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Docente e aluna da Uniso publicam livros infantis sobre a área da saúde

Vencedores do prêmio Sorocaba de literatura 2025 lançam novo livro sobre toxicologia

Letícia Gebaile e Raíssa Rosendo Mio (Agência Focas – Jornalismo Uniso)

Foto: Raíssa Rosendo Mio

Afinal, qual é a função de um biomédico? Apesar de ser uma área fundamental para o avanço da saúde, a biomedicina ainda é pouco conhecida fora dos círculos acadêmicos e profissionais. Justamente por isso, iniciativas que traduzem o conhecimento científico para o público em geral têm ganhado espaço. Entre elas, obras literárias que buscam aproximar a sociedade desse universo de forma acessível e educativa.

É nesse contexto que surge o trabalho do professor e pesquisador Éric Diego Barioni, de 39 anos, biomédico e doutor em Toxicologia e Análises Toxicológicas pela Universidade de São Paulo. Éric, que é presidente da Comissão de Toxicologia e membro da Comissão de Ética do Conselho Regional de Biomedicina da 1ª Região, contou com a parceria da estudante do 6° semestre de biomedicina, Alexia Ressatti Rocha, de 21 anos.

O primeiro livro criado pela dupla, “Biomedicina para crianças”, lançado em 2024 pela Editora Codal, surgiu das experiências pessoais de Éric ao trabalhar no Conselho de Biomedicina em São Paulo. “Alguns biomédicos relatavam a dificuldade que tinham para explicar aos filhos o que um biomédico faz. Aquilo me deixou uma sementinha sobre a possibilidade de fazer algo que ainda não existia”, explica o professor, que desejava criar uma literatura direcionada para crianças não alfabetizadas e que teve sua ambição aflorada ao descobrir que seria pai.

A obra, escrita por Eric e ilustrada por Alexia, é um livro infantil que retrata os diferentes cenários de atuação e habilitação biomédica, abordando de forma lúdica e inclusiva o papel do biomédico, sendo composto, em sua maioria, por ilustrações. Segundo o autor, durante a leitura, as crianças podem criar sua própria história, em páginas que permitem soltar a imaginação em desenhos e pinturas. “O livro coloca o profissional da saúde como um herói, descrevendo o jaleco e suas atividades”.

Foto: Letícia Gebaile

Éric, sem experiência prévia na publicação de obras infantis, se viu em busca de um(a) colaborador(a) que pudesse ajudar a dar vida à sua proposta. Essa procura foi realizada no próprio curso de biomedicina, onde Éric era coordenador. Alexia, embora não tenha participado do processo, foi incentivada e recomendada por colegas próximos. “Fiquei com o pé atrás, pois achava que não tinha potencial, mas sempre gostei de desenhar”, afirma a estudante que posteriormente se tornou ilustradora da obra, contribuindo para transformar o conteúdo técnico em algo visualmente acessível. Suas inspirações para as ilustrações vieram do cotidiano acadêmico: os laboratórios da faculdade, os colegas e professores serviram de base para os cenários e personagens. “Peguei muito o que eu vivia nas aulas presenciais. O que abordamos de diferentes áreas, que eu não vivenciei, eu pesquisava e perguntava aos professores para desenvolver da melhor forma”, complementa.

Em setembro deste ano, o livro Biomedicina para Crianças conquistou o Prêmio Sorocaba de Literatura, na categoria infantil. Curiosamente a dupla não pretendia participar da inscrição para o prêmio, foi Josy Souza, jornalista e editora, de 29 anos, proprietária da editora Codal, que viu potencial e auxiliou no processo, realizando a inscrição e levando exemplares do livro até o Chalé Francês, na Avenida Afonso Vergueiro, Centro de Sorocaba.

O concurso, uma das principais iniciativas de valorização da produção literária local, tem como objetivo incentivar a leitura e promover o contato da população com autores sorocabanos. Éric e Alexia relatam que produziram a obra sem almejar tamanha proporção, apenas quiserem realizar o projeto por serem interessados no tema e por ser uma novidade. Por isso, os autores se dizem surpresos com a repercussão, mas gratos pelo retorno do público.

