A 1ª Semana de Moda organizada pelo curso de Design de Moda da Uniso apresentou uma temática diversa em três dias de evento realizado entre 11 e 13 de abril, com palestras e oficinas. A primeira exposição foi sobre moda inclusiva, com a presença de Maria Clara Pfister, terapeuta ocupacional e pesquisadora em moda inclusiva, que atua na área neurológica adulta e infantil no Instituto de Reabilitação Lucy Montoro e pôde compartilhar a sua experiência em adaptar roupas para pessoas com deficiência.
Durante a palestra a terapeuta ocupacional expôs como ingressou na carreira e mostrou exemplos reais de pacientes que tiveram a qualidade de vida transformada com as adequações feitas em suas roupas. Ela conta que nesse sentido, “a saúde está ligada à moda por meio da demanda dos próprios pacientes. Eles apresentam as dificuldades de não conseguir se vestir, tirar a roupa para fazer suas necessidades. Então, isso é uma questão de saúde, ele precisa fazer isso, então uma roupa mais fácil o ajuda ter independência na hora de fazer essas atividades”.
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Palestrante Maria Clara Pfister |
A moda inclusiva propõe uma inovação na criação de peças de acordo com a necessidade de cada pessoa, são pequenas mudanças que fazem muita diferença em quem as utiliza. “A moda inclusiva deixa todo mundo em um mesmo nível de estilo de roupa, de escolha, quando a pessoa não pode escolher, não pode ir ali comprar aquilo, ela não pode usar calça jeans, ela não pode mais usar a roupa que se sente bem, tem impacto na sociedade, tem impacto na vida dela”, destaca Maria Clara.
Um dos materiais frequentemente usados por ela para a adaptação do vestuário de pessoas com deficiência é o velcro. Outras alterações podem ser feitas substituindo botões por imãs ou zípers, além da colocação de bolsos em lugares estratégicos e de elásticos em calças jeans.
Segundo Maria Clara, produzir roupas que se adaptem a esse tipo de público é promover a inclusão, mas ao propor uma loja específica para pessoas com deficiência isso acaba sendo uma exclusão. “Quando você faz uma peça que se torna universal, eu posso usar, todo mundo pode usar, isso é inclusão, todo mundo usa. Quando você faz uma roupa só para pessoa com deficiência, uma loja só pra pessoa com deficiência, aí você está segregando, diferenciando. Ela compra ali, todo mundo compra em qualquer lugar, ela só vai comprar naquele lugar, naquela loja específica, aí já não é legal”, completa.
Aymê Okasaki, professora do curso de moda, diz que “a moda é algo praticamente necessário, todo mundo está inserido nesse sistema de moda de alguma forma”, sendo importante pensar nesse público, às vezes deixado de lado. De acordo com ela, é muito importante ter pessoas que pensam em produtos para esse público.
Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem 45 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência no Brasil, sendo metade deste número mulheres. O mercado brasileiro reservado para este nicho da moda cresce aos poucos. Uma das iniciativas do Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria do Estado do Direito da Pessoa com deficiência propõe um concurso de moda que premia os melhores projetos para pessoas com deficiência. O concurso “Moda Inclusiva” está em sua 10ª edição e recebe inscrições até 8 de junho pelo site bit.ly/concursomodainclusiva.
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Oficina de Corte de Costura |
Sobre a Semana de Moda – O evento é o primeiro desde que o curso passou de tecnólogo para bacharelado. A professora Aymê Okasaki explica a importância para o curso, em proporcionar diferentes olhares da moda em uma única semana, oferecendo algo que complementa os conteúdos que são apresentados em aula. “É importante para os alunos verem um pouco além do que só as disciplinas, a gente foi atrás de palestrantes e de empresas que pudessem nos ajudar e que fossem contribuir com a formação dos alunos”.
As alunas Ana Paula Gomes Leite, 18, e Mariana Vicente, 22, ambas do 3° semestre contam que a programação do evento agrega muito na formação delas e facilita o acesso a coisas que não vivenciaram com ênfase na prática. “Em questão dos alunos entra como enriquecimento por fora, que aí tem coisas que a gente não tem acesso, não é tão fácil de conseguir”, diz Ana Paula. Ela cita uma das oficinas de tingimento, em que estudou a parte teórica, e com a oficina, tem a possibilidade de executar isso na prática. Para Mariana Vicente, como em Sorocaba o foco não é a moda, para terem acesso a algumas das palestras e workshops teriam que se deslocar para outra localidade. “A semana de moda para nós alunos é bom porque ao invés de termos que ir até eles, eles vem até a gente”, sintetiza.
Oficina de costura – Logo após o término da primeira programação principal, na parte externa do bloco F, estavam distribuídas máquinas de costura em pequenas mesas, para que os alunos pudessem ter a experiência de confeccionar uma bolsa com a escrita “eu amo costura” e levá-la para casa. Esta oficina funcionou durante todos os dias de evento, para alunos e interessados em costura. Ao lado da oficina, o público também acompanhou uma exposição de peças de roupas da moda.
Texto: Aline Nunes/AgênciaJor
Foto: Stephanie de Paula/AgênciaJor