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Uniso inaugura Parque Tecnológico na Cidade Universitária

“Nesta data, há 27 anos e neste mesmo horário, eu estava ansioso pela publicação do Diário Oficial para poder ver a autorização de criação da Uniso. Quando saiu, fiquei extremamente emocionado. Hoje, ao participar da inauguração do Parque Tecnológico UnisoTech, posso afirmar com toda certeza que sinto a mesma emoção, na mesma intensidade”, declara com voz embargada e entre lágrimas o professor Aldo Vannucchi, ex-reitor e líder do processo de criação da Universidade de Sorocaba (Uniso), em 1994.


   Dezenas de pessoas compareceram ao prédio da Biblioteca Aluísio de Almeida (sede do UnisoTech), para prestigiarem o evento.
Foto: Rafael Filho.

Profº. Dr.Rogério Augusto Profeta (Reitor da Uniso) discursa observado pelo Mestre de Cerimônia Profº. Me. Fernando Celso Negrão Duarte.Foto: Rafael Filho

O que é o Parque Tecnológico UnisoTech?

Criado para ser um ponto de conexões entre empresas, alunos e professores, o UnisoTech trabalhará para que a pesquisa e o desenvolvimento de novos negócios possam caminhar juntos. Segundo o professor de Design e um dos coordenadores do Parque Tecnológico (UnisoTech), Marcelo Silvani, a ideia de criação do espaço surgiu durante o HandsOn, um programa colaborativo que envolveu alunos, professores, funcionários na discussão de melhorias e avanços para a instituição, em 2019. “Não existe em nossa região uma Universidade com um Parque Tecnológico dentro de suas instalações. Isso demonstra a preocupação da Uniso com a inovação e o aprimoramento do ensino”, comenta Silvani


 Professores Marcelo Silvani (à esq.) e Henrique Romão, coordenadores do Parque Tecnológico. Foto: Rafael Filho.

Para o professor de Economia e integrante da coordenação do Parque, Henrique Rafael da Silva Romão, o espaço servirá para que o aluno possa amadurecer uma ideia, sendo motivado a reconhecer que ela possa se tornar um projeto de sucesso. “O UnisoTech servirá como um grande Hub (rede de troca de informações) para os negócios, acolhendo os anseios, desejos e projetos dos alunos ao que as empresas também procuram no mercado. O aluno terá um local para colocar em prática o que aprende durante e após o curso, fazendo com que ele possa estar mais preparado para o mercado de trabalho”, afirma Romão, que também é consultor de inovação do Sebrae. 

Questionado sobre como o Sebrae visualiza a iniciativa da Uniso, Romão comenta que toda e qualquer articulação que uma instituição de ensino realiza em prol do empreendedorismo é válida. “A preocupação da instituição com relação ao empreendedorismo, faz com que os formados sejam mais versáteis e o mercado tem pedido isso. Ao ter contato com o tema, o aluno não é obrigado a empreender, mas ter o conhecimento sobre ele, o transformará em um profissional diferenciado”, afirma Romão.


(Da esquerda para direita) Professores Fernando Del Fiol, Rogério Profeta, José Martins, Aldo Vannucchi e Marcelo Silvani.
Foto: Rafael Filho.

Comentando sobre o processo de criação do Parque, o professor José Martins de Oliveira Jr., pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa, Extensão e Inovação (Propein) – pasta que tem ligação direta com o funcionamento do UnisoTech – conta que durante o processo de criação, foram feitas quase uma centena de reuniões com empresas de Sorocaba e da região para realização do convite para participarem do Parque e com aquelas que fizeram contato de maneira espontânea, sinalizando o interesse. “Já temos a Famille (alimentação) e a Uno (computação) presentes, e estamos em tratativas com outras. Algumas não irão se instalar fisicamente aqui, mas farão parte do projeto. Temos conversado muito com empresas de grande porte como a Schaeffler Brasil Sorocaba, por exemplo, que já utiliza a nossa infraestrutura laboratorial. A ideia é estreitar os laços, fazendo com que o aluno possa ter um contato bem próximo daquilo que ele vai encontrar na vida profissional dele”, declara Martins. O pró-reitor salienta que a ideia do UnisoTech não é somente oferecer espaço físico, mas também estrutura de pessoal (pesquisadores) e a infraestrutura dos laboratórios que já existem na Uniso, e que já vem dando suporte a muitas empresas. 

