Padrões estéticos e de consumo: moda na mídia e sustentabilidade são temas de palestra para estudantes de jornalismo e moda
Por: Maria Luiza Weiss (Agência Focas – Jornalismo Uniso)
A artista plástica e coordenadora do curso de Bacharelado em Moda da Universidade de Sorocaba (Uniso), Laura Mello de Mattos, realizou, na última sexta-feira (11), uma palestra sobre a influência da mídia na construção do que se entende por “moda”. A professora iniciou a palestra fazendo uma linha do tempo sobre as influências da moda na construção da sociedade e os paralelos do passado com o presente para os alunos das disciplinas de Jornalismo Especializado e Inovação e Criatividade em Jornalismo.
A professora enfatizou a importância dos comunicadores quando se trata da mediação da moda, explicando que, embora o tema seja muito associado, à primeira vista, somente ao vestuário, ele é uma arte, um estilo de vida que pode dar voz ou silenciar pessoas, sendo uma oportunidade de se impor na sociedade.
Laura explicou que o papel da mídia também é forte quando se trata do que a política e o momento social exigem do papel de um povo, utilizando roupas e valores comportamentais para moldar uma nova tendência. “As revistas pós-guerra, nos anos 50, traziam sempre a imagem da ‘mulher mãe’, esposa, pois, naquele momento, era necessário que elas tivessem filhos.”
Mello relembrou a Rainha Vitória, do Reino Unido, que, ao longo do século XIX, foi a maior referência feminina da época, conhecida como “Era Vitoriana”. Tudo o que ela vestia, seus trejeitos e falas eram pintados e transcritos em quadros e jornais e, principalmente, copiados pelas mulheres.
“Os vestidos da rainha Vitória tinham seus ombros caídos, a silhueta era muito rígida, muito fechada, sempre remetendo à submissão das mulheres e a um romantismo também”, explicou Laura.
Para a artista, é essencial que, para entender moda, se estude primeiro a arte. Abrindo a palestra para perguntas, a professora destacou que, para ser um bom profissional, independente da sua profissão, é necessário se especializar em alguma área.
“Hoje todo mundo quer fazer a mesma coisa, a mesma função, é tudo igual. Mas eu sempre digo que, para se destacar, para ser bom mesmo na sua carreira, você deve estudar e se especializar em alguma área”.
Laura também comentou a respeito da importância do olhar sobre a sustentabilidade. A partir de sua experiência na área têxtil, ela falou dos estudos sobre tecidos sintéticos, que proporcionam uma economia na produção.
“Os tecidos sintéticos não têm questão de praga, de descascar, de peso, de tingimento. Se queimar a fibra sintética, ela vira plástico e pode ser reaproveitada, diferente da natural que, por ser orgânica, desaparece.”
Segundo a professora, não se pode generalizar e culpar somente as marcas pelas condições de trabalho na cadeia produtiva da indústria têxtil, pois os governantes dos países também são coniventes. “A marca não é a única errada, o Estado também é conivente, pois não busca melhorar as condições de vida e emprego da população e muitas vezes não dá oportunidades para as pessoas procurarem outro trabalho, não deixando escolha a quem se sujeita às produções.”
Laura ressaltou o dever do jornalista de expandir seu olhar para essas situações e promover discussões válidas, que provoquem uma mudança real, começando pelos direitos assegurados pelos líderes governamentais.
A professora enfatizou a necessidade de produção de roupas tecnológicas para diminuir os custos na confecção de roupas. “Os tecidos tecnológicos não são tecnológicos na ideia de ‘custar mais’. Eles ajudam a diminuir os custos da produção, usa-se menos energia elétrica, por exemplo, permitindo aumentar a produção.” Isso torna esse tipo de roupa mais barata e, portanto, mais acessível, além de representar um impacto ambiental menor. “Somos oito bilhões de pessoas no mundo, pessoas que estão tendo filhos e precisam ser vestidas; então as marcas não vão parar de produzir, não podemos parar de produzir. O que resta é diminuir os custos e os impactos ambientais dessa produção.”
A palestra uniu alunos de diferentes cursos e módulos, promovendo um debate enriquecedor sobre a influência da moda para além do vestuário, os padrões comportamentais e culturais, e a importância da comunicação nessa construção social.





