Uniso cria grupo de estudos sobre acupuntura e discute expansão e entraves da área
Professores da área da saúde da Uniso implantaram o primeiro Grupo Multidisciplinar de Estudos em Acupuntura (GMEA). Iniciado neste mês de setembro, o grupo terá encontros quinzenais com o objetivo de explorar os conhecimentos da medicina tradicional chinesa.
Fabrício Garramona é formado em Educação Física com especialização em acupuntura e Lauren Mazzei, fisioterapeuta, professora de acupuntura, em conjunto com Eric Barioni, coordenador de Biomedicina, abriram oficialmente os trabalhos. O grupo é uma união de interesses, visto que surgiu porque o curso de Biomedicina habilita os graduandos em acupuntura e os professores procuram expandir o tema dentro do ambiente acadêmico.
De quem foi a iniciativa do grupo e por quê?
Lauren Mazzei: A primeira iniciativa foi do professor Fabrício, que é acupunturista e tinha vontade de explorar o tema e esse interesse foi ao meu encontro, já que também sou acupunturista. Havia um grande interesse do professor Eric, coordenador de Biomedicina, porque durante a graduação será oferecida a habilitação em acupuntura. Então, o evento saiu das três cabeças, na tentativa de casar o que é oferecido pelo curso e os nossos conhecimentos. Ambos têm o interesse em comum de explorar o universo da acupuntura dentro do ambiente acadêmico. Aqui temos um ambiente totalmente propício, onde a gente tem o suporte do curso, com alunos e toda a estrutura necessária para podermos desenvolver essa parte.
Entraves
O primeiro encontro do grupo abordou discussões e conceitos pertinentes ao interessado na área da acupuntura. Ensinamentos básicos como a Teoria do YIN e Yang e a diferente compreensão dos elementos dentro da MTC, que se enumera por cinco: terra, água, madeira, fogo e metal, foram abordados pelo professor Fabrício.
Em relação à regulamentação, a professora Lauren explicou esse tramite que já percorreu até o senado com Projeto de Lei para o reconhecimento da acupuntura como profissão, mas há um caminho a ser percorrido.
Ainda no cenário nacional, o Conselho Federal de Medicina (CFM) debate para tornar a prática exclusividade médica. Entretanto, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) reconhece a acupuntura e a medicina tradicional chinesa como patrimônio da humanidade e também distingue as definições da MTC e da medicina ocidental, portanto não é permitida a restrição da acupuntura ao profissional médico. E, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), a acupuntura é uma prática multidisciplinar, sendo assim, ela pode ser praticada por diversos profissionais da saúde.
Academicamente, explicaram os professores, a situação é outra, pois, como a ciência é baseada em evidências, provar a eficiência da prática através de estudos é relativamente complicado, porque não tem como descrever cientificamente e materializar esses conceitos através de uma maneira exata. Outro entrave, segundo as pesquisas dessa prática, a qualidade da produção e o grupo de estudos tem como um de seus objetivos estudar e debater esses materiais para, se possivelmente, também produzir.
Confira perguntas e respostas sobre o funcionamento do grupo.
Como será a execução da continuidade do grupo?
Lauren Mazzei: Os encontros serão quinzenais, inicialmente sempre as segundas-feiras, 13h, com duração de uma hora, para não impactar na vida pessoal de quem participar. E para cada encontro, nós organizamos um cronograma prévio, com temas já elencados. Nós, professores, pretendemos buscar referências científicas relacionadas a um determinado tema para trazer ao grupo e gerar uma discussão e, de repente, fomentar uma nova pesquisa. Como o nosso grupo é aberto, tanto para comunidade interna quanto para comunidade externa, graduandos e profissionais, pode despertar o interesse de explorar os temas que serão muito bem-vindos e também agregados à nossa jornada.
Prof. Lauren Mazzei, fisioterapeuta fala sobre os direitos dos acupunturistas. |
Havendo boa adesão durante os encontros, pretendemos ampliar para outros horários, outros períodos e inclusive outras frentes de pesquisa. A intenção é manter o grupo nos próximos anos e até quando puder durar, desenvolvendo temas e pesquisas que sejam relevantes dentro daquilo que todo mundo gosta e todo mundo quer.
Quem pode participar do grupo de estudos de acupuntura?
É direcionado para área da saúde. Qualquer profissional da saúde dos cursos oferecidos na universidade pode participar, é aberto também para comunidade externa, tanto graduandos quanto profissionais já formados.
Vocês pensam em, além da acupuntura, abordar outros temas relacionados à medicina tradicional chinesa?
Depende da adesão e da nossa disponibilidade frente às aulas, mas se a gente puder explorar, pretendemos também falar de outros recursos que também são oferecidos pela medicina chinesa como ventosa, moxa, uso de florais, óleos essenciais, tem tanta coisa dentro da medicina chinesa que podemos explorar. Então pretendemos, mas antes temos que concretizar esse grupo e depois ampliar para outros temas e ferramentas.
De onde surgiu o interesse de vocês pela acupuntura?
Fabrício: Aos 14 anos eu comecei a treinar Kung-Fu e lá eu comecei a ter contato com a medicina tradicional chinesa, alguns conceitos do Taoísmo. Durante a aula, nós aplicávamos algumas técnicas da acupuntura para melhorar o desempenho. A partir disso, fui tomando gosto pela coisa, criando interesse. Aos 17 anos eu decidi que iria fazer o curso de Educação Física, que além de ser o que eu gostaria de trabalhar na minha vida, me abria à possibilidade de estar estudando a acupuntura também.
Lauren: Na minha infância eu tive alguns problemas de saúde, principalmente de trato respiratório e as principais ferramentas utilizadas no meu tratamento foram floral, homeopatia e acupuntura. Então eu tive contato com essas práticas integrativas e complementares desde muito cedo. Sempre gostei e admirei. Como graduação eu escolhi fazer a fisioterapia e durante a minha graduação a acupuntura bateu na minha porta de novo, porque eu tive um supervisor de estágio que era acupunturista. Então retomou aquela vontade e eu sabia que poderia trabalhar com isso. Não foi a minha primeira especialização, mas desde que eu ingressei no curso, não sai mais da medicina chinesa. Na verdade, hoje eu sou professora de acupuntura já faz alguns anos.
Texto: Ariadni Siqueira e Bruna Deroldo – Agência Experimental de Jornalismo (Agencia/JOR Uniso)
Foto: Ariadni Siqueira