repensar a forma como enxergamos a diversidade humana. Pessoas com deficiência não devem ser lembradas apenas em ocasiões específicas, mas reconhecidas diariamente como parte fundamental da sociedade. Quando as barreiras são derrubadas, não é apenas a vida delas que melhora: todos ganhamos em humanidade, empatia e justiça social. A verdadeira inclusão acontece quando cada pessoa encontra um espaço de pertencimento, e esse é o futuro pelo qual vale a pena lutar.

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