JIU-JITSU A suave arte marcial
Esqueça a ideia popular de que o mais forte levará sempre vantagem sobre o mais fraco em um embate físico. O jiu-jitsu (do japonês jū, “suavidade”, e jutsu, “arte”) dispensa o uso exclusivo de músculos e busca através da técnica reverter o estigma de que o brutamonte fará “picadinho” do, digamos, mais mirrado. Porém, é fundamental ressaltar que o objetivo da arte não é estimular a violência gratuita entre seus adeptos. Pelo contrário.
Praticado por monges budistas na Índia, país em especula-se que a arte tenha germinado, eles desenvolveram uma técnica baseada nos princípios do equilíbrio, do sistema de articulação do corpo e das alavancas, evitando assim o emprego da força desmedida e de armas em batalhas. A preocupação era a autodefesa, não ferir o oponente desnecessariamente.
Filosofia – “Aprendi que fortes e fracos vivem num mundo onde todos têm chance de vencer e que, antes de tudo, deve haver lealdade e respeito ao seu adversário.” A fala é de Murillo Gracia, praticante da arte marcial que enaltece sua filosofia como um ensinamento extremamente importante, tanto quanto a parte técnica e prática.
Prestes a ganhar sua graduação em faixa preta, o professor de educação física e jiu-jitsu, Carlos Monteiro, comenta sobre o que aprendeu de mais importante: “Aprendi a ter disciplina, mais humildade, hierarquia e muito respeito pelo adversário”.
História – Com a expansão do budismo, o jiu-jitsu percorreu o sudeste asiático, a China, e chegou ao Japão, onde se desenvolveu e se tornou popular. A partir do final do século XIX, alguns mestres de jiu-jitsu migraram do Japão para outros continentes, vivendo do ensino da arte marcial e das lutas que promoviam.
Maeda Koma, mais conhecido como Conde Koma, foi um desses mestres. Após fazer viagens ensinando e lutando pelo Europa, ele chegou ao Brasil em 1915 onde conheceu Gastão Gracie, que levou seu filho mais velho Carlos para conhecer o mestre e sua luta. Anos mais tarde, Carlos Gracie se tornou profissional e abriu a primeira academia da arte no Brasil, a Academia Gracie de Jiu Jitsu.
Evolução – Assim como outras artes marciais, o jiu-jitsu tem sua própria graduação e critérios para mudança de faixa. O processo, dependendo da intensidade dos treinos, costuma demorar anos.
Todos os iniciantes começam com a faixa branca. Na sequência vem a azul, a roxa, a marrom e, finalmente, a tão almejada faixa preta. A paciência é, portanto, uma virtude indispensável para quem pretende ingressar no esporte.
Mas a luta, além de todos os benefícios supracitados, atua também como um poderoso antiestressante: “Acredito que se não praticasse o jiu- jitsu ficaria maluco com tantas coisas do dia-a-dia. Quando entro no tatame, tudo o que acontece no mundo fica do lado de fora”, comenta Bruno Kuwabara, que além de “limpar a mente”, como ele mesmo diz, ainda emagreceu muito com a luta: “Uma das melhores decisões que tomei, com certeza. Treino há dois anos e emagreci 24 quilos com a ajuda do Jiu.”
E não é só no Brasil que o esporte se tornou bastante popular e difundido. É o que conta entusiasmado o praticante Raphael Santos, que quando saiu do país rumo à Irlanda não imaginava que conheceria em solo estrangeiro tantos outros aficionados pelo esporte: “Assim como no Brasil, há em Dublin algumas academias com professores brasileiros ensinando a luta. Não esperava encontrar outros apaixonados lá também!”