Educação e comunidade negra de luto: morre professor Ademir Barros, o “Ed Mulato”
Por Rafael Filho (Agência Focas – Jornalismo Uniso)

Faleceu na manhã do hoje (2 de outubro de 2025) o escritor, pesquisador e doutor em educação pela UFSCar de Sorocaba/SP Ademir Barros dos Santos, que também assinava suas obras com o pseudônimo Ed Mulato.

Coordenador da Câmara de Preservação Cultural do Núcleo de Cultura Afro-Brasileira de Sorocaba/SP (Nucab) desde o fim da década de 1990, Ademir tinha 77 anos e era uma figura conhecida internacionalmente por sua luta antirracista, em favor da educação e principalmente na divulgação do continente africano e dos povos em diáspora.

Chamado também de “enciclopédia africana ambulante” por seus amigos, Ademir estava internado desde o dia 30 de setembro por complicações renais e acabou não resistindo.

Assim como os “Griôs” africanos — ancestrais que transmitiam conhecimentos de diversas formas, dentre elas a contação de histórias — Ademir deixa um legado de ensinamentos sobre negritude, não somente para a comunidade negra, mas também para toda a cidade.

Ademir foi também um autor que recebeu diversos prêmios, como o “Prêmio VIP de Literatura”, da Publisher Editora, a “Medalha Nelson Mandela e o “Voto de congratulações pela atuação em benefício das comunidades de matrizes africanas”, ambos da Câmara Municipal de Sorocaba, o “Troféu João de Camargo”, Prêmio Destaque Responsabilidade Social do Centro Cultural Quilombinho e o “Prêmio Jorge Narciso de Matos”, do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região e Espaço Cultural dos Metalúrgicos.
Dentre seus livros, se destacam: “África: nossa história, nossa gente”; “Fundamentos da circulação de saberes nos espaços religiosos de matriz africana”; “Mãos Negras” e “Memórias: revoltas de escravos e quilombos”.
A comunidade negra e as comunidades de religiões de matriz africana — principalmente as do Candomblé, da qual Ademir era praticante — agradecem a presença do professor Ademir neste plano terrestre e esperam que ele seja recebido e guiado por todos os Orixás na esfera espiritual.

Última homenagem
O velório será realizado na Ossel que fica na rua Dr. Américo Figueiredo, n. 99, Jardim Simus, em Sorocaba, a partir das 5 horas de amanhã, 3 de outubro. O cortejo fúnebre sairá às 11 horas.
“O homem falha, mas o artista que resiste, persiste e fideliza, é imortal.” (Claudio Silva)
Para béns pela homenagem, Rafael e FOCA.
Perda sem precedentes.