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Focas na Rede: Agência Experimental marca a história do curso de Jornalismo da Uniso e fortalece o tripé universitário há mais de uma década

Por Gabriela Vasconcelos (Agência Focas – Jornalismo Uniso)

Logotipo da Agência Experimental de Jornalismo da Uniso | Foto: Reprodução

A Agência Focas nasceu no curso de Jornalismo da Universidade de Sorocaba (Uniso) com um propósito claro: ser espaço de prática, reflexão e formação crítica para os futuros jornalistas. A proposta surgiu em 2011, ainda sob o nome de Agência Experimental de Jornalismo (AgênciaJor), como parte das diretrizes curriculares e da necessidade de aproximar o estudante da vivência real da profissão.

A iniciativa partiu do curso de Jornalismo, com a colaboração da professora Andrea Sanhudo Torres, que era coordenadora do curso na época e participou da criação da agência desde seus primeiros passos. Andrea ajudou a estruturar o projeto para que ele atendesse às necessidades acadêmicas e práticas dos estudantes, garantindo que a agência se tornasse um espaço de aprendizado dinâmico, integrado às diretrizes do curso e alinhado às demandas do mercado jornalístico.

Comemoração dos cinco anos da Agência Experimental de Jornalismo, em março de 2016 | Foto: Arquivo pessoal

Desde os primeiros anos, a Agência se consolidou como um ambiente de produção jornalística multidisciplinar, onde teoria e prática se uniam. Reportagens, coberturas de eventos, conteúdos multiplataforma e pesquisas de campo passaram a integrar a rotina dos estudantes, orientados por professores e profissionais da área.

A partir de 2012, a Agência passou a integrar oficialmente os projetos de extensão da universidade, fortalecendo o chamado tripé universitário: ensino, pesquisa e extensão. Essa transformação ampliou o papel da Focas dentro da Uniso, tornando-a não apenas um laboratório de prática profissional, mas também um canal de diálogo com a sociedade, por meio de conteúdos que valorizam a informação de interesse público, atentos às demandas regionais.

Mas por que o nome “Focas”?

A escolha do nome “Focas” carrega uma simbologia forte dentro do universo jornalístico. No jargão da profissão, “foca” é como se chama o jornalista iniciante, aquele que está entrando na redação cheio de curiosidade, energia e vontade de aprender. Embora sua origem exata seja difícil de precisar, a expressão já era comum nas redações brasileiras desde meados do século XX.

Em contraste, o termo “fox” — que significa raposa, em inglês — costuma simbolizar o jornalista experiente, com olhar aguçado, com senso crítico e domínio das técnicas da profissão. A associação com a raposa remete à astúcia e à inteligência necessárias para lidar com os desafios da reportagem.

Foto: Reprodução

Na Uniso, o nome representa com exatidão o espírito da Agência: um espaço formativo, voltado ao aprendizado constante, à experimentação e à construção coletiva do conhecimento jornalístico. Ao adotar esse título, a Agência se apropria da identidade de seus próprios integrantes — os estudantes — e valoriza o percurso de aprendizagem como um processo legítimo e potente.

É justamente nesse ambiente que os focas começam a trilhar seus caminhos, até se tornarem verdadeiros foxes: jornalistas preparados para atuar com sensibilidade e autonomia.

De Focas para Foxes

A trajetória de Beatriz Jarins, formada pela Uniso, é um exemplo de como a experiência na Focas pode ser determinante para a carreira. Ela ingressou na agência em 2020, ainda no primeiro semestre da graduação, em meio ao ensino remoto.

“Eu decidi participar da Focas porque era uma forma de me aproximar do curso, da faculdade. Era tudo meio distante, né? As aulas eram online, não tive a experiência de estar in loco na universidade”, relembra.

Logo de início, Beatriz se envolveu com uma pauta sobre candidaturas negras nas eleições, publicada no jornal Cruzeiro do Sul. “Foi a minha primeira cobertura, meu primeiro contato com fontes mais específicas. É uma das reportagens que eu mais gosto e tenho orgulho de ter feito”, conta.

Ao longo do curso, ela assumiu funções como a gestão das redes sociais, edição do site e organização de pautas. “Eu entrei na onda e abracei muito a Focas até o último dia que eu pude. Mesmo depois de formada, vez ou outra, eu apareço por lá”, diz.

A jornalista reconhece a importância da experiência no desenvolvimento do próprio texto e da segurança para atuar profissionalmente. “Se não fosse a experiência que eu tive na Focas com apuração, checagem, criação de pautas, eu não teria conseguido montar um portfólio que me ajudasse nas vagas de emprego. Para quem está começando, a Focas é uma ótima escola, na qual você pode errar e pode aprender muito.”

Já Rafael Filho, outro egresso do curso, também teve na agência um ponto de virada. Ele entrou para a Focas em 2019, ainda como repórter colaborador. “A professora Evenize viu que eu estava escrevendo umas coisas e falou: ‘por que você não leva para a Focas?’. Eu nem sabia direito o que era”, lembra.

Foi assim que nasceu sua primeira reportagem, sobre cerveja artesanal. “Entrevistei pessoas, donos de cervejaria, foi uma experiência sensacional. Poder mostrar para minha família a primeira reportagem postada foi incrível.”

Com o tempo, Rafael publicou pautas relevantes, como uma sobre samba autoral e outra que abordava a guerra na Ucrânia — esta última lhe rendeu o Prêmio José Hamilton Ribeiro de Jornalismo, entregue em Ribeirão Preto (SP). A premiação, que homenageia um dos maiores repórteres do Brasil, reconhece produções jornalísticas universitárias de excelência, com foco em pautas originais e bem apuradas. “A Focas me ajudou, me transformou pessoalmente e profissionalmente. Foi lá que eu perdi o medo de ir para rua, de escrever”, afirma.

Rafael Filho, no centro da foto, durante a cerimônia de premiação | Foto: Organização ABAG/RP

Hoje, Rafael assina a coluna da Agência “Focando em…”, na qual destaca personagens, iniciativas e histórias da cidade e da universidade. “Se eu pudesse resumir a Focas em uma palavra, seria ‘abertura’. Ela abre portas, caminhos e nos dá coragem para contar histórias que importam.”

Contadores de histórias

Atualmente, a Agência Focas continua a se reinventar e expandir suas possibilidades de atuação. Sob a coordenação da professora Mara Rovida, o projeto se mantém alinhado às demandas contemporâneas do jornalismo, incentivando produções autorais, abordagem de temas sociais relevantes e uso consciente das múltiplas linguagens e plataformas.

Entre as atividades desenvolvidas estão a elaboração de matérias e reportagens, coberturas de eventos da Uniso e da Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), além da produção de vídeos, entrevistas e outros formatos voltados para diversos públicos.

Reportagens veiculadas na Focas | Foto: Gabriela Vasconcelos

Uma das iniciativas mais recentes é a parceria com a Rádio Cantate FM, uma rádio educativa que integra os boletins radiofônicos produzidos pela equipe da Focas. Essa colaboração proporciona aos estudantes a oportunidade de experimentar diferentes formatos jornalísticos, aprimorando habilidades em locução, produção sonora e edição, além de ampliar o alcance dos conteúdos produzidos.

Além disso, a Focas mantém uma parceria importante com o Jor Indica, projeto, nomeado de Fox em Foco, que promove uma troca de experiências entre estudantes e jornalistas convidados. A iniciativa aproxima os focas de profissionais já atuantes no mercado, que compartilham vivências, desafios e aprendizados da carreira, contribuindo para a formação crítica e o amadurecimento dos alunos do curso.

Essa dinâmica intensa e colaborativa também tem refletido diretamente na formação dos estudantes que participam da Agência. A estagiária Giovana Lima, responsável pela locução dos boletins, relata que “estagiar na Agência está sendo muito importante. Ter essa experiência de conviver diariamente com o jornalismo e colocar em prática todo o conhecimento que venho adquirindo ao longo do curso está sendo essencial. Sinto que venho aprendendo um pouco de tudo, mas destaco as gravações dos boletins. Eu não era uma pessoa muito solta para esse tipo de conteúdo, mas fui me adaptando e agora sinto que estou melhor nisso.”

Kauã Bueno, também estagiário, reforça esse impacto ao lembrar que, desde o primeiro semestre, já produzia conteúdo para a Agência. “Quando vi meu nome assinando uma matéria, já me senti muito orgulhoso. No segundo semestre, tive a oportunidade de cobrir um evento olímpico em São Paulo, com credencial de jornalista da Focas. Foi incrível. E no estágio, no terceiro semestre, foi quando mais aprendi. Em três semestres, aprendi mais na Agência do que no conteúdo letivo — que também é importante, mas é diferente. A prática é muito mais próxima do real. Além disso, você é pautado sobre temas que talvez não escolheria por conta própria, e descobre que gosta. Isso ampliou minha visão sobre o jornalismo.”

A colaboradora Sophia Ruivo também compartilha sua vivência: “Participar ativamente do Focas é viver um pouco do jornalismo real durante a graduação, recebendo pautas, entrevistando pessoas que muitas vezes admiro e só tive a chance de conhecer por causa da Agência. É uma extensão da formação a cada semestre e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de me divertir fotografando ou escrevendo.”

Somente no primeiro semestre de 2025, já foram publicadas cerca de 90 matérias assinadas por 52 estudantes do curso de Jornalismo. Também foram produzidos 30 vídeos com egressos da graduação, em comemoração ao 30º aniversário do curso. As produções reúnem relatos sobre a trajetória profissional dos ex-alunos e sua relação com a formação na Uniso.

A Agência também mantém um grupo de WhatsApp com 50 alunos voluntários, ampliando o alcance da experiência e incentivando a produção jornalística fora do ambiente de sala de aula. Por meio de reuniões, trocas de pautas e mentorias, os estudantes se apoiam e criam juntos, reforçando o espírito colaborativo da agência.

A essência da Agência Focas continua sendo a mesma desde os seus primeiros passos: formar jornalistas atentos, éticos e comprometidos com a produção de informação de qualidade. Mais do que apurar e escrever, os estudantes aprendem a desenvolver sensibilidade, saber ouvir e compreender o contexto das histórias que contam. O jornalismo que se faz ali é construído com escuta, respeito e olhar crítico — valores fundamentais para quem deseja narrar a realidade de forma responsável. A cada produção, os futuros jornalistas se fortalecem como contadores de histórias. Dentro da Focas, o erro é parte do processo e o aprendizado acontece na prática, entre entrevistas, reuniões de pauta e coberturas em campo.

E assim, como verdadeiros “focas”, os estudantes seguem em frente: com olhos atentos, ouvidos abertos e uma sede insaciável de contar boas histórias.

Quer acompanhar mais de perto o que os focas estão produzindo?

Acesse o site: focas.uniso.br

E siga o Instagram: @focasnarede

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