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OPINIÃO Trânsito: mais quanto tempo?

Sorocaba deve receber dentro de três anos o Bus Rapid Transit – BRT – para o transporte coletivo. Esse novo conceito que pode vir a desafogar o trânsito local tem dado frutos nas cidades onde foi implantado. Curitiba, por exemplo, foi a primeira a receber o sistema, em uma época onde o trânsito não era assim tão complicado, entre o final dos anos 70 e inicio dos 80. Hoje a frota de veículos na região metropolitana, segundo dados do cadastro de veículos do Departamento de Trânsito do Paraná, ultrapassa 1,3 milhão e o transporte público, que é referencia no país, passou de opção para obrigação já que tem uma das maiores frotas de veículos particulares do Brasil. 
 O BRT consiste em um sistema de transporte coletivo mais barato que o metrô e com capacidade similar ao do transporte sobre trilhos, o que pode baratear também as tarifas. Sorocaba é uma das cidades mais caras em termos de transporte coletivo, sendo R$ 2,95 a tarifa comum, valor que para muitos usuários é um absurdo, já que o sistema de transporte é bastante deficiente. A promessa de campanha do atual prefeito pode se tornar um grande plano de marketing para uma possível reeleição, já que a previsão de entrega do ônibus rápido para a população é em 2016, último ano da gestão. 
 No inicio de março, o prefeito Antônio Carlos Pannunzio convocou uma entrevista coletiva para anunciar um repasse de R$ 228,1 milhões vindos do governo federal, através do PAC 2, para serem investidos em transportes, saneamento básico e pavimentação. Destes, cerca de R$ 127 milhões seria utilizado para a implantação do BRT e com o objetivo de desafogar o sistema viário da cidade. Mas por conta dos trâmites legais e obras o sorocabano vai ter que esperar muito ainda para ter seu “sonho de liberdade” realizado.
 Para se ter ideia, o tempo que se perde para ir do Centro ao Parque das Laranjeiras, Zona Norte da cidade, em horário de pico, é o mesmo que se levaria para ir de Sorocaba a Itu, por exemplo, cerca de 40 minutos. Claro que existem alguns fatores que agravam a situação: os semáforos, 14 ao longo do percurso; vias estreitas com apenas duas faixas de rolagem, em muitos pontos; os ambulantes, que buscando complementar suas rendas com a venda de mercadorias nos semáforos, em alguns momentos, acabam prejudicando as ações dos motoristas. Não se pode deixar de citar a inexperiência de alguns amarelinhos da Urbes, empresa que gerencia o trânsito na cidade, que, muitas vezes, ao invés de orientarem o fluxo de veículos, apenas observam a situação. 
É possível dar mais equilíbrio ao trânsito de Sorocaba somente ajustando os dispositivos direcionados para este? Sim, é possível. Sorocaba conta com um dos mais modernos sistemas de monitoramento viário do estado, são 36 câmeras espalhadas pelos principais corredores da cidade, uma central que monitora o sistema 24 horas por dia, cerca de 100 agentes de trânsito que se dividem em quatro turnos, mas falta atitude em alguns momentos. Se todo este aparato fosse utilizado de forma mais simples, talvez não ouvíssemos tantas reclamações de motoristas na cidade. 
Uma sugestão seria aplicar a onda verde nos principais corredores viários e em situações que se note, através das câmeras, maiores complicações no trânsito. Manter agentes de trânsito operantes, e não observantes, que regulem o fluxo de veículos nos locais com maior movimentação. Estas seriam apenas algumas situações que, com certeza, iria auxiliar o processo de escoamento do transito local, entretanto, tais sugestões, certamente, seriam barradas pelos engenheiros e técnicos que estudaram muitos anos para ocupar os cargos em que estão, mas que ainda não conseguem ajustar o trânsito a essa realidade de filas, buzinas e estresse que tomam conta das ruas na cidade de Sorocaba. 
Douglas Valle (AgênciaJor/Uniso)

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