Uniso Internacional – a comunicação que atravessa fronteiras
Por Samyra Alves (Agência Focas – Jornalismo da Uniso) – Série De repente 30
Japão, Chile e Bolívia, lugares tão distantes, mas que estão presentes na história dos cursos de comunicação da Uniso e que marcaram a vida de alguns alunos que já saíram da faculdade, mas sempre estarão ligados a ela.

Neste mês a Uniso celebra os 30 anos dos cursos de Comunicação e é possível imaginar quantas histórias aconteceram neste lugar, quantas pessoas caminharam pelos corredores com os olhos brilhando de ansiedade e expectativas para o futuro enquanto acompanhavam as evoluções dos cursos e aos poucos se despediam para dar espaço aos novos alunos que entravam com a mesma ânsia de aprendizado que um dia eles tiveram.
Lembrar de tudo isso é muito nostálgico, mas ao mesmo tempo percebemos que não conhecemos tanto quanto deveríamos a respeito da história dos cursos, então vamos embarcar nesta jornada, voltar para o passado e acompanhar as histórias de alunos que levaram um pedacinho da faculdade para outros lugares do mundo e trouxeram materiais incríveis para dentro da instituição.
Nossa primeira parada será na Bolívia, lugar em que o ex-aluno de jornalismo e professor dos cursos de comunicação, Marcel Stefano de 48 anos esteve a 26 anos atrás, explorando e mergulhando em cavernas, descobrindo fosseis e vivendo uma das melhores experiências de sua vida.
Marcel tinha apenas 23 anos quando foi convidado pela ONG europeia chamada Akakor, que é conhecida por realizar expedições pelo mundo, para os acompanhar em uma expedição de cavernas em uma pequena cidade chamada Torotoro na Bolívia durante 20 dias, sendo 5 de viagem e 15 de exploração. Ele já tinha experiência com a atividade pois explorava as cavernas no Parque Estadual Turístico do Alto Ribeira, também conhecido como Petar, localizado em Iporanga e aceitou o convite.
Antes da viagem acontecer foi necessário conversar com os professores a respeito da ausência, pois a expedição aconteceria em agosto, mês de aulas letivas e conseguiu se organizar para que seu desempenho acadêmico não fosse prejudicado durante este período. A faculdade fez o empréstimo de uma câmera, flash e alguns rolos de filmes, porém todo o custo da viagem, hospedagem e alimentação ficou sobre responsabilidade de Marcel.
A cidade de Torotoro fica a 3.800 metros acima do nível mar, tornando impossível o cozimento de alguns alimentos, entre eles o pão e o feijão. A alimentação se limitava a um pão sem fermento que se tornava duro ao passar do dia, mas que era a única opção disponível para matar a fome, porém sua maior dificuldade foi em relação a falta de água quente para banho.

Ao retornar para o Brasil, Marcel passou a valorizar mais as pequenas coisas, refletindo sobre a vida em uma cidade que não possui tantos benefícios e estruturas consideradas básicas, relembrando que as ruas eram utilizadas como mercados, carnes eram expostas a céu aberto e as pessoas utilizavam as ruas como banheiros “Causa estranhamento, mas não podemos julgar. É cultural”.
Quando paramos para avaliar as questões culturais ficamos surpresos como cada pessoa é diferente podendo ter olhares e opiniões divergentes para a mesma coisa, tudo depende do ambiente que a pessoa nasce, os recursos que são oferecidos, a sociedade que ela é inserida e as condições que são impostas.
O olhar aventureiro de Marcel não o levou apenas a viver uma experiência impressionante, mas também a desenvolver o primeiro livro de jornalismo científico a ser apresentado como TCC na universidade.
Após voltar, ele se dedicou a terminar seu livro, já que durante a expedição anotou os eventos e reteve as informações essenciais para focar na escrita ao retornar.
A experiência e todo o conhecimento adquiridos na viagem foram insubstituíveis. A vivência foi registrada em seu livro, intitulado “Humajalanta 98”, refletindo sua história de forma pessoal “O TCC tem que ser algo pessoal, algo seu,” enfatiza Marcel, ressaltando que não há certo ou errado, mas sim a experiência de quem viveu e presenciou.
Embora o livro nunca tenha sido divulgado externamente, os laços criados foram tão fortes que ele mantém contato com algumas pessoas da equipe de exploração até os dias atuais de 2024. A paixão pela experiência foi tão grande que em 1999, Marcel explorou uma caverna na Islândia e, em 2000, retornou à Bolívia para mergulhar no lago Titicaca.
Quando pensamos em TCC o coração dispara e o pensamento de “Será que sou capaz?” invade a cabeça de todos os alunos, mas para o explorador o TCC deve ser baseado em algo que você goste e que reflita sua essência, permitindo a produção de algo significativo, agregando os ensinamentos adquiridos ao longo dos anos na faculdade. Essa liberdade, segundo ele, é rara no mercado de trabalho.

