“Romero e Juliana” mostra a força teatro regional
Adaptação de uma das obras mais famosas de Shakespeare busca tornar o enredo mais compreensível ao público e estimular o interesse pelas artes cênicas
Por Yasmin Machado (Agência Focas – Jornalismo Uniso)
A peça “Romero e Juliana” voltou aos palcos na terça-feira passada (28), no Clube Recreativo Itapetiningano (CRI). A montagem, dirigida por Fábio Jureira, é uma releitura caipira da famosa obra de Shakespeare, “Romeu e Julieta”.
A adaptação do enredo original para a versão caipira foi feita de forma coletiva, com participação ativa dos atores na transição dos textos. Além disso, a apresentação utilizou do recurso metateatro, em que os personagens interpretados, também são atores. Nesta montagem um grupo de teatro itinerante chega a uma cidade e conta a história de Romero e Juliana.
Para Luísa Leite, que interpreta Juliana, o reconhecimento do seu trabalho foi o momento mais marcante durante o processo de apresentação da peça, pois a motivou a querer continuar estudando teatro. A adaptação foi vencedora do prêmio destaque da Mostra Teatral de Cesário Lange, além de outras quatro indicações como: Melhor atriz, melhor ator, melhor ator coadjuvante e melhor maquiagem.
Destaca-se o trabalho visual desenvolvido para representar os diferentes momentos da peça, contribuindo para a ambientação e a posição dos personagens diante da briga entre as linhagens rivais. Juliana Capuleto e sua família utilizam a cor rosa, simbolizando o dia, a raiva e o amor. Já Romero Montéquio e seus familiares são representados pela cor azul, associada à melancolia, enquanto o lilás aparece quando o casal central está junto. Personagens neutros usam amarelo, em exceção ao “Coroner”, que em determinado momento da peça, apresenta toques de rosa em seu rosto. Na obra original, Shakespeare recorria a simbologia de pássaros, sendo assim, cada personagem recebeu uma ave para refletir sua personalidade.

Maria Izabel Theodoro, de 72 anos, interpreta Dona Francisca, mensageira responsável por contar a Romero sobre a suposta morte de Juliana. A atriz, que anteriormente trabalhava com comércio, afirma que participar da montagem foi uma experiência maravilhosa. Para ela, foi a realização de um sonho que ela deseja dar continuidade ao participar de outras produções. “Dificilmente eu vou sair de cima desse palco. Hoje, para o que o Fábio me chamar, eu vou. Até agora, às vezes, eu penso que não está acontecendo, que eu estou sonhando. Porque é uma coisa que a vida toda eu sempre tive vontade, eu não sabia que eu tinha capacidade. Eu queria, mas não sabia. Às vezes, alguém me pergunta, você não tem vergonha? Eu falo, vergonha? De jeito nenhum. Vergonha eu passei a vida inteira; cobrança, fornecedor. Agora não, agora é só alegria.”

Segundo o diretor da peça, tornar o texto mais compreensível atinge o público que conhece a obra original, mas também aqueles que não tiveram a oportunidade de conhecer. Para ele, essa abordagem contribui para formação de novos espectadores e torna o teatro mais atrativo.