Questionado sobre os benefícios do UnisoTech, Martins afirma que ele será uma ferramenta de inovação na forma de como as aulas são ministradas nos cursos. “O aluno assistindo aquela aula tradicional apenas, não consegue ter uma vivência de mundo que as empresas podem exigir. A ideia é mostrar para ele, o que tem lá fora. Para que ele possa devagar ir vivenciando isso, sendo inserido nesse processo. E no decorrer várias coisas podem acontecer. O aluno pode se sentir motivado a criar uma empresa, ou simplesmente através do estágio sentir de forma mais próxima, como é o mundo real”, declara Martins.

O professor defende ainda que as ações desenvolvidas dentro do Parque, podem impactar positivamente, a maneira como serão produzidos no futuro os Trabalhos de Conclusão de Curso, tão temidos por muitos alunos. “Quando você se afasta da sala de aula e se aproxima de uma empresa, você está vivenciando os problemas reais daquela empresa. Então eu não preciso inventar um problema na sala de aula e depois sair procurando soluções para ele. A ideia é que eu tenha um problema real, (seja ele da indústria, do comercio, da área de saúde, serviços etc.), para solucionar. O aluno enxergando e resolvendo o problema, ele vai apresentar o seu TCC ao final do curso, mostrando os resultados de um problema real, e não de um criado em sala de aula”, explica Martins. 

Dificuldades e Pandemia


Martins: “A pandemia de certa forma nos ajudou. A reuniões online nos possibilitaram alcançar mais pessoas, em um curto espaço de tempo”. Foto: Rafael Filho.   

Reforçando a ideia de que devemos sempre buscar soluções em meio aos obstáculos, ao ser questionado sobre as possíveis dificuldades geradas pela Pandemia do Covid-19, Martins responde que a presença física das pessoas faz muita falta, e que o contato físico com uma empresa ou com um grupo de pessoas que representam essa empresa é muito importante, porque aproxima ainda mais as partes envolvidas, estreitando laços. “Por outro lado, o fato de estarmos em pandemia nos forçou a realizar reuniões online, elas são mais rápidas e eficientes. Isso possibilitou um número maior de reuniões, acredito que se não estivéssemos em situação de pandemia, não teriam ocorrido tantas reuniões em um curto espaço de tempo”, pondera Martins.

Respondendo a mesma pergunta, Silvani comenta que dificuldades existem em todos os lugares e momentos, mas se não buscarmos meios de superá-las, não evoluímos. “Costumo usar o exemplo da tâmara. A árvore demora 90 anos para dar frutos, se pesarmos apenas na demora, não teremos a atitude de plantar, e nunca mais ninguém comerá tâmaras. Mesmo com a pandemia, conseguimos concluir o espaço de convivência da Biblioteca, e ele foi o pontapé para a inauguração do Parque. Tivemos que agir e ver o resultado. Manter o desenvolvimento do projeto, mesmo de forma online, foi decisivo para chegarmos ao dia de hoje”, declara Silvani. 

Homenagem ao passado, investimento no presente e esperança de futuro


Vannucchi: “A Uniso tem conseguido não só superar obstáculos, mas rasgar novos caminhos. Surpreendendo certas pessoas, e algumas mentalidades que ficam amarradas no passado a Uniso não tem amarras, ela nasceu para crescer”. Foto: Rafael Filho.

