A paleontologia como ferramenta de educação e ciência
A exposição do crânio de um Espinossauro é realizada na Biblioteca Aluísio de Almeida na Cidade Universitária da Uniso até o dia 10 de setembro
Por Rafaela Sallum (Agência Focas – Jornalismo Uniso)

Foto: Rafael Filho
A paleontologia é a ciência que estuda o passado por meio de fósseis, que são restos ou vestígios preservados em rochas, dentes ou ossos. As universidades têm papel central na produção desse conhecimento científico que busca entender como os seres vivos evoluíram ao longo dos anos. Na opinião do professor universitário e um dos membros do corpo editorial do Projeto de divulgação científica Uniso Ciência, Guilherme Profeta, um dos deveres das universidades comunitárias é “traduzir” o conhecimento que nasce dentro da academia para a comunidade, e assim permitir que o público em geral tenha acesso a um conhecimento mais aprofundado sobre os estudos. “Entendo que uma universidade comunitária, a exemplo das públicas, têm uma responsabilidade ainda maior. Muitas vezes, pesquisas importantes ficam restritas a artigos acadêmicos ou a círculos muito específicos. O Uniso Ciência é um dos projetos que ajudam a abrir essas portas, tornando a ciência mais acessível, aproximando a comunidade acadêmica do público em geral e evidenciando que (e como) a pesquisa tem impacto direto na vida das pessoas”. No mesmo sentido, o museólogo Felipe Alves Elias, 45 anos, que atualmente trabalha na Divisão de Difusão Cultural do Museu de Zoologia da USP, na capital paulista, enxerga o estudo de fósseis como “documentos” que contam a história do nosso território e da biodiversidade – que é a maior do planeta (quase 20% das espécies que existem hoje estão concentradas no Brasil). Quando estudamos o nosso passado, aprendemos a compreender o presente da geografia e da diversidade biológica. A partir dessas pesquisas, as preocupações com as mudanças climáticas ficam ainda mais evidenciadas, pois fica comprovado que elas são consequência de ações humanas. “Conhecer o passado, não apenas nos permite compreender o presente, mas também é estratégico para buscarmos forças sustentáveis de gerenciar nossas ações para o futuro. Sensibilizar e engajar a sociedade na preservação desse patrimônio é fundamental para garantir a integridade de nossa principal fonte de conhecimento sobre esse passado. Promover ações voltadas para aproximar as pessoas desse conhecimento implica também em devolver à sociedade conhecimento financiado com recursos públicos. Como cientistas, é nosso dever garantir que todos tenham acesso a esse conhecimento. As ações de comunicação e educação, fazendo uso de ferramentas como a arte, criam meios mais democráticos de promover essa apropriação”, opina Felipe.
Esse compromisso com a sociedade torna-se possível por meio de iniciativas como a exposição do Paleozoo que acontece na Universidade de Sorocaba (Uniso) até o dia 10 de setembro. O item principal da mostra é o crânio de Espinossauro do acervo PaleZOOBR, mas a exposição também reúne exemplares da coleção biológica da própria instituição. A parceria com a Uniso surgiu em 2020, na época da pandemia, a partir da produção de uma matéria, assinada por Profeta, que foi publicada em duas partes, isto é, em duas edições da Revista Uniso Ciência. A matéria abordava a fauna pré-histórica paulista. Para Felipe, é uma alegria reforçar essa parceria com a Uniso, por intermédio do Professor Thiago Marques, coordenador do curso de Ciências Biológicas, contando também com o apoio do Centro Acadêmico de Biologia e do Grupo de Estudos de Ecologia. Segundo o museólogo, a ação com a Uniso é a chance de promover o livro lançado recentemente sobre Animais Pré-Históricos do Brasil: O Guia Ilustrado. Além disso, é uma oportunidade de trazer à comunidade da Uniso uma nova imersão no passado do nosso país, em um bate-papo que acontecerá no próximo dia 10 de setembro, às 19h. Para convidar a comunidade a participar, surgiu a ideia de trazer a réplica do crânio do espinossauro, um dinossauro carnívoro gigante que viveu no continente africano, e também no território brasileiro, há cerca de 100 milhões de anos. A espécie, que inclusive foi recentemente retratada no filme Jurassic World: Recomeço, podia atingir mais de 14m de comprimento, e tinha hábitos semiaquáticos. A peça, criada em tamanho natural, tem mais de 1,5m de comprimento, e é parte do acervo PaleoZOOBR – e que futuramente irá compor uma exposição itinerante.”

Foto: Divulgação
A paleontologia tem um papel de popularizar a ciência porque conecta o público a uma história impactante e repleta de descobertas e, de acordo com o biólogo, os alunos vêm demonstrando fascínio ao ver um fóssil e réplicas de animais extintos, gerando muitas perguntas e curiosidades sobre o assunto. Muitos estudantes relataram que é a primeira vez que se deparam com um material desse tipo, o que torna a experiência ainda mais especial. Para o biólogo e coordenador do curso de Ciências Biológicas, Thiago Simon Marques, “ao apresentar fósseis de dinossauros e de outras formas de vida extintas, conseguimos despertar a imaginação e gerar interesse científico de maneira acessível. Essa área contribui para mostrar que a ciência é uma ferramenta poderosa para compreender o passado, interpretar o presente e planejar o futuro do planeta”, conclui.
O Projeto de divulgação científica Uniso Ciência
Página do projeto: https://uniso.br/projeto-uniso-ciencia/
Confira a íntegra da reportagem, publicada em duas etapas, sobre os dinossauros:
Parte 1: https://uniso.br/unisociencia/r6/dinossauros-pre-historia-sao-paulo-brasil.pdf Parte 2: https://uniso.br/unisociencia/r7/paleontologia-dinossauros-sao-paulo.pdf