Na Várzea, o jornalismo também joga duro
Por Kauã Bueno (Agência Focas – Jornalismo Uniso)
Ser estudante de Jornalismo é aprender na prática o que significa estar diante do fato. Com responsabilidade, ética e firmeza. Desde 2024, quando comecei a cobrir de forma independente a várzea de Sorocaba, entendi que esse ambiente carrega muito mais do que futebol, é um retrato vivo da cidade, com histórias, disputas e personagens que raramente ganham espaço na grande mídia.
No domingo (5/10), durante a 6ª rodada da Taça Cidade Sorocaba, acompanhei o jogo entre Vila Helena e Dálmatas. A cobertura seguia normalmente até que, ao final da partida, uma confusão entre jogadores, comissão técnica e arbitragem se formou no campo. Ao registrar a cena, fui empurrado e tive o celular atingido por membros da comissão técnica do Dálmatas, mesmo após me identificar como jornalista.
O episódio repercutiu, foi noticiado pela TV TEM, no programa Tem Esporte e no G1, e levou o clube a publicar uma nota de desculpas – ainda que de forma incompleta. Recebi apoio de colegas de profissão, professores e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado de São Paulo, que reforçou a importância de garantir respeito e segurança a quem exerce o trabalho jornalístico, independentemente do espaço em que atua.
Atuo hoje na comunicação do Instituto Federal e sigo cobrindo a várzea de forma independente. Essas experiências me mostram o valor de estar perto das pessoas e das histórias que fazem parte do cotidiano da cidade. A várzea, com toda sua intensidade, é um campo de aprendizado constante, tanto sobre o futebol quanto sobre o papel do jornalismo em contextos populares.
Mais do que um episódio isolado, o que fica é a certeza de que o jornalismo precisa ocupar todos os espaços, inclusive os que ainda tratam o repórter como um intruso. Ser estudante e estar em campo é um exercício diário de resistência, mas também de compromisso com a verdade e com o direito de informar.