De volta a nossa linha do tempo vamos para 2016, acompanhar Vanessa Nunes, uma ex-aluna do curso de jornalismo da Uniso em seu intercâmbio para o Chile.
Fazer intercâmbio é o sonho de muitos jovens não apenas do Brasil, mas país a fora também e poder realizar esse sonho é mágico e Vanessa sabe o quanto essa oportunidade foi gratificante e única na sua vida, por mais que o desejo do sonho Americano tenha ficado para uma próxima.
As faculdades dos Estados Unidos eram muito caras, então optou por países mais próximos do Brasil já que os custos eram mais acessíveis. A Uniso arcava com os custos acadêmicos, mas não cobria moradia ou necessidades pessoais, como alimentação, ficando a cargo do aluno lidar com essas questões.
Atualmente, a divulgação do programa de intercâmbio não é tão forte, mas em 2016 havia mais facilidade, permitindo conversas diretas com os responsáveis e coordenadores do curso para analisar quais disciplinas poderiam ser validadas no Brasil ao retornar. Vanessa expressou sua gratidão à coordenadora, Andréa Sanhudo, que a ajudou a organizar e planejar seu plano de estudos no exterior, oferecendo dicas sobre as matérias e suporte para garantir uma experiência enriquecedora. A prova para aprovação no programa foi desafiadora contando com 30 questões e uma redação extensa.
Quando passamos uma noite fora de casa já ficamos ansiosos pensando se tudo que precisamos estará conosco durante a noite, mas ficar mais tempo que isso exige uma preparação e um planejamento maior e melhor estruturado.
Durante os seis que passou no Chile sua renda foi equivalente a R$ 1.300 por mês, sendo o suficiente para viver, porém o desafio de dividir moradia e alimentação com outras meninas exigia mais organização do que lidar com a sua própria questão financeira.

A experiência foi um grande amadurecimento, mas é importante ir preparado para lidar com as novas situações, uma vez que não há a rede de apoio familiar à qual estamos acostumados. Aprender a se comunicar e conviver com os outros, além de compartilhar experiências, transformou sua vivência em uma das melhores lembranças do intercâmbio.
“Tudo deve ter planejamento,” afirma Vanessa, ressaltando que não é apenas uma questão de decidir ir e deixar a vida fluir, como muitos estudantes fazem. É necessário organizar despesas, salário, moradia e saúde, além de ter condições para se concentrar nas aulas, já que o ambiente diferente pode causar um choque inicial.
Embora a experiência tenha sido maravilhosa, nem tudo foi fácil. “Os primeiros dois meses foram os mais difíceis,” relembra Nunes, ao falar sobre a adaptação à nova rotina de alimentação, estudos e convivência, especialmente com suas colegas de moradia, que tinham uma organização diferente. Foi preciso entender e aceitar as diferenças culturais, além de dialogar e chegar a acordos para uma boa convivência.
Novamente estamos frente a frente com questões culturais, mas não paramos por aí, fazendo uma última parada em 2020, ano que o livro intitulado “Projeto Hibakusha” escrito pelo professor dos cursos de comunicação e doutorado, Guilherme Profeta e ilustrado pela Ligia Zanella, foi publicado contando a história dos sobreviventes das bombas de Hiroshima e Nagasaki.

