Estudantes do Ensino Médio de Sorocaba participam de evento científico internacional
Três escolas particulares e uma estadual estiveram na Uniso para o evento, em parceria com a USP, que envolve 13 mil estudantes de 60 países todos os anos
Os estudantes em visita às novas instalações da biblioteca da Uniso, durante o evento |
Por meio de uma iniciativa inédita em Sorocaba, estudantes do Ensino Médio de quatro colégios da região (os particulares Dom, Veritas e Renascer e a E. E. Professora Clotilde Beline Capitani, de Votorantim) participaram da 16ª edição das International Masterclasses do CERN, a Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear. O evento, que acontece em 60 países todos os anos, reunindo mais de 13 mil estudantes, aconteceu em Sorocaba no dia 14 de março, fruto de uma parceria entre a Universidade de Sorocaba (Uniso) e a Universidade de São Paulo (USP).
O objetivo é possibilitar que os estudantes tenham acesso ao dia a dia de um cientista, participando de um processo real de coleta de dados na complicada área da Física de Partículas. Na sexta-feira (13), um dia antes do evento em Sorocaba, os estudantes participantes visitaram o Instituto de Física da USP e conheceram as instalações do Pelletron, o acelerador de partículas da universidade. Lá eles tiveram a oportunidade de analisar dados de pesquisas coletados no LHC, o maior colisor de partículas em operação em todo o mundo, localizado na fronteira entre a Suíça e a França. Desde 2008 a Uniso vem dando apoio à divulgação científica dessas pesquisas, por meio do Grupo de produção experimental em Divulgação Científica da Universidade de Sorocaba (GpexDC-Uniso).
Videoconferência conectou estudantes e pesquisadores em três continentes |
Já no sábado (14) pela manhã, na Uniso, os estudantes apresentaram os dados compilados numa videoconferência internacional que envolveu duas pesquisadoras do CERN e estudantes de outra escola participante, localizada na Cidade do Cabo. Em inglês e orientados por professores da Uniso e da USP, os estudantes apresentaram os resultados de suas análises, trocaram experiências com os outros estudantes da África do Sul e puderam discutir um pouco sobre o processo de fazer ciência.
Para o professor doutor José Martins de Oliveira Júnior, pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Inovação da Uniso, o evento serviu para ressaltar que, independentemente da área do conhecimento, é possível ser cientista e fazer pesquisa de ponta no Brasil.
professor doutor José Martins de Oliveira Júnior, pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Inovação da Uniso |
professor doutor Marcelo Munhoz, docente do curso de Física da USP |
O professor doutor Marcelo Munhoz, docente do curso de Física da USP e um dos pesquisadores envolvidos nas pesquisas no LHC, concorda: “A proposta do evento é que os estudantes possam vivenciar tanto a vida nas universidades quanto o processo de produção do conhecimento. A ideia é que eles possam conversar com os pesquisadores, para que tenham um contato maior com a ciência. Mesmo que não se venham a se tornar cientistas, é importante que todo cidadão saiba o que é ciência.”
“O respeito pela ciência e a vontade de um dia me tornar cientista cresceram depois dessa aula”, conta a estudante Giovanna Cerioni, 16, do Colégio Renascer. Segundo a colegial, foi uma experiência diferente e um incentivo a pensar em outras possibilidades de carreira.
Além dos estudantes do Ensino Médio, também participaram das atividades estudantes de graduação em Jornalismo e membros do Grupo de Estudos de Astronomia (GEA) da Uniso. A proposta inicial do evento era que, além dos colégios do Brasil e da África, também participasse um colégio de Varsóvia, mas a atividade teve de ser cancelada devido às restrições impostas na Polônia pela situação da Covid-19.
As International Masterclasses continuariam ocorrendo ao longo de março, em todo o mundo, mas, infelizmente, as próximas conferências também tiveram de ser canceladas. No Brasil, o evento aconteceu no último dia útil antes da suspensão das atividades presenciais.
Texto: Vanessa Godinho e Vinicius Lara – Agência FOCS/ Jornalismo UNISO
Fotos: André Fidalgo