Homenageado em um painel dentro do Parque Tecnológico, o professor Aldo Vannucchi aproveitou o evento para reforçar os valores sobre vocação e missão. “Eu vi essa celebração como a confirmação da vocação e da missão da Uniso. Vocação é o chamado para realizar alguma coisa que dignifique o ser humano na sua perspectiva pessoal e social. Missão é o cumprimento da vocação. Missão é a vontade e realização de um sonho exterior, o sonho nasce na gente, ou em um grupo social, mas ele só se concretiza na exterioridade. Então a missão da Uniso continua sendo aquela que todos conhecemos de operar a transformação social, da maneira mais ampla possível. Mediante o trabalho docente, discente e funcional que ela realiza todos os dias”, enfatiza Vannucchi.

Questionado sobre se ele imaginava, em 1994, que a Uniso chegaria ao tamanho que é hoje, Vannucchi diz que era impossível, mas defende que os sonhos não possuem limites, e que eles valem à medida que nós procuramos concretizá-los. “Essa concretização tem passos. Momentos difíceis, escabrosos e polêmicos. Necessita de superação, de obstáculos, de contrariedades e de críticas negativas. Vejo, após 27 anos, que a Uniso tem conseguido não só superar obstáculos, mas rasgar novos caminhos. Surpreendendo certas pessoas, e algumas mentalidades que ficam amarradas no passado. Uniso não tem amarras, ela nasceu para crescer”, sentencia Vannucchi.


Larissa Lira, autora do painel. Foto: Rafael Filho.

“Fazer parte do primeiro time do UnisoTech, está sendo uma honra para mim. Me formar em 2020, em plena pandemia, e no ano seguinte já estar atuando dentro da minha área tem sido algo muito gratificante”, declara Alice Arruda da Silva, formada em Design pela Uniso e assessora administrativa do Parque. Arruda é responsável pelos primeiros contatos das pessoas com o UnisoTech, recebendo e direcionando os projetos, fazendo a conexão entre alunos, professores e empresas. Ela foi aluna de Silvani e acompanhou o processo de desenvolvimento do UnisoTech e comenta que ter contato com diversas empresas e com as necessidades do mercado tem sido uma experiência engrandecedora. “Eu lembro quando o Parque era apenas uma ideia, e hoje estou vendo o crescimento dele. Poder lidar com empresas de ramos diferentes, saber o que o mercado está pedindo, sua diversidade, suas dores etc., é algo que está agregando muito à minha carreira”, declara Arruda.


      Alice Arruda, assessora administrativa do Parque Tecnológico. Foto: Rafael Filho.             

Responsável pela criação do painel em homenagem a Vannucchi, Larissa Lira, é recém-formada em Design pela Universidade de Sorocaba. Ela recebeu o convite do professor Silvani e aceitou o desafio de imediato. “O Silvani me apresentou a frase e o tema. Ele me deixou livre para fazer todo o restante. A minha ideia com o painel, é trazer uma mensagem de esperança, não somente para o presente devido a situação em que vivemos, mas também para as gerações futuras”, declara a designer. Lira comenta que o processo criativo transcorreu conforme esperado, durando um mês entre a ideia inicial e a conclusão da obra. “O legal é que a ideia inicial ficou muito boa, então a mantivemos até o final, não mudou nada durante o percurso. Eu quis brincar com a questão do sonho, da fantasia e do lúdico. Para mim, a palavra que define a obra é esperança. Trazer, para quem a vê, um incentivo a ter esperança de que seus sonhos irão se concretizar”, enfatiza Lira.


Lira: “A palavra que define a obra é esperança. Trazer, para quem a vê, um incentivo a ter esperança de que seus sonhos irão se concretizar”. Foto: Rafael Filho.        

“Todo empreendedor precisa estar preparado para as oportunidades que surgem”


Professora Marcia Sabadin (à esq.) e Laura Massonetto, na empresa Famille. Foto: Rafael Filho.  