Foto: Letícia Gebaile

Sucesso em vendas, o livro já alcançou outras regiões do país. O Conselho de Biomedicina adquiriu 1.500 exemplares para distribuição no Rio de Janeiro e mais 500 edições destinadas ao Rio Grande do Sul. O reconhecimento consolida o trabalho de Éric e Alexia como um importante exemplo de como a ciência pode ser divulgada de forma criativa, lúdica e acessível.

Para além da biomedicina, outra produção da dupla chama atenção para um tema de interesse de saúde pública. “Dr. Tox em: saneantes domissanitários?”, fruto de um projeto de extensão, PROBEX, de Alexia, o livro foca na importância do cuidado para a prevenção de acidentes envolvendo produtos de limpeza. A temática se mostra necessária quando dados da Associação Brasileira de Centros de Informação e Assistência Toxicológica (Abracit) demonstram que 2,9 mil crianças foram atendidas por intoxicação acidental causada por produtos de limpeza entre janeiro de 2020 e julho de 2025.

O enredo acompanha o Dr. Tox, um border collie, inspirado nas duas mascotes de Alexia, Brisa e Nutella, que nos guia pelos cômodos da casa mostrando formas de cuidado, riscos e prevenções que estão relacionados aos saneantes, tudo isso de maneira lúdica e pensada para que a informação seja um reforço para o cuidado dos adultos e das crianças. Nas palavras dos autores, a construção do livro é pensada para que a informação seja passada da criança para a família, moldando a temática dos riscos das intoxicações por produtos para um público infantil alfabetizado. Conscientizar as crianças levanta o tópico de cobrança parental para prevenção de negligências e questionamento dos responsáveis do que está sendo feito de forma inadequada, promovendo uma comunicação bidirecional onde ambas as partes podem aprender, assim fomentando um futuro de adultos mais receptivos para novas informações. 

Alexia e Eric compareceram à Biblioteca Aluísio de Almeida, localizada no campus Cidade Universitária da Uniso, no Espaço Arena, no sábado (18/10), para o lançamento oficial do livro, de distribuição gratuita. “A complexidade tesá no título, porque o título visa chamar a atenção da sociedade que está envolvida nesses temas; educadores e gestores”, conta Éric ao reforçar a necessidade de inclusão infantil em assuntos voltados para segurança e saúde. O futuro é feito pelos jovens e as informações que eles carregam, assim, quanto maior o incentivo ao aprendizado e ao cuidado, maior é o número de pessoas conscientes e propícias ao recebimento e a busca de novas informações.

O trabalho leva o nome da Uniso ao prêmio Forext Ipê Amarelo, iniciativa criada pelo Fórum Nacional de Extensão e Ação Comunitária das Instituições de Educação Superior Comunitária (ForExt), que visa a divulgação e reconhecimento de boas práticas geradas através dos projetos de extensão em instituições de ensino superior comunitárias nacionais. Os vencedores serão divulgados em 4 de novembro durante o Encontro Nacional FOREXT 2025.

Mais do que premiações, a dupla de escritores participa de forma ativa na construção de um novo direcionamento para a criação de conteúdo direcionado ao público infantil. José Carlos de Freitas, escritor e poeta que assina como J.C Freitas, 79 anos, diz que mesmo conhecendo Éric desde que ele era uma criança, conheceu as obras infantis do pesquisador através da sua filha Cibelle Freitas, jornalista da Rádio Cruzeiro. José se interessou pela obra por conta da possibilidade de se preparar melhor para lidar com o neto que, segundo ele, é uma criança com síndrome de Down com grande interesse em gravuras e que tem facilidade em aprender por meio desse tipo de recurso visual.

Para ter acesso às obras basta clicar nos links abaixo:

https://livrariacodal.lojaintegrada.com.br/biomedicina-para-criancas-eric-barioni
https://www.estantedajosy.com.br/2025/07/baixe-gratis-o-livro-dr-tox-em.html?m=1

O livro “Biomedicina para crianças” também pode ser visto em uma exposição no Pátio Cianê Shopping, no segundo andar do bloco B.

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