Dia das Mães: o que elas realmente desejam nesta data

Comemorado no Brasil desde 1932, a cada ano o Dia das Mães está mais associado ao comércio e à concepção de que a homenagem é traduzida apenas na compra de presentes, transformando esse período num grande negócio. Opiniões maternas revelam sinônimos mais adequados para a data, que não aparecem nas publicidades e não podem ser representados por produtos materiais.

A auxiliar de limpeza Sandra Mara Dutra Barros, de 43 anos, diz que recebe presentes, mas prefere a convivência e o amor dos filhos, que são três homens e cinco mulheres. “É lógico que fico feliz quando recebo alguma coisa, mas para mim é apenas um bem material e não emocional.” Para ela, a data é mais relevante como homenagem. “Mãe é uma palavra pequena, mas envolve muito sentimento, como os gestos, as emoções, o coração e a razão. O comércio se aproveita e coloca uma situação em que para ser um bom filho é preciso dar um objeto caro.” 

O período é considerado o segundo mais importante para o varejo, perdendo apenas para o Natal. Sandra acha importante que haja esse dia comemorativo, mas observa que o ideal seria que o consumismo não fosse sua principal característica. “A propaganda e o comércio até têm que ter, mas a data deveria priorizar mais o sentido da figura mãe, mais amor, mais carinho”, analisa Sandra.  

Eneise Martins Corrêa, de 51 anos, é auxiliar administrativa e tem três filhos. Ela conta que sua família não tem o hábito de comemorar a data, pois a considera exclusivamente comercial. “Dia das Mães tem que ser todos os dias, pois está ligado à relação cotidiana com os filhos, com o que damos a eles e recebemos de volta, e nisso não há nada material. Uma rosa, por exemplo, pode ser mais especial que um produto comprado. Receber declarações, abraços e beijos dos filhos diariamente é muito melhor que presentes físicos.” 

Um desejo comum das mães é poder passar o domingo comemorativo com os filhos, o que nem sempre acontece. “Muitos filhos moram longe e não têm nem coragem de ligar para a mãe”, comenta Nizia Gonçalves, auxiliar de limpeza de 51 anos. Ela, que tem três filhos, diz que geralmente celebra a data em família. “Minhas duas filhas já moram comigo, e meu filho, que é casado, também vem passar o dia em casa. Sempre fazemos um almoço, um jantar ou um churrasco.” 

Nizia fala que não recebe muitos presentes no Dia das Mães, pois a homenagem é feita priorizando os sentimentos. “A data deve ser de convivência com os filhos, porque o presente, muitas vezes, não preenche o vazio da ausência deles. Um abraço vale mais que um bem material”, define ela. 

Apesar de ser uma data com significado alegre e de comemoração, também pode trazer sentimentos de saudade e lembranças para quem já perdeu a mãe, como é o caso de Rosinéia de Fátima Ribeiro de Campos, que trabalha como atendente e tem 43 anos. “Acho válido que essa data exista, mas a emoção acaba sendo duplicada. Fico feliz pela companhia de todos os filhos, e triste pela ausência da minha mãe, que já morreu”, confidencia ela.  

Também atendente, Maria Eduarda dos Santos tem uma filha de dois anos e sete meses. Segundo ela, mesmo sendo um período utilizado pelo comércio para aquecer as vendas, procura pensar na data como sinônimo de reunião familiar. “Espero que minha filha sempre reserve esse dia para mim, assim como fiz com minha mãe. Essa ligação é diferente, especial, é tudo em nossa vida”, avalia.