Coluna

A comunicação e as trocas

Certa vez, li sobre “empatia comunicacional”, num livro de Henrik Fexeus. Percebi se tratar de algo que eu praticava sem saber: se abaixar para falar com uma criança; na conversa com idosos, usar termos da sua época; usar expressões da região da pessoa para que ela se sinta mais à vontade; tentar falar a língua de um visitante estrangeiro, entre outras ações.

Na semana passada, a Uniso recebeu a visita de dois estudantes da Colômbia (Laura e Juan) e dois de El Salvador (Diego e Hector). 

Sei falar espanhol perfeitamente?

Não.

Poderia ter ficado quieto na minha?

Sim.

Fiquei?

Não.

O lado comunicador e a “cara de pau jornalística” foram mais fortes.

Rafa, não sabia que você falava espanhol, disse um amigo.

 — Mas eu não sei, respondi.

E como você faz?

Ah, sei lá, eu tento né. O que eu não sei eu invento e o que não entendo eu dou risada e no fim dá tudo certo, brinquei.

E deu muito certo!

Aprendi sobre a cultura dos dois países. Aprendi que eles não possuem quatro estações no ano como nós, eles têm somente verão e inverno e as desigualdades sociais não são tão desiguais como no Brasil.

Hector estranhou o silêncio dos ônibus, já que em seu país, muitos viagens são acompanhadas por várias pessoas com caixinhas de som ligadas. “Aqui pessoas obesas são preferenciais?”, indagou Laura ao ver o adesivo no vidro do transporte público.

Andamos em várias lojas e não encontramos uma camiseta da seleção brasileira que Juan queria. Mesmo ele dizendo que somente havia achado bonita a camiseta do Palmeiras, rapidamente tirei isso de sua ideia, dizendo que o melhor do Brasil é o meu Corinthians.

Com Laura discuti a questão da mídia ainda se referir à sua terra natal somente pela criminalidade: FARC’s, Pablo Escobar entre outros temas ligados à violência. “Nosso país é lindo. Tem muita coisa. Não é só criminalidade, praia ou Shakira”, ela pontuou. Laura me contou também sobre a divisão entre sul e norte, para separar os pobres dos ricos.

Fiquei besta de ver Diego, com apenas 25 anos, dando aulas de Álgebra Linear. Sim, álgebra!!! A matemática tem futuro. Eu fujo dela, mas é muito necessária.

Hector, que cursa pedagogia, disse se espelhar na educação brasileira e que vai levar consigo tudo o que visualizou para colocar em prática com seus futuros alunos.

Na gastronomia — além de despertar neles uma nova paixão: paçoquinhas — pude ver a alegria em seus rostos ao provarem pratos e bebidas que fazem parte do nosso dia-a-dia, mas que eles ansiavam muito por conhecer: brigadeiro, caipirinha, coxinha e feijoada. E para explicar tudo o que havia no buffet? Juntei o que eu sabia + google tradutor + mímica e tudo deu certo no final.

Percebi o quanto a comunicação é importante no nosso dia-a-dia e o quanto as trocas nos enriquecem. Serão memórias que carregarei para o resto da vida.

Tudo que fiz foi baseado no pensamento de “tratar como gostaria de ser tratado”.

No último dia recebi um presente muito especial durante a despedida: uma camisa da seleção de El Salvador. “Havíamos combinado de entregar para aquela pessoa que fosse mais legal com a gente”, confidenciaram meus amigos salvadorenhos.

Mas o meu maior presente foi a frase: “Rafa, muito obrigado por tudo. Saiba que nossas casas estão abertas para você. Quando for para a Colômbia ou El Salvador, queremos que nos visite e você já tem onde ficar.”

Assim como dizia o comercial de um famoso cartão de crédito, isso não tem preço!

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