Ouvir é viver: a importância da prevenção e do combate à surdez
No Dia Nacional de Combate à Surdez, fonoaudióloga reforça a necessidade de cuidados com a saúde auditiva, diagnósticos e inclusão de pessoas com deficiência
Por: Ana Luiza Ferrari (Agência Focas – Jornalismo Uniso)

O Dia do Combate à Surdez, celebrado em 10 de novembro, alerta para a prevenção e a inclusão de pessoas com deficiência auditiva. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 1,5 bilhões de pessoas no mundo convivem com algum grau de perda auditiva, das quais cerca de 430 milhões enfrentam perda considerada incapacitante. Estudos da OMS apontam que 60% dos casos na infância são previsíveis por meio de vacinação, tratamento de infecções de ouvido e controle da exibição a ruídos intensos. A inclusão plena depende de políticas públicas, educação e oportunidades de trabalho que garantam a comunicação e a participação dessas pessoas na sociedade.
A Fonoaudióloga Debora Alezandro, 31 anos, aponta os principais fatores que levam ao comprometimento da audição. Segundo ela, entre os mais jovens, a exposição a ruídos elevados é a principal causa, seja no ambiente de trabalho, como indústrias, ou em situações de lazer. Além disso, a surdez pode ser congênita, decorrente de infecções durante a gestação ou nos primeiros anos de vida. “Rubéola, citomegalovírus, toxoplasmose, herpes simples são algumas das doenças que as gestantes precisam ficar atentas”, ressalta.
Alezandro explica que, nos jovens, a perda auditiva por ruído exige atenção especial, pois as frequências mais agudas vão sendo prejudicadas gradualmente, dificultando a percepção precoce.
“Vejo que muitos jovens não se preocupam em cuidar da audição porque não consideram os fatores que podem causar sua diminuição. Aqui na clínica, aos poucos, temos observado um aumento de casos nessa faixa etária, principalmente por uso intenso de fones de ouvido, som alto em baladas e falta de repouso auditivo após exposição a ruídos. Como as perdas leves são compensadas pelo cérebro, por meio da leitura labial, por exemplo, o problema passa despercebido até se tornar mais grave”, explica a profissional.
Especialistas recomendam que todas as pessoas realizem exames de audição pelo menos uma vez por ano. O acompanhamento do fonoaudiólogo é fundamental nesse processo, ajudando na detecção precoce de alterações auditivas e na orientação sobre tratamentos e adaptação de aparelhos auditivos, garantindo saúde e qualidade de vida.
Mesmo com o progresso na integração de indivíduos com surdez, Débora Alezandro enfatiza que a jornada está longe de terminar. Ela observa que, apesar de a acessibilidade ter evoluído, a comunidade surda ainda esbarra em obstáculos, principalmente quem já nasceu sem a capacidade de ouvir. Para essas pessoas, a vida ainda parece dividida em dois universos separados, onde a comunicação e a participação total na sociedade seguem restritas.
Por fim, a especialista argumenta que a Língua Brasileira de Sinais deveria ser reconhecida como a segunda língua oficial do Brasil, o que simplificaria o acesso a serviços básicos e a interação com outros. Para ela, muitos profissionais da área da saúde ainda carecem de preparo para atender de forma eficaz pacientes surdos, o que destaca a urgência de políticas governamentais, educação específica e sensibilização sobre a relevância da inclusão auditiva.