 A primeira empresa a se instalar dentro do UnisoTech já começou enfrentando um grande desafio. “A ideia inicial era criar uma empresa para apenas prestar assessoria, dar suporte e formar profissionais para empresas de alimentos. Hoje, estamos atendendo ao público de toda a universidade através do restaurante e fornecendo mais de 350 marmitex para uma empresa de fora”, conta sorridente Laura Massonetto, proprietária da empresa. 

O restaurante Famille foi inaugurado em setembro, no Bloco D da Uniso. A coordenadora do curso de nutrição da Universidade de Sorocaba e que presta serviços como assessora de gestão e empreendedorismo para a Famille, professora Marcia Sabadin Mendes de Moraes, explica que a pretensão de se criar um restaurante-escola surgiu dentro do Programa HandsOn em 2019. “A ideia do restaurante já existia, mas não seria para agora. Mas com o surgimento da disponibilidade do espaço no bloco D, e a entrada da Famille no UnisoTech, vimos que seria a grande oportunidade para unir as ideias e colocar o projeto em prática”, afirma Sabadin. 

Formada em Nutrição pela Uniso, trabalhando há mais de 20 anos no ramo de refeições coletivas, Massonetto comenta que nessa área de trabalho não existe rotina, e que o profissional precisa estar preparado para novidades e desafios todos os dias. “Foi difícil, gerou um esforço muito grande mas, em 40 dias, o projeto foi todo reformulado, e abrimos o restaurante. O segredo é não se apavorar e usar o imprevisto a seu favor” declara Massonetto. 

Segundo Sabadin a ideia do restaurante, além de atender o público que frequenta a Universidade, é proporcionar aos alunos um espaço para aprendizado seja ele através de estágio, ou mesmo no modelo de CLT. “Além dos cursos da área de alimentação (Nutrição, Gastronomia e Engenharia de Alimentos) o restaurante buscará interagir com outros cursos. Estamos conversando com o pessoal da Engenharia Ambiental para a realização da compostagem e de projetos para a agricultura familiar e desenvolvimento do agronegócio. Estamos interagindo com os cursos da área de TI também, para a criação de um App para pagamento antecipado”, explica Sabadin. 


Laura Massonetto (à esq.): “O medo de errar, impede as pessoas de criarem” Foto: Rafael Filho.        

Massonetto acredita que a preparação para o enfrentamento do mercado após a academia, é fundamental para um bom desenvolvimento do profissional recém-formado, e explica que o restaurante terá a função de trazer um conhecimento maior para os alunos, o deixando mais seguro e mostrando a realidade do dia a dia, que muitas vezes é diferente daquilo que o aluno fantasia. “Quando me formei, meu primeiro contrato foi para servir mais de 5 mil refeições diárias, muito acima do que eu imaginava quando estava na sala de aula. Às vezes, nós, enquanto alunos, criamos um mundo de fantasia em nossa mente, mas a realidade é totalmente diferente”, explica Massonetto. 

A nutricionista diz que atualmente o mercado sente falta de profissionais especializados em refeições transportadas. “Houve um aumento muito grande no ramo de entrega de comida. Mas não é simplesmente entregar uma marmitex, existem diversos protocolos que envolvem o processo. O restaurante buscará formar profissionais que possam atender a essa e demais demandas do mercado”, complementa Massonetto.

Questionada sobre a possibilidade da ocorrência de falhas por parte dos estudantes, já que o estágio no restaurante é uma extensão do aprendizado de sala de aula, e muitas vezes é onde os alunos estão propícios a ainda cometer erros, Massonetto defende a ideia de o erro pode existir, mas deve ser tratado de maneira corretiva e não acusatória. “Errar é humano. Logicamente, que vamos trabalhar para que ele não ocorra, mas temos que lembrar que estamos trabalhando com alunos que ainda estão em processo de aprendizagem. Temos que ver onde o processo está incorreto. A causa, a raiz do problema, e não um culpado”, defende Massoneto, que complementa dizendo que o medo de errar, impede as pessoas de criarem.

RAFAEL FILHO

(AGÊNCIA FOCS / JORNALISMO UNISO)

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