Internet é usada como ferramenta para estudo de novos idiomas
Grupos de estudos nas redes sociais promovem intercâmbio cultural entre estudantes de diversos lugares e idiomas
Uma prova disso é o “Poliglotas da Depressão”, grupo criado por estudantes para compartilhar arquivos on-line dos mais variados idiomas nas redes sociais, além dos subgrupos específicos de cada idioma. O que inclui idiomas que vão desde o grego e o latim, as línguas mais comumente estudadas hoje em dia, como inglês, espanhol, francês, italiano, alemão, até outras mais exóticas, como russo e esperanto. Muitos dos integrantes usam a ferramenta como complemento dos cursos que fazem, outros estudam por conta própria.
O “Poliglotas” surgiu a partir de uma página que fazia humor com os altos e baixos do aprendizado de idiomas, criada por Aron Burgos e um amigo que estudavam idiomas por conta própria, mas ainda não conheciam o “mundo dos poliglotas”, então, cerca de dois anos atrás, o grupo foi criado no Facebook. Aron conta que até então só conhecia alguns livros e aplicativos. “O intuito do grupo é trocar experiências, dicas e materiais, além de poder conhecer e interagir com pessoas do mundo todo”, explica. Aron não imaginava que o grupo cresceria tanto, contando hoje com mais de 17 mil integrantes.
A internet torna a prática de idiomas muito mais acessível e divertida. A diversidade de materiais, como vídeos, PDFs e sites especializados, e a possibilidade de trocar experiências, dúvidas e praticar com estrangeiros por meio das redes sociais e das chamadas de vídeo simultâneas atraem estudantes que querem tornar-se fluentes sem sair de casa.
Amanda Mattiolli, tradutora jurídica e professora de inglês e italiano, de 27 anos, descobriu o grupo por acaso e considera as redes sociais excelentes para complementar os estudos, já que permitem interação entre nativos de outras línguas que dão suporte a quem está aprendendo assim como os falantes de português ajudam alunos estrangeiros. “É um intercâmbio sem sair de casa, uma troca infinita de conhecimento”. Segundo ela, os estudos não são só parte do seu trabalho, já que eles também se refletem em lazer através de filmes, livros, músicas; não é somente “falar” uma outra língua, é vivê-la, observa.
Úrsula Galindo, de 17 anos, é estudante e começou a aprender alemão quando tinha 3 anos, em uma escola bilíngue do Rio de Janeiro. Não gostava do idioma, mas quando saiu do colégio decidiu retomar os estudos. Ela descobriu o grupo através de um amigo e usa as redes sociais como um meio de enriquecer seu vocabulário e torná-lo mais natural, além de buscar, também, entretenimento no idioma que estuda.
Kelly Cipriano, de 37 anos conta que quando precisa de um material para estudo costuma pedir nos subgrupos dos idiomas de seu interesse, mas que os colegas do grupo ajudam principalmente nas expressões idiomáticas. A professora se encantou com o latim quando foi para Roma estudar italiano, tanto que resolveu estudar o idioma para um dia poder voltar a Itália e estuda-lo mais a fundo. Segundo ela o material encontrado na internet é vasto e a vantagem de estudar o idioma é que por ser uma língua de uso específico, a mesma permanece intocada, sem variações e homogênea.
Matheus Pinheiro, de 17 anos, é estudante, e dos quatro idiomas que fala, aprendeu três estudando sozinho: espanhol, francês e italiano. Só fez aulas de inglês. Ele foi se interessando cada vez mais por idiomas graças ao contato com pessoas de diferentes lugares do mundo em Copacabana. “Além de ser um importador de conhecimento da forma mais básica que existe, posso passar conhecimentos absurdos obtidos em fontes estrangeiras para pessoas que são analfabetas funcionais. Isso para mim é que dá mais gosto, é sentir cada conexão de forma mais intensa e tudo isso graças ao aprendizado de algo tão gostoso”, declara.
A internet uniu mundos que geograficamente seriam impossíveis de se aproximar, graças a ela a cultura, os valores e costumes de outro país estão ao alcance das mãos, graças a internet. Qualquer um que tiver uma conta no Facebook e buscar por “Poliglotas da Depressão” pode ter acesso ao grupo e utilizá-lo como instrumento de aprendizagem.