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Dietas na internet: Consultas online não dispensam orientação profissional

Uma simples busca online pode proporcionar praticamente qualquer tipo de informação. As dietas são um exemplo clássico: estão facilmente disponíveis nas mídias digitais, muitas vezes prometendo resultados imediatos para quem não tem tempo a perder. Mas é preciso ter cuidado. É o que alerta Márcia Regina Vitollo, doutora em Nutrição, destacando que o ato em si não pode ser considerado certo nem errado, mas que é preciso discernimento para interpretar os resultados da busca ou as postagens que podem surgir no seu feed de notícias.
“Tudo depende”, ela pondera. “Ovo faz mal? Depende de quem está comendo e do quantoestá comendo. Carne faz mal? Também depende, do tipo da carne, da quantidade, de quem é a pessoa que está comendo, e como ele ou ela está comendo.” Ela destaca que é necessário lembrar que alimentação e nutrição são conceitos diferentes: alimentação é a ação de comer, enquanto a nutrição compreende as etapas pelas quais o alimento passa, desde a ingestão até a sua eliminação. Portanto, o processo de nutrição muda de organismo para organismo, mesmo que os mesmos alimentos sejam ingeridos. Isso significa que as dietas disponíveis na internet nem sempre funcionarão da mesma forma para todos. “Existem as informações que estão disponíveis na internet e nas redes sociais que são úteis, mas há aquelas que distorcem a realidade”, ela diz.
Vale lembrar que os nutricionistas devem se basear numa avaliação pessoal antes da prescrição de uma dieta. Com base na avaliação e em cálculos de índices, o profissional pode recomendar indicações específicas para a condição ou o objetivo de cada paciente, estudando cada caso em particular. A busca por ajuda na internet não garante a mesma atenção. É claro que existem nutricionistas trabalhando nas mídias digitais. Mesmo nesse meio, as dicas podem ser valiosas, desde que o profissional trabalhe eticamente. Uma dica para separar as informações úteis das enviesadas é estar atento às autopromoções ou às associações a marcas, que podem influenciar na fala de um profissional.
Na internet muitos alimentos e dietas são promovidos de modo a criar uma ilusão. Lucas Sanches, psicólogo, alerta que a busca por resultados “mágicos” pode resultar em impactos psicológicos. “É bem possível que a pessoa em questão passe a crer que dietas não funcionam, ou então que existe algo de errado com elas. Esses pensamentos são nomeados de disfuncionais, justamente por serem pautados em uma lógica falha, afinal, as receitas ‘milagrosas’ tendem a não dar certo pois não foram pensadas e avaliadas para a sua individualidade, neste caso o seu biótipo e outras características nutricionais e hormonais”, ele diz.
Para a psicóloga Edilaine Moraes, as raízes desse comportamento são mais profundas: “O desejo de ter tudo para ontem, o que raramente é possível, aumenta o nível de ansiedade das pessoas. Esse imediatismo advém, também, da velocidade de veiculação das informações, sejam as informativas ou as publicitárias, as quais geram uma necessidade de adquirir coisas, sejam informações, produtos ou até mesmo respostas imediatas para questões pessoais, sejam elas físicas ou emocionais.”

Agência Focs / Jornalismo Uniso
Texto: Julia Natarula Cerdeira

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