Padre Júlio Lancellotti recebe o título de Cidadão Sorocabano
Com seu propósito de acolhimento e luta pelos mais vulneráveis, o sacerdote participa este ano da campanha Natal sem Fome
Por Ana Torres (Agência Focas – Jornalismo Uniso)
A Câmara Municipal de Sorocaba concedeu ao Padre Júlio Lancellotti o título de Cidadão Sorocabano na última quinta-feira (6/11). O projeto foi protocolado pelo vereador Izídio de Brito Correia (PT), ligado ao Sindicato dos Metalúrgicos onde ocupou a presidência por quatro vezes.
Durante sua presença em Sorocaba, o sacerdote reforçou a necessidade de se preocupar com os mais vulneráveis, e afirmou que os programas de auxílio não devem ser a única forma de lutar por uma melhora. “Nós não podemos esperar que a sociedade mude para alimentar os famintos, porque eles vão morrer no caminho […] Então, por isso a gente diz: com uma mão eu partilho o pão, com a outra eu luto. Não dá para só lutar e não partilhar. E nem partilhar sem lutar. Você tem que partilhar e lutar.”
Além disso, Lancellotti pontuou que, com o recebimento do título, ele também faz parte dessa cidade, “o que me dá licença para também fazer sugestões e criticar”.
O vereador Izídio contou que a postura do padre foi o que motivou o convite, pois é um reflexo dos moradores de Sorocaba. Além disso, o político pontuou que a presença de Lancellotti representa uma força política que causa movimento e convida os outros a lutarem também.
“A vinda do Padre Júlio motiva aqueles que são solidários, aqueles que são humanistas, e dá um recado, inclusive, para o pessoal que é mais extremista, de ultradireita, que não acredita no ser humano: que nós precisamos ser irmãos. Nós precisamos nos juntar a essas propostas solidárias e fazermos, de fato, uma cidade inclusiva”, conta o vereador.
Durante a sessão solene o sacerdote recitou um trecho da Exortação Apostólica do Papa Leão XIV de L’Exité, que evidencia a preocupação do Papa em como o sistema de mercado, imobiliário e ditatorial não tem nenhuma preocupação com os direitos humanos.
“Apresenta-se como uma escolha razoável organizar a economia, exigindo sacrifícios do povo para atingir certos objetivos que interessam aos poderosos. Entretanto, para os pobres restam apenas promessas de gotas que cairão até que nova crise global os conduza de volta à situação na qual estavam anteriormente. É uma verdadeira alienação encontrar apenas desculpas teóricas e não tentar resolver hoje os problemas concretos daqueles que sofrem.”
Internação compulsória
Durante sua estadia, Padre Júlio se posicionou sobre diversas questões que lhe foram apresentadas, em especial o decreto de internação involuntária de dependentes químicos do prefeito Rodrigo Manga, que se encontra afastado.
“A dependência química é um sintoma; nós temos que ver qual é a causa dela”, pontuou. O sacerdote argumentou ainda que, ao passar na Santa Casa administrada pelo Padre Flávio Jorge Miguel Júnior, ele soube do número de casos de tuberculose e de sífilis na região. “Vamos fazer a internação compulsória dos doentes de tuberculose? Porque ela é altamente contagiosa, e quanto mais pessoas estiverem com tuberculose, mais teremos pessoas infectadas ou contaminadas. Ele [o Padre Flávio] me falou também que tem aumentado o número de sífilis. O que vamos fazer? Internar compulsoriamente as pessoas que têm sífilis?”
Padre Júlio colocou que é uma responsabilidade do Executivo e das universidades fazer um levantamento dos resultados desse decreto. “Quantos foram internados compulsoriamente? Por quanto tempo? Qual foi o resultado obtido? O resultado traz as respostas que se esperavam? A pessoa que foi internada compulsoriamente, onde ela está? Está na universidade? Já está trabalhando? Já conseguiu uma casa para morar? Já tem um salário suficiente para sobreviver? Então, a gente precisa ter essas respostas. Onde elas estão?”













