Jornalismojornalismo onlineSorocabaUniso

Linkin Park finalmente retorna ao Brasil com grande parte do mesmo público de anos atrás

Por Gabriela Dias (Agência Focs – Jornalismo Uniso)

Gerações de admiradores se reuniram no dia 15 de novembro de 2024 em São Paulo para reviver a energia única da banda, criando uma mistura inesquecível de nostalgia e novas descobertas

Linkin Park se apresentou para um estádio lotado no dia 15 de novembro – Foto: Gabriela Dias

Às 20h36 as luzes que antes iluminavam o estádio Allianz Park se apagam mergulhando tudo em um manto de sombras e ansiedade. Então, uma luz toma conta do palco como se estivesse vibrando junto à batida da música e os gritos surgem, como um clamor coletivo de alma e energia, enquanto a cidade que mais pulsa ao som de Linkin Park no mundo, segundo dados de 2023 da plataforma Spotify, se prepara para entregar-se a uma noite de pura intensidade e espetáculo.

Era como se cada nota surgisse como uma forte onda, inundando o coração de mais de 45 mil fãs presentes. Mesmo diante das diferenças, dentro daquele estádio todos se uniram tornando-se uma só voz e ritmo.

Formada em 1996, Linkin Park seguiu sua carreira até 2017, com Mike Shinoda, Chester Bennington, Brad Delson, Dave Farrell, Joe Hahn e Rob Bourdon, mas foi neste ano que o mundo recebe a trágica notícia do falecimento de Chester, vocalista, deixando todos inconsoláveis. Após sete anos de hiato, como se o tempo precisasse cicatrizar feridas, o Linkin Park retorna aos palcos com a nova vocalista, Emily Armstrong, e o baterista, Colin Brittain.

Nayara Bitencourt e seu marido pela primeira vez em um show do Linkin Park- Foto: Gabriela Dias

“Não é uma substituição, é um recomeço. Você vê que tem muito hate em cima dela [Emily Amrstrong], mas ela é muito boa. É um álbum [From Zero] que está muito em contato com o Linkin Park antigo, com camadas mais maduras”, opina Nayara Bitencourt (32), analista de facilities

Era 2003, Nayara, com seus 11 anos, estava diante da TV, acompanhando o programa televisivo Disk MTV. Foi em meio àqueles diversos clipes de bandas e sons que ela se deparou com Somewhere I Belong, música que fez despertar uma nova paixão.

Estar pela primeira vez em um show de sua banda preferida, Linkin Park, é a concretização de um sonho que, por muito tempo, pareceu impossível. Mais do que isso, é uma oportunidade de reviver memórias preciosas da sua avó, que, em vida, tinha o prazer de ouvir as músicas junto à neta.

A analista de facilities lembra que, em 2004, na primeira vinda da banda ao Brasil, ela era muito jovem e não tinha autorização dos pais para ir ao show. Já em 2017, dois meses antes do falecimento de Chester Bennington, ela se viu sem companhia para o show: “Quando o Chester faleceu, eu pensei: ‘poxa, a oportunidade que eu tinha, não tenho mais’”.

Jennifer Machado Soares horas antes do início do show – Foto: Gabriela Dias

Assim como para Nayara, o Linkin Park faz parte da vida da pesquisadora Jeniffer Machado Soares (30). Seu vínculo com a banda surgiu na adolescência, quando as aulas de educação física eram embaladas pelas músicas, e mais no futuro elas se tornaram a trilha sonora de um momento marcante: “O Linkin Park foi música para a nossa entrada do casamento, a gente escolheu Shadow of the Day”.    

A banda apresentou diversos hits como In the End, Crawling, Breaking the Habit, além de Leave Out All the Rest, que preencheu todo o estádio com um à capela e arrepiar junto ao público. Mas eles também fizeram questão de celebrar seu novo álbum, lançado no dia que eles se apresentaram pela primeira vez na capital paulista 15 de novembro. From Zero, que em português seria Do Zero, representa e celebra este novo capítulo reiniciado, além de fazer referência ao início deles com Xero, primeiro nome da banda.

Emily Armstrong e Mike Shinoda com
a bandeira do Brasil – Foto: Gabriela Dias

Bastou Mike Shinoda perguntar: “E aí, galera, gostariam de ouvir um som novo?” que o público, por sua vez, já começou a cantar em sintonia e intensidade as músicas recém-lançadas como Two Faced, The Emptiness Machine, Over Each Other, Casuality e Heavy is the Crown. Logo em seguida era como se o público se unisse em um só exclamar, chamando o nome de ‘Linkin Park’ junto aos aplausos, em um gesto de apoio e reafirmação a esta nova etapa da banda. Nos telões, era visível a expressão de gratidão e felicidade de todos os membros a cada palavra trocada com os fãs. Como resposta a essa troca de energias, ouviam-se ‘Obrigado’ e viam-se bandeiras do Brasil, que caíam sobre os músicos e seus instrumentos, como mantos sagrados representando carinho e respeito.

Para a empresária Andrea Paes (55), o que mais conecta o público da banda, são motivos únicos e pessoais, mas para ela os significados das letras são um diferencial e isso se prova do início ao fim do show em que o estádio se manteve vibrante.

Andrea Paes e Alexandre Paes, junto a sua família – Foto: Gabriela Dias

Ela e seu marido, Alexandre Paes (60), chefe de gabinete, são a prova de que o amor por uma banda pode sim passar por gerações. Era a primeira vez deles no show do conjunto e estavam acompanhados de seus familiares, prontos para criar uma memória marcante juntos. “O Linkin Park eu já conheço a muitos anos, na gravidez dos meus gêmeos eu já ouvia Linkin Park”, comenta Andrea com um ar de lembrança, e esta admiração pela banda na época foi tomando conta da casa, a ponto de seu marido, Alexandre, também começar a acompanhá-los.

Linkin Park no final do show registrando eternamente o dia – Foto: Gabriela Dias

A noite ficou marcada, principalmente, para aqueles que levantaram as mãos após Mike perguntar, com curiosidade, quem esteva ali pela primeira vez em um show da banda. Ao notar a quantidade expressiva de mãos ao ar, o rapper confessa que foi uma incrível e louca jornada para eles estarem ali.

O dia 15 de novembro de 2024 teve a capacidade de transportar cada um, como uma verdadeira viagem no tempo, refletindo a história de cada fã que esteve presente e permitiu que o Linkin Park participasse de suas playlists. Como bem observado por Nayara, era evidente a presença de fãs que acompanham a banda há 15 ou 20 anos, um público fiel, que não apenas conhece as músicas, mas que realmente vive, independentemente, a trajetória do Linkin Park e puderam juntos aliviar um pouco desta saudade.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *