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Noite do Solstício leva ciência e encantamento ao céu de Sorocaba

Na sexta-feira 13 de junho a UFSCar abre as portas com programação sobre astronomia e observação dos astros

Por Sophia Ruivo Pompeu (Agência Focas – Jornalismo Uniso)

Humberto Albiero Neto: Arquivo pessoal

Para incentivar jovens a se encantarem pela ciência, um grupo de jovens da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), campus Sorocaba, mostra que o amor pelo conhecimento científico ainda pode mover mundos. Ou, ao menos, fazer com que dezenas de olhos se voltem ao céu noturno para redescobrir o fascínio pelas estrelas.

No dia 13 de junho, a universidade abre suas portas para a Noite do Solstício, evento promovido pelo Centro Acadêmico de Física (CAFIS) com apoio de docentes, estudantes e parceiros.

Com início às 17h30, no campus Sorocaba da UFSCar, localizado na Rodovia João Leme dos Santos (SP-264), km 110, não é necessário inscrição prévia.

A programação inclui duas palestras de astronomia e física ambiental, experimentos científicos práticos, e observação astronômica com telescópios, combinando rigor acadêmico e encantamento popular, a entrada é gratuita.

Uma das atrações da noite será a palestra “Estrelas: Vida e Morte”, conduzida pelo professor Sérgio Dias Campos, doutor em Física pela Unicamp. Com entusiasmo contagiante, ele antecipa o conteúdo: “Estrelas não são bolas de fogo eternas no céu. São frutos de fusões nucleares, que surgem, evoluem e morrem. Quando morrem, nos deixam os elementos fundamentais para a vida. Nós só existimos porque outras estrelas morreram antes. A frase ‘somos poeira de estrelas’ é verdadeira.”

O professor ainda destaca a potência inspiradora da astronomia: “Não importa o quão incríveis sejam as estruturas do universo: um dia terão fim. Mas não agora! Temos bilhões de anos para desbravar esse oceano do desconhecido.”

A segunda palestra, que terá como tema a Poluição luminosa, será ministrada pela professora Letícia Estevão Moraes, licenciada em Física pela própria UFSCar Sorocaba, mestra e doutora em Ensino de Ciências e Matemática pela Unicamp. No retorno à universidade em que foi licenciada, Letícia demonstra a importância da astrofísica em sua graduação: “Durante minha formação, tive a oportunidade de fazer Iniciação Científica na área de Astrofísica – uma vivência que despertou em mim um encantamento duradouro pelo céu e suas infinitas possibilidades. Falar sobre poluição luminosa neste contexto é, para mim, um gesto de reconexão com essa paixão, mas também um convite à reflexão coletiva sobre o que temos perdido com o apagamento progressivo das estrelas. Espero que esta apresentação inspire nos participantes não só a curiosidade científica, mas também a consciência de que preservar o céu escuro é um ato de resistência, de cuidado com o conhecimento e com a vida em todas as suas formas.”

O evento marca também a retomada do CAFIS, após um período sem representação estudantil. À frente da organização está o jovem Humberto Albiero Neto, 19 anos, graduando de licenciatura em física e presidente do centro acadêmico: “Sempre gostei de entender como as coisas funcionam. A OBA me apresentou à física aplicada. Participar deste evento é dar continuidade ao legado de acolhimento e encantamento que conheci quando entrei na UFSCar.”

Ao seu lado, a vice-presidente Yasmim de Souza Gama, 21, discente de licenciatura em Física completa: “A física nos faz olhar o mundo com outras lentes. Não é só sobre fórmulas, é sobre ouvir um som e imaginar a onda por trás dele. Organizar este evento é lidar com gente, com imprevistos, mas também com magia. Quando os telescópios estão apontados para o céu e o público se encanta, tudo vale a pena.”

O também Doutor em Física pela Unicamp, Tersio Guilherme de Souza Cruz, responsável institucional do evento, destaca o envolvimento dos alunos: “O entusiasmo dos estudantes é o que me levou a participar. É um evento mágico, ainda mais significativo com a retomada do CAFIS. Tenho certeza de que será um sucesso.”

A programação prevê ainda experimentos com gerador de Van de Graaff, ondas estacionárias e outras demonstrações interativas. Parte da noite será transmitida pelo canal do CAFIS no YouTube, e a expectativa é receber um público diverso, entre estudantes da rede pública, familiares e interessados em ciência.

Experimento de Van de Graaff | Arquivo pessoal Humberto Albiero Neto
Experimento Ondas estacionárias | Arquivo pessoal Humberto Albiero Neto

A iniciativa demonstra a necessidade de incentivar jovens a se interessar pelo tema e carreira e trás não apenas um respiro, mas um ato de resistência em defesa da ciência.

Para os organizadores, a resposta vem com mais paixão. “Não se contentem com respostas simples. Continuem perguntando, mesmo que a resposta ainda não exista”, aconselha Humberto.

E talvez, entre estrelas que já morreram há milhões de anos e ideias recém-nascidas em uma sala de aula, esteja o verdadeiro futuro da ciência.

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