A obra escrita pelo professor é um livro-reportagem em quadrinhos, trazendo algumas histórias sobre os sobreviventes de uma das maiores barbáries que o mundo já presenciou, escrevendo que “a história da bomba atômica é também a minha história” e como falamos sobre os efeitos dos textos sobre os leitores, mas não falamos sobre os efeitos em nós mesmo.
A experiência de ler o livro é surreal, nos teletransportado para os momentos e sentindo a angústia daqueles que viveram, sobreviveram e que querem que suas vozes sejam ouvidas, pois sobreviver não é sinônimo de felicidade ou paz, pois os impactos dos acontecimentos daquele dia os perseguiriam durante a vida toda, não apenas eles, mas aos seus entes queridos também, trazendo a mensagem que não devemos nos esquecer e nem deixar a história morrer.
O livro-reportagem em quadrinho é uma ótima forma de mostrar para o leitor, não apenas por palavras, mas por imagens, o ambiente que os diálogos e ações se passam.
Em dezembro de 2019, o avião em que o professor Guilherme Profeta estava chegou ao Japão e em janeiro de 2020 ele estava parado na entrada de Hiroshima observando o local totalmente reconstruindo, porém com as lembranças dos acontecimentos passados enraizados em sua história.
O Museu Memorial da Paz e o Monumento das Crianças pela Paz foi visitado pelo professor que observou de perto o que até então só tinha ouvido como relato de seus entrevistados.
Cada pessoa lida com o acontecimento de uma forma diferente, porém para Guilherme era difícil ver os dias atuais sem lembrar da tragedia, pensando o quanto tudo aquilo era irreal, até ter sua última entrevista, a com a morte, percebendo que a vida sempre persiste e persistirá, que a tragedia que levou a vida de muitos não destruiu a vida, pois Hiroshima se tornou uma história de resiliência a vida.
Profeta voltou ao Brasil determinado a fazer com que as vozes das pessoas que passaram por tamanha violência sejam escutadas, que a história não seja esquecida e que não se repita.
O livro está disponível apenas para ser emprestado na biblioteca da Uniso em formato físico.
Nossa viagem no tempo e a locais diferentes pelo mundo se encerram aqui, mas as histórias não acabam com um ponto final, ainda existem muitas outras histórias presentes nestes 30 anos e muitas que ainda estão por vir, já que a vida não para e as oportunidades sempre aparecem, basta sabermos aproveitar e tirar o máximo de conhecimento que conseguirmos delas.
Intercâmbio Uniso
De acordo com informações obtidas pela Assessoria de Relações Nacionais e Internacionais (ARNI), apenas três alunos dos cursos de comunicação participaram do Programa de Mobilidade da Uniso, sendo dois de Publicidade e Propaganda e um de Jornalismo nos anos de 2013 a 2024. Em relação aos outros cursos, 73 estudantes participaram do programa ao longo deste período de 30 anos.
Para participar do programa o primeiro requisito é ter conhecimento sobre o idioma falado no país de origem, sendo comprovado através de provas de proficiência e cada instituição determina como se dará a aprovação do aluno e quais plataformas podem ser utilizadas. Alguns exemplos de plataformas utilizadas são TOEFL, IELTS, PTE ou Duolingo.
O período para se candidatar é entre o segundo e o penúltimo semestre do curso, lembrando que o tempo médio para providenciar os documentos, tramitar os documentos junto à instituição de Ensino estrangeira, solicitar visto de estudante, entre outras solicitações é de aproximadamente seis meses, podendo participar do programa no tempo mínimo de um semestre e no máximo dois semestres.
A Uniso isenta os alunos do pagamento de mensalidades na instituição de origem e de destino durante o período em que estiver participando do programa, porém o aluno terá que arcar com todos os custos referentes a alimentação, passaporte, hospedagem e demais gastos.
Alguns países que têm convênio com a Uniso são:
Estados Unidos:
Pittsburg State University
Mississippi College
México:
Universidade Autónoma de Zacatecas
Universidade Autónoma de Ciudad Juárez
Chile:
Universidade Mayor
Universidade de Los Lagos
Colombia:
Universidade Externado de Colombia
Universidade de Ibagué
Universidade Icesi
Espanha:
Universidade de Virgo
Universidade de León
Universidade de Sevilla
Portugal:
Universidade Nova de Lisboa
Instituto Politécnico de Beja
Universidade Fernando Pessoa
Alemanha:
Steinbeis University Berlin
Alice-Salomon-Fachhochschule
Itália:
Università Politecnica delle Marche
Rússia:
Voronezh State University
China:
Jiangxi Normal University
Malásia:
International University & Colleges