Ações de sustentabilidade na Uniso recebem mérito internacional e incentivam o engajamento dos alunos para novos projetos
Sendo avaliada em nível global, a Universidade de Sorocaba (Uniso) segue parâmetros sustentáveis em áreas diversas, e funcionários afirmam que ainda há muitos projetos a serem desenvolvidos
Por Maria Luiza Dionizio e Rafaela Ferreira Monteiro (Agência Focas – Jornalismo Uniso)

A Universidade de Sorocaba (Uniso) tem implementado diversas iniciativas de sustentabilidade em seu campus Cidade Universitária, desde a reutilização da água do ar-condicionado até projetos de energia solar, lideradas pelo Departamento de Engenharia, com o objetivo de reduzir o impacto ambiental e promover práticas mais ecológicas. Apesar dos avanços, a universidade enfrenta desafios na divulgação dessas ações e na concretização de novos projetos, evidenciando a necessidade de maior engajamento da comunidade acadêmica.
De acordo com Dawilson Menna Junior, engenheiro civil responsável pelo Departamento de Engenharia da Uniso, a reutilização da água do ar-condicionado iniciou na biblioteca. “O ar-condicionado da área do mestrado e do doutorado, quando está ligado, gera umidade por condensação.” A prática foi expandida para climatizar salas de aula nos blocos A, B, C, D, F e administrativo. A água reutilizada tem como objetivo a irrigação de plantas, a limpeza dos ambientes e a lavagem de panos. “Consideramos essa água reutilizável como um ponto favorável na questão de sustentabilidade, para que não descarte no meio ambiente e seja aproveitada para irrigação ou lavagem, ao invés de pegar água tratada para fazer isso”, explica Menna Junior.
A Uniso faz parte do Ul GreenMetric World University Ranking, e, em 2024, conquistou a 4ª posição entre as Instituições de Ensino Superior (IES) privadas do Brasil e o 10° lugar entre todas as instituições brasileiras. No ranking global, a universidade ocupa agora a 313ª posição entre 1.477 avaliadas. Menna Junior define a singularidade do GreenMetric: “não é como um ranqueamento, e sim como uma consultoria gratuita para a universidade. Ou seja, temos que atingir determinados parâmetros, em determinados assuntos, que fazem com que a gente pense ‘poxa, eu não tenho isso aqui, então eu vou melhorar isso aqui”.
Vanderson Urbaiti Gimenez, engenheiro ambiental e engenheiro de segurança do trabalho na Universidade, informa que a Uniso não utiliza água da concessionária municipal, mas, sim, água de poço artesiano. “Essa água é clorada, é de ótima qualidade, fazemos análises frequentes, por obrigação também. Temos uma análise mensal de vários pontos. E a cada três meses fazemos uma outra análise para conferir a qualidade da água, como sendo uma contraprova da análise anterior.”
A água que é reutilizada dos aparelhos de ar-condicionado também passa por tratamentos. “O tratamento com cloro é necessário para evitar bactérias”, explica Gimenez. “É preciso clorar a água. Não só para consumo humano, mas para jardinagem, para fazer massa de reboco e para fazer manutenção dos prédios também.”
Demonstração química



Energia Fotovoltaica na Uniso
Outra ação sustentável da Uniso é a usina fotovoltaica, com duas estações para transformar a luz solar em energia elétrica. A capacidade da usina é de aproximadamente 190 MWh (megawatts-hora) por ano, gerando energia o suficiente para manter 3.600 lâmpadas LED de 18W funcionando por 8 horas diárias ou 70 residências de 50 m². “Hoje compramos energia da CPFL porque ficou viável. Ela transporta a energia, e a CPFL Energia nos vende a energia do mercado livre. Assim, temos uma economia de 30% comparado à se a Uniso estivesse comprando a energia do mercado cativo normal, o chamado mercado cativo é a concessionária. Então, tem um benefício de 50%.”
Menna Junior justifica o motivo de a universidade manter o investimento em energia fotovoltaica como está atualmente: “para que obtivéssemos algum resultado acima desses 30% que já tem, seria muito difícil. Para gerar energia por placas fotovoltaicas que atendessem a universidade inteira, primeiro, precisaria de um investimento altíssimo. Segundo que, pela característica da geração de energia, teria que ser um autoprodutor de energia e soltar essa energia na rede. Porque a energia é gerada das 7h ou 8h da manhã, até às 16h mais ou menos. E o maior pico de consumo da universidade é no período noturno. Então, como que eu gero de manhã e uso à noite? ‘Ah, se gerar de manhã, é só por em uma bateria e usar à noite’, mas a bateria é muito cara hoje, não conseguimos viabilizar um projeto para gerar de manhã, armazenar e utilizar de noite.” As instalações atuais estão localizadas no teto do prédio de Apoio 4 e em uma das áreas de estacionamento.
Potenciais projetos sustentáveis na Uniso
Apesar de a biblioteca da universidade disponibilizar a infraestrutura necessária para a separação de resíduos, o comprometimento com o descarte correto de resíduos ainda enfrenta obstáculos. A bibliotecária-chefe Vilma Franzoni aponta que a principal barreira para o sucesso dessa iniciativa é a falta de conscientização: “a biblioteca dispõe de todas as lixeiras apropriadas para separar o lixo. Acredito que falta conscientização entre os funcionários, o pessoal da limpeza e, especialmente, os alunos.”
Vilma lembra que a biblioteca já tentou implementar um projeto de conscientização anteriormente, mas enfatiza que a continuidade do trabalho é crucial para garantir o sucesso da ação. “Já fizemos um projeto uma época, mas é uma coisa que tem que ser falada sempre. Ficar sempre em cima”, sugere. Menna Junior também afirma perceber a falta de comunicação das ações de sustentabilidade da Uniso: “a gente nota que bastante coisa dentro da universidade não tem a continuidade de informação. As informações já são geradas em alguns locais, mas acaba não chegando nos alunos ou nos usuários finais dos espaços.”
Por conta da falta de interesse dos alunos em desenvolver ideias sustentáveis na Uniso, existem projetos que ficaram estagnados em rascunhos no Departamento de Engenharia. Por exemplo, o sistema de arejamento dos lagos presentes no campus utilizando energia solar. Segundo os engenheiros, a intenção é promover a saúde e o equilíbrio dos ecossistemas aquáticos, mas há dificuldades em encontrar parceiros externos dispostos a colaborar e na limitação de recursos internos, especialmente de tempo hábil dos engenheiros para mão de obra. “Se tivesse aluno interessado em fazer isso, a gente teria um sistema de arejamento de lago. Temos três lagos para fazer isso. Temos placa solar, etc. A gente conseguiria auxiliar nisso”, afirma Menna Junior.
Outro potencial projeto é o de iluminação do lago através de turbina: “É possível iluminar o lago com a turbina. O lago tem desnível o suficiente. Existem algumas restrições técnicas, mas é possível fazer isso. Falta alguém querendo uma iniciação científica, que queira ir para a parte acadêmica. O que notamos é que falta essa garra de alguém chegar e falar ‘eu quero fazer isso’.”