Alunos de Moda ganham prêmio em Colóquio nacional
Os alunos do curso de Moda da Uniso, Joey Kauan Leme e Giovanna Izac Silva, receberam no início de outubro, o prêmio de melhor trabalho apresentado no 20º Colóquio de Moda — maior congresso acadêmico de Moda do Brasil — promovido pela Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP) e realizado na cidade de São Paulo. A conquista veio após a apresentação do projeto de Iniciação Científica (IC) “Costurando com a Cultura Afro-brasileira: Orixás”, no Grupo de Trabalho “IC 19 – Trajes Africanos e Afro-Brasileiros: Moda, Memórias, Resistências e Festividades”, que é voltado para alunos de graduação.

De acordo com a docente da Uniso e coautora do trabalho apresentado, professora Aymê Okasaki, ele foi a junção das experiências do projeto que cada aluno desenvolveu em edições diferentes da IC. “Eles deram oficinas ao longo de dois anos, falando um pouco sobre os trajes dos orixás. Cada oficina falava sobre a roupa de um orixá específico”, explica.
Segundo Okasaki, esse projeto de extensão é desenvolvido há alguns anos, mas em duas edições falou-se especificamente sobre orixás. “O projeto que se chama Costurando com a Cultura Afro-Brasileira. A gente já falou de tecidos, agora tem um atualmente de tecidos, mas esse foi feito especificamente sobre os trajes dos orixás, e ele vem da minha pesquisa do doutorado, que foi sobre roupas de candomblé”, detalha.

No seu trabalho de doutorado em História Social, desenvolvido na Universidade de São Paulo (USP), Okasaki pesquisou um terreiro de candomblé e tem levado esses conhecimentos para dentro das salas de aula. “Eu venho sempre atrelando as minhas pesquisas e investigações com a sala de aula. Então, além da questão da extensão, a gente tem também algumas iniciações científicas dentro do tema de cultura afro-brasileira, de tecidos africanos”, comenta.
“A Giovanna já apresentou o projeto na USP, em um evento organizado por Harvard. O Joey também já apresentou em outros congressos”, relata Okasaki. A professora enfatiza que é “legal ver o trabalho se expandindo para além dos próprios alunos, e o que eu percebo muito é eles se sentindo mais pertencentes, eles se interessando muito mais”.

Silva conta que tinha o interesse em fazer iniciação científica e que o apoio recebido pela professora Okasaki foi fundamental para transformar a ideia em prática. “Eu sou católica, mas minha avó era de terreiro, e assim pude conhecer um pouco mais sobre o assunto e sobre ela também! E sinto que foi uma experiência muito única e rica em aprendizado”, explica.
Leme, que também não é frequentador de terreiros de Candomblé e foi responsável pela fase dois do projeto iniciado por Silva, comenta que o projeto foi uma oportunidade para abordar assuntos contemporâneos, trazendo para as pessoas, história e religiosidade, temas que ele também considera interessante, mas que ainda são tabus na sociedade. “Minha experiência foi bem bacana, não só por adentrar mais na religiosidade, que é algo que já me interessava, mas também passar isso para outras pessoas. A questão do apresentar, da didática, também gostei muito, porque abre a visão sobre como dar aulas”, detalha.

Além da luta contra a intolerância religiosa e a divulgação da cultura afro-brasileira, as pautas raciais também fazem parte do projeto. Okasaki comenta que Leme e Silva foram os primeiros bolsistas de extensão negros do curso de Moda à frente de um mesmo projeto. “É importante sempre estar reafirmando o que a gente já defende, só que levando isso mais adiante ainda, junto com esse projeto”, declara Leme.
Leme comenta que a luta antirracista já era pauta de sua rotina e que buscou reafirmar isso por meio da ancestralidade e da religiosidade que envolviam o projeto. “A gente acaba não só estudando a religiosidade em si, mas principalmente a cultura, que é a raiz de tudo. Estudamos também os povos, as trajetórias e o território onde a gente está hoje”, pondera.
“Durante o projeto e no curso de Moda, nos debates abordamos diversos temas como a escrevivência [termo criado pela escritora Conceição Evaristo], que é sobre você contar suas vivências através da escrita, sempre envolvendo minorias, o povo preto, LGBTQIAPN+ e outros grupos”, detalha Leme. Ainda na luta antirracista, o aluno comenta sobre o embranquecimento do orixá Iemanjá: “ela é representada mais como uma mulher branca, sendo que não é. Iemanjá é uma mãe preta”, afirma.
Confira imagens das oficinas:












Texto: Rafael Filho
Imagens: arquivo pessoal Aymê Okasaki
Publicação Original: Uniso Oficial: https://unisonoticias.uniso.br/index.php/2025/10/31/alunos-de-moda-ganham-premio-em-coloquio-nacional